segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Sorri,,,













Sorri quando a dor te torturar
E a saudade atormentar
Os teus dias tristonhos vazios
~~~~~~
Sorri quando tudo terminar
Quando nada mais restar
Do teu sonho encantador
~~~~~~
Sorri quando o sol perder a luz
E sentires uma cruz
Nos teus ombros cansados doridos
~~~~~~
Sorri vai mentindo a tua dor
E ao notar que tu sorris
Todo mundo irá supor
Que és feliz

(Charles Chaplin)




quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Todas as crianças do mundo são nossas filhas


Hoje, numa ida ao quarto do meu filho mais velho, como faço tantas vezes ao longo do dia, comecei a folhear um dos seus livros que continuam na estante como antes de ele "bater as asas" e partir para a conquista da vida, lá para os lados da cidade grande, capital cosmopolita. O livro Manual do Guerreiro da Luz do Paulo Coelho, entre os outros de banda desenhada, de aventuras, de estudo, chamou-me a atenção e não era a primeira vez... 
Muitas vezes penso em tirar os livros, a coleção de minerais, objetos que assinalam  vários momentos, cábulas escritas em pedacinhos de papel, bilhetinhos para as suas colegas de escola,,,  meter tudo em caixas e guardar noutro sítio mas faz-me falta "senti-lo", ainda, ali e aqui, em cada objeto indicativo do seu crescimento, da sua forma de ser e de estar... De alguma forma, que só uma mãe entende talvez, ele continua ali, presente a cada momento do dia.
Comecei a folhear o livro e lá estava a dedicatória escrita pelo meu punho "Com um beijinho da mãe. Que a tua vida seja um sorriso!", e a data "1/06/2003". Fiquei surpreendida pois já não me recordava. O João tinha então dezoito anos (18)... Que lindo!!! E vieram as recordações, as lembranças... O que motivou a compra DAQUELE livro e não outro??? E sorri para mim...
 Continuei a ler até chegar a este parágrafo "Um guerreiro da luz presta atenção aos olhos de uma criança. Porque elas sabem ver o mundo sem amargura. Quando ele deseja saber se a pessoa que está ao seu lado é digna de confiança, procura vê-la como uma criança a olha."

E rápidamente um artigo que li recentemente na revista Focus Social baseado num relatório intitulado Perigo a Cada Passo do Caminho, da Unicef, sobre as crianças e jovens adolescentes refugiados que fogem das suas pátrias, da violência da guerra,  veio-me à lembrança, assim como as imagens de crianças de olhar triste, amargurado,  que nos aparecem nos meios de informação e que nos entristecem.

E o meu sorriso desapareceu... E a frase 

"Porque elas sabem ver o mundo sem amargura..." (?)  

a bater forte ...

O que está o mundo a fazer às crianças???  
Quando voltarão as crianças, vítimas de tanta variedade de violência, de tanta crueldade, a terem de novo confiança no presente ou no futuro? Quando voltarão a sorrir??? Quando deixarão de sentir amargura???

Todas as crianças do mundo são nossas filhas...


UNICEF alerta para os perigos com que se deparam os adolescentes refugiados e migrantes não acompanhados que fogem para a Europa
Mais de nove em cada 10 crianças refugiadas e migrantes que têm chegado este ano à Europa através de Itália não estão acompanhadas, o que leva a UNICEF a alertar para os perigos de abuso, exploração e morte que enfrentam.
Num relatório intitulado Perigo a Cada Passo do Caminho (Danger Every Step of the Way) lançado hoje, a UNICEF afirma que 7.009 crianças não acompanhadas fizeram a travessia do Norte de África para Itália nos primeiros cinco meses do ano, o dobro do ano passado.
O relatório documenta os riscos tremendos que os adolescentes correm para escapar a conflitos, ao desespero e à pobreza.
Entre 1 de Janeiro e 5 de Junho de 2016 foram registadas 2.809 mortes no Mediterrâneo. No ano passado, registaram-se ao todo 3.770 mortes. A grande maioria ocorreram na rota do Mediterrâneo Central – e muitas eram crianças.
As crianças não acompanhadas geralmente dependem dos traficantes de seres humanos, muitas vezes num sistema de “pagamento adiantado por etapas”, o que as torna muito vulneráveis à exploração.
“Se tentas fugir, eles atiram sobre ti e morres. Se paras de trabalhar, batem-te. Era como no tempo do comércio dos escravos,” diz Aimamo, 16 anos, sobre a quinta na Líbia onde ele e o irmão gémeo trabalharam durante dois meses para pagar aos traficantes. “Uma vez parei cinco minutos para descansar, e um homem bateu-me com um pau. Depois do trabalho, fecham-nos entre portas e não nos deixam sair.”
Alguns destes adolescentes são abusados e sexualmente explorados. Os assistentes sociais italianos disseram à UNICEF que raparigas e rapazes foram vítimas de abusos sexuais e obrigados a prostituir-se enquanto estavam na Líbia, e que algumas das raparigas chegaram a Itália grávidas porque tinham sido violadas.
Porém, devido à natureza ilícita do tráfico de seres humanos, não há dados fiáveis sobre o número de refugiados e migrantes que morrem, ou desaparecem porque são levados para trabalhos forçados ou para a prostituição, ou ficam em detenção.
“É uma situação desesperada mas silenciosa – longe da vista e fora de controlo. Porém, dezenas de milhares de crianças enfrentam diariamente esses perigos e outras centenas de milhares estão preparadas para arriscar tudo,” afirmou Marie Pierre Poirier, Coordenadora Especial da UNICEF para a crise de Refugiados e Migrantes na Europa. “Estas crianças precisam urgentemente de protecção contra todo o tipo de abusos às mãos daqueles que se aproveitam da situação para explorar os seus sonhos.”
Com a chegada próxima do verão no Mediterrâneo, os últimos números relativos às crianças na rota do Mediterrâneo Central podem muito bem ser apenas a ponta do iceberg, diz a UNICEF. Cerca de 235.000 migrantes estão actualmente na Líbia, e dezenas de milhares são crianças não acompanhadas.
“Todos os países – países de onde as crianças partem, os que atravessam e aqueles em que procuram asilo – têm a obrigação de criar sistemas de protecção centrados nos riscos que as crianças não acompanhadas enfrentam. Na União Europeia e noutros países de destino, esta é uma oportunidade para introduzir reformas políticas e legislativas que se traduzam por mais oportunidades para a criação de canais seguros, legais e regulares para estas crianças”, acrescentou Marie Pierre Poirier.


Ao livro voltarei mais tarde porque terei de o ler... Grande autor e as primeiras palavras já me cativaram!