segunda-feira, 27 de junho de 2016

Feira Medieval na Vila de São Vicente da Beira - Castelo Branco



As feiras medievais são eventos que têm lugar em locais onde se expõem e vendem mercadorias e se faz uma espécie de encenação de uma feira da época medieval com a recriação de eventos históricos


Feira Medieval na Vila de São Vicente da Beira

Ontem fui visitar uma Feira Medieval pela primeira vez e na minha terra natal. Confesso que estava com alguma curiosidade pois, embora já tivesse pensado sobre qual o conteúdo e as linhas orientadoras, para mim era uma novidade embrenhar-me numa época e num ambiente já passados. Confesso, também, que nunca me senti tentada a fazer uma ida a  estas Feiras que, nos nossos dias, passaram a ser quase uma moda em muitas localidades. Talvez porque o que já foi e já não é desta época medieval em que o povo vivia oprimido, subjugado aos grandes senhores destas localidades, vivendo com enormes dificuldades, com poucos apoios, com uma enorme prole de filhos e com imensos problemas de saúde (devido às condições de higiene, alimentação pouco variada), não me deixa saudosismo. No entanto, devo confessar que sempre me cativaram as vestes e as formas de distração que as gentes destas épocas, encontravam para fugir à rotina após dias  de trabalho de sol a sol, sem luxos. 

Foi uma época negra, de obscurantismo, esta, a da Idade Média.

Seria uma distração mais pura a desta época. Mais habilidosa (pois, a necessidade aguça o engenho, já diz o velo ditado), de entrega genuína e mais coletiva do que a que atualmente ocupa a mente das pessoas centradas mais em si mesmas e voltadas para as novas tecnologias.
As atividades saudáveis ao ar livre são ainda procuradas por poucos mas noto um número crescente de pessoas que passeiam e praticam atividades físicas saudáveis, em família ou em grupo.

Refletindo hoje, um dia após o acontecimento, penso que se sente um certo antagonismo no clima proporcionado pelos intervenientes. Por um lado a encenação de uma feira da época medieval com a recriação de eventos históricos (personagens caracterizados com os fatos da época, representando pessoas vulgares e outras com papéis importantes na sociedade e, ainda, representantes das atividades mercantis que circulavam nessas feiras de outrora, com um cheirinho a um mundo de encantar) e, por outro lado, o verdadeiro mercado envolvente que de artesanal pouco tem, o que é uma pena. Mas o clima foi de confraternização o que, só por si, é de recomendar nos dias que vivemos em que meio mundo se aprisiona em frente a ecrãs.

Talvez se devam aprofundar os conteúdos e envolver todas as Associações da Freguesia, que são tantas e com tanto para dar e dinamizar, mas é apenas a minha opinião.
















São Vicente da Beira, Vila beirã situada nas faldas da Serra da Gardunha, minha terra natal, o sítio que chama por mim a cada momento,,, Cada passada pela calçada, cada olhar para cada árvore, para cada casa maltratada, ou não, pelo passar dos anos falam-me de mim, de todos os que fizeram parte de mim... Trazem as histórias dos tempos, trazem os rostos que já partiram mas continuam presentes, trazem as vivências de cada um desses rostos, de cada uma dessa famílias, ficando a saudade mas sentindo a presença para sempre.




















As feiras em Portugal

O crescimento económico e demográfico dos séculos XII e XIII, no território que viria a constituir Portugal, permitiu a criação de excedentes, que eram objecto de escoamento nos mercados e feiras.
Com o crescimento populacional dos centros urbanos, o consumo aumentou, acentuando-se a dependência da vila face ao extenso termo.
As feiras foram uma das mais importantes instituições do período medieval em Portugal. Como no restante da Europa, as feiras portuguesas constituíram-se num espaço de encontro de produtores, consumidores e distribuidores, realizando-se em datas e locais fixados, ao mesmo tempo em que procuravam superar as dificuldades de comunicação. A sua importância económica é inquestionável, testemunhando-o a protecção dispensada às mesmas pelos sucessivos monarcas, que concediam privilégios, na vinda e na ida, aos mercadores que a elas concorressem.
Importa distinguir a feira - que tinha lugar anualmente, destinando-se ao comércio grossista e de grande distância -, do mercado, com uma ocorrência semanal ou mensal, voltado para o mercado retalhista. Além disso, quase todas as feiras se realizavam em épocas relacionadas com festas da igreja Católica e, no local onde se realizavam, existia uma paz especial, a chamada "paz da feira", que proibia todos os actos de hostilidade, sob severas penas em caso de transgressão.
No território português, a feira mais antiga que se conhece é a de Ponte de Lima, instituída em 1125, seguida, ainda no século XII, pelas feiras de Melgaço e de Constantim de Panóias (concelho de Vila Real). Posteriormente, nos inícios do século XIII, foram instituídas as feiras de Vila Nova de Famalicão e Castelo Mendo (concelho de Almeida). A feira desta última encontra-se estipulada em sua Carta de Foral, passada por Sancho II de Portugal (1223-1248) em Vila do Touro, a 15 de Março de 1229, com indicação de que será realizada por oito dias, três vezes por ano: na Páscoa, no São João e no São Miguel. Todos os que a ela concorressem, tanto nacionais como estrangeiros, teriam segurança contra qualquer responsabilidade civil ou criminal que pesasse sobre eles.
A partir do reinado de Afonso III de Portugal (1248-1279) multiplicou-se o número das feiras no reino e ampliaram-se as garantias e os privilégios jurídicos concedidos aos feirantes. As feiras deixariam de se confinar ao espaço a norte do rio Douro, ou próximo da fronteira do reino de Leão. Os principais centros urbanos do centro e sul ganhariam igualmente as suas feiras, sobretudo nos locais mais interiores, uma vez que o litoral se manteria alheado destes encontros por algum tempo. O fomento do comércio interno por meio da instituição de feiras, teve como consequência o aumento populacional de determinadas zonas até então pouco povoadas, para além de aumentar os rendimentos da Coroa. Entre os privilégios que mais favoreceram o desenvolvimento das feiras portuguesas destaca-se aquele que isentava os feirantes do pagamento de direitos fiscais, nomeadamente portagens e que caracterizava as chamadas "feiras francas".
Durante o reinado de D. Dinis (1279-1325) activou-se o impulso dado anteriormente. As regiões de Entre Douro e Minho, a Beira e até o Alentejo cobriram-se de feiras, nomeadamente "feiras francas". Uma vez que as condições de circulação, os perigos dos caminhos, assim como as prisões por dívidas poderiam comprometer o sucesso das feira, tornou-se quase obrigatória nas cartas de feira a introdução da fórmula que todos aqueles que veerem a essa feyra per razom de vender ou de comprar sejam seguros d'ida e de vynda que nom sejam penhorados en meu reyno por nenhuua divyda que devam en aqueles dias en que durar essa feyra nem en dous dias que veerem primeyros des que sayr essa feyra senom por aquelas dividas que forem feytas em essa feyra.
A partir do reinado de D. Fernando (1357-1367), a situação começou a alterar-se, na medida em que as sucessivas guerras com o Reino de Castela prejudicaram grandemente o comércio ambulante. De seguida, a revolução de 1383-1385, teve como consequência um reforço da protecção real aos comerciantes das cidades e vilas em detrimento dos mercadores ambulantes.
Apesar de, em 1528, ter sido instituída uma "feira franca" em Vila Viçosa e, em 1576, na cidade do Porto, parece poder considerar-se o fim do século XV como o período de enfraquecimento da importância das feiras em Portugal. As cidades e as vilas, desenvolvendo-se e prosperando, serviam mais adequadamente os interesses e as necessidades económicas da comunidade do que as feiras. É natural que esse declínio se acentuasse no século XVI, quando Portugal brilhou como potência marítima e ultramarina, quando o grande comércio se concentrou definitivamente nas cidades portuárias do litoral. A partir do reinado de D. Manuel (1495-1521) as feiras entraram numa fase de decadência.
No século XVIII ainda se instituíram feiras. Em 1720, criou-se, no Porto, uma feira franca de fazendas e animais. Em 1776, durante o governo do Marquês de Pombal, realizou-se, em Oeiras, durante três dias, uma feira a que podemos chamar a primeira feira industrial portuguesa, com representação de todos os produtos da indústria nacional da época.
Apesar de todas as vicissitudes, algumas feiras tradicionais sobreviveram até os nossos dias, como é o caso da feira de Espinho, às segundas-feiras; da feira dos Carvalhos, às quartas; ou da feira da Senhora da Hora aos sábados.





São Vicente da Beira é uma freguesia portuguesa do concelho de Castelo Branco, com 100 km² de área e 1 259 habitantes (2011). A sua densidade populacional é de 12,6 hab/km².
Foi vila e sede de concelho entre 1195 e 1895[2] .
Tem como individualidades naturais mais conhecidas, José Hipólito Vaz Raposo (1885 - 1953) advogado, escritor, historiador e político monárquico, que se notabilizou como um dos mais destacados dirigentes do Integralismo Lusitano, Felisberto Robles Monteiro (1888-1958), actor e director da Companhia Rey Colaço-Robles Monteiro, conjuntamente com a esposa, a actriz Amélia Rey Colaço, e o Conde de São Vicente João Nunes da Cunha (Vice-Rei da Índia Portuguesa)1666 -1668.

De fundação remota, perde-se nos tempos o que foi o início de uma pequena povoação no local em que se encontra hoje a Vila de São Vicente da Beira.
Segundo registos históricos, foi a mesma fundada (oficialmente) em 1173, tendo-lhe sido dado foral em 1195 pelo Príncipe D. Afonso, (futuro D. Afonso II) dizem uns, e por D. Sancho I (dizem outros) com a finalidade de ser restaurada e repovoada.

Segundo lenda que passou de geração em geração, D. Afonso Henriques, primeiro Rei de Portugal, concedeu ao povo alguns privilégios para a edificação da vila (de nome desconhecido), e logo que a tarefa da reconstrução ficou concluída, foram oferecer a povoação ao Rei, que lhe deu o nome de SÃO VICENTE, por naquele dia se estar a fazer a trasladação dos restos mortais do Mártir São Vicente em 1173. O Rei, em gesto de gratidão, doou uma relíquia do Santo (parte do queixo), que ainda hoje se encontra na igreja matriz. Do livro "BEIRA BAIXA", de M. Lopes Marcelo, editado pela Editorial Presença, podemos retirar apontamento da lenda da fundação, descrito pelo vigário de São Vicente em 4 de Abril de 1758:

«Entre muntos, e amplos privilégios lhe assinou (D. Afonso Henriques) o sítio ahonde está edificada a villa para no mesmo a fundarem, o que fizeram, e depois de edificada, e já povoada a foram offerecer ao mesmo Senhor em o dia em que se tresladava o corpo do Martiry Sam Vicente da Igreja de Santa Justa para a Sée de Lisboa, por motivo do qual o dito Senhor Rey, aceitando a villa lhe seu por nome = Sam Vicente = querendo que o Santo Martiry fose da mesma villa Padroeiro, dando aos mesmos moradores della parte do queixo que hoje se venera na dita villa; e lhe confirmou na mesma ocasiam grandes privilégios e izempçoens, com a condiçam de que todos os annos irem ao dito Castello Velho, camera, e povo, afim de se conservar sempre em ser para memoria do sucedido; o que se observou por muntos annos, e o descuido dos moradores foy cauza para se perderem os ditos privilégios, deixando de satisfazer a condiçam com que foram dados. Está o dito Castello no meyoda Serra, virado para o Nascente.»

O concelho era inicialmente constituído pelas freguesias de Freixial do Campo, Louriçal do Campo, Ninho do Açor, São Vicente da Beira, Sobral do Campo e Tinalhas. Tinha, em 1801, 3 326 habitantes.
Em 1836 foram-lhe anexadas as freguesias de Almaceda e Póvoa de Rio de Moinhos. Tinha, em 1849, 6 466 habitantes.
Ao longo da segunda metade do século XIX, perdeu as freguesias de Freixial do Campo e de Póvoa de Rio de Moinhos, em 1871, e de Sobral do Campo e Tinalhas, em 1877. Tinha, em 1890, 5 906 habitantes.
Actualmente a freguesia é composta por 10 localidades, todas de características predominantemente rurais.
  • Casal da Fraga
  • Casal da Serra
  • Mourelo
  • Paradanta
  • Partida
  • Pereiros
  • São Vicente da Beira
  • Tripeiro
  • Vale de Figueiras
  • Violeiro

Património

  • Pelourinho de São Vicente da Beira
  • Capelas de Santo António, de S. Sebastião, de Santa Bárbara, de S. Tiago e da Senhora dos Aflitos
  • Casa do Ermitão
  • Casas brasonadas
  • Museu de Arte Sacra
  • Hospital da Misericórdia
  • Calvário
  • Chafariz
  • Trecho de calçada romana
  • Sepulturas dos mouros
  • Moinho de água
  • Ruínas da antiga povoação e do castelo

Colectividades

  • Corpo Nacional de Escutas - Grupo 170
  • GEGA - Grupo de Estudos e Defesa do Património Cultural e Natural da Gardunha
  • Grupo de Bombos "Os Vicentinos"
  • Rancho Folclórico Vicentino
  • Sport Clube São Vicente da Beira
  • Sociedade Filarmónica Vicentina

Heráldica

Os símbolos heráldicos de são Vicente da Beira:
O Brasão é composto “por escudo de prata, castelo negro lavrado a ouro, aberto e iluminado no campo, tendo na porta, em grande arco abatido, cavaleiro envergando armadura completa com elmo e sua montada, tudo de negro, realçado de prata; acantonados em chefe, estrela de seis pontas de azul e minguante de vermelho; em ponta, barco de negro realçado de ouro, com dois corvos de negro, o da dextra volvido, um à proa e outro na popa. Coroa mural de prata de quatro torres, listel branco e a legenda a negro de S. Vicente da Beira”.
A bandeira apresenta-se esquartelada, negro e branco, com cordão e borlas de prata e negro e haste e lança de ouro. Uma simbologia que se prende com a história da própria povoação. As quatro torres surgem pelo facto da vila ter sido concelho até ao ano de 1895 e ter vários forais, um de D. Sancho I e outro, reformulando o anterior, de D. Manuel I. Também o castelo se relaciona com a existência de um antigo castro que terá existido no alto da Serra da Gardunha e acerca do qual ainda se colocam várias questões aos investigadores e historiadores. A estrela e o crescente enquadram-se nos símbolos dado que se terá travado, nas proximidades desta localidade, uma batalha entre os Cristãos que habitavam o antigo castelo e os mouros. Os Cristãos saíram vencedores e ofereceram as terras conquistadas a D. Afonso Henriques. Também da atribuição do topónimo de São Vicente, feita por este monarca à povoação em 1173 assim como as relíquias do Mártir, resulta a presença do barco e dos corvos. O cavalo e seu cavaleiro surgem pelo facto de o primeiro conde de São Vicente da Beira, que morreu no exercício das suas funções, ter participado no combate aos povos árabes, tendo sido esta região um município acastelado provido de forte organização em cavalaria-vilã.





Musealização de São Vicente da Beira - a preservação da MEMÓRIA QUE NOS DEFINE