sábado, 28 de agosto de 2010

Expressionismo

Madonna-Munch

O Grito- Munch


O expressionismo tem raízes na pintura (surgiu por volta de 1910) e foi rapidamente adoptado pelo teatro, pela literatura e pela arquitectura.


Esta corrente enfatizava as reacções emocionais do artista opondo-se à visão tradicional segundo a qual o artista se devia esforçar para reproduzir fielmente apenas a aparência natural do objecto do seu trabalho.


O expressionismo, no cinema alemão, começa em 1919, com o célebre filme de Robert Wiene: "O Gabinete do Doutor Caligari". Caligari transporta-nos para um mundo de puro pesadelo que coincide com a instabilidade política do momento: muros cheios de “grafittis”, prédios “inclinados”, panos de fundo desbotados de onde se destacam figuras geométricas abruptas e personagens alucinadas. Tudo aqui gira sob o signo da angústia. Mas o mais interessante é o facto de que o que poderia ter sido apenas uma experiência isolada, de cariz bizarro, se viria a tornar a fonte de uma imensa corrente que influenciou toda a história do cinema. O horror, o fantástico e o crime eram os temas dominantes do expressionismo. Nosferatu, O Vampiro (1922), de Murnau, e Dr. Mabuse, O Jogador (1922) e Metrópolis (1926), ambos de Fritz Lang, constituem as obras mais significativas do expressionismo.


A escola expressionista tem como principais autores Arthur Robinson, Karl Grune, Paul Leri, Friedrich Wilhelm Murnau ("Nosferatou", "Fausto", "O último dos homens") e Fritz Lang ("A morte cansada", "Metropolis","A mulher da Lua", "Os Nibelungos", "O diabólico Dr. Mabuse", "Matou!").


Os filmes expressionistas foram produzidos apenas durante alguns anos, no entanto, os seus temas foram integrados em filmes posteriores resultando no controlo artístico do cenário, luz e sombra de forma a acentuar a atmosfera do filme. Esta escola foi levada para os Estados Unidos da América quando importantes realizadores alemães emigraram para Hollywood. O expressionismo influenciou particularmente dois géneros, o cinema de terror e o filme negro.


A pintura expressionista é entendida como meio de expressão de emoções, por oposição ao Impressionismo, que representa sensações, a cor é usada de modo sugestivo e quase arbitrário em vez de modo científico ou realista. As formas acentuam-se opondo-se à sua desmaterialização.


Os artistas tentaram transmitir a sua arte utilizando uma forma psicológica onde pudessem expressar os seus sentimentos íntimos, mais do que o mundo exterior o fazia. É uma pintura pessoal e intensamente apaixonada.


O Expressionismo é a arte do instinto, trata-se de uma pintura dramática, subjetiva, “expressando” sentimentos humanos. Utilizando cores patéticas, dá forma plástica ao amor, ao ciúme, ao medo, à solidão, à miséria humana, à prostituição. Deforma-se a figura, para ressaltar o sentimento. Predominância dos valores emocionais sobre os intelectuais.
Cores resplandescentes, vibrantes, fundidas ou separadas; dinamismo improvisado, abrupto, inesperado; pasta grossa, martelada, áspera; técnica violenta: o pincel ou espátula vai e vem, fazendo e refazendo, empastando ou provocando explosões; preferência pelo patético, trágico e sombrio.


Os artistas expressionistas pintam por uma absoluta "necessidade interior", sendo esta, uma arte de forte compromisso emocional.


Um dos grandes inspiradores dos pintores expressionistas foi Van Gogh, com as suas técnicas e cores extraordinárias.

Van Gogh-Noite estrelada

Pintores Expressionistas importantes: Heckel e Schiele, Kadinsky, Paul Klee, Munch...



Calma e Silêncio

Pastores enterraram o sol na floresta nua.

Um pescador puxou a lua

Do lago gelado em áspera rede.
~~~~

No cristal azul

Mora o pálido Homem, o rosto apoiado nas suas estrelas;

Ou curva a cabeça em sono purpúreo.

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Mas sempre comove o vôo negro dos pássaros

Ao observador, santidade de flores azuis.

O silêncio próximo pensa no esquecido, anjos apagados.

~~~~
De novo a fronte anoitece em pedra lunar;~

Um rapaz irradiante

Surge a irmã em outono e negra decomposição.

( Poesia Expressionista de Georg Trakl)

(Trad. Cláudia Cavalcante)

2 comentários:

  1. Helena Isabel Jacinto:
    Esta obra do Munch sempre me comoveu. Associo-a a pânico, solidão, insanidade. Excelente! Um beijinh, Celeste. Depois dz-me porque gostas,ok?

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  2. O que mais me apavora e, em oposição, me dá mais leveza é quamdo começo a falar do meu sentir.
    Apavora-me porque ponho a nu o meu Eu e, cosequentemente, fico exposta às opiniões dos outros...mas a leveza do após falar o que me move é mágica...
    Sempre foi pelas palavras expostas de forma solitária numa folha ou, mais recentemente, através do teclado, que eu me sinto livre...nunca volto atrás, nunca corrijo...escrevo até esgotar o que me vai cá dentro Amo as pessoas, os animais a natureza...
    Falar sobre esta obra, o que me diz...li o que estava subsquente a esta obra, qual o sentir do Artista ao criá-la...os seus laços familiares...a mim diz-me que todos nós sentimos vontade de soltar o grito que todos encerramos em qualquer momento da nossa vida...o grito de revolta, quando vemos as injustiças praticadas em qualquer lugar no mundo, contra as mulheres, contra as crianças, contra as minorias, contra as doenças que destroem pessoas e familiares...o grito que está estrangulado na garganta de tantas mulheres que estão subjugadas pelos mais variados tipos de opressão e que nunca alcançarão a liberdade plena a que todo o ser humano tem direito...o jugo a que diáriamente estão sujeitas...
    Às vezes, em conversas com a minha mãe, costumava dizer-lhe que havia dias em que queria ser um cão para poder "uivar" toda a revolta que sentia...assim ninguém entenderia nada do que eu dizia e eu sentir-me-ia melhor porque teria gritado a plenos pulmões toda a revolta...e ela ria...porque formulava a minha imagem a "uivar"... Hoje sei que é pela palavra que conseguiremos alterar o rumo do que quer que seja....quem não quiser ouvir "que arrume para o lado". Sei que temos o direito de expressar a nossa opinião e que não há "papão" que nos cale, tudo pode ser alterado, basta que o queiramos...porque a palavra tem esse poder...o poder da argumentação...
    Adorei reencontrar-te.

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