domingo, 12 de dezembro de 2010

"Os teus erros como filho, são o meu fracasso como pai."





O filme "O Gladiador", foi o primeiro filme que vi ainda no cinema do Centro Comercial São Tiago, após a minha vinda para Castelo Branco, há já onze anos.
Esta frase "Os teus erros como filho, são o meu fracasso como pai", tem estado sempre presente na minha memória e relembro-a imensas vezes em várias situações da vida.

Ao correspondermos de forma positiva a todos os pedidos dos nossos filhos, não lhes estamos a incutir o sentido do esforço que é necessário fazer-se, ao longo da vida, para se atingirem Objectivos e, simultaneamente, estamos a retirar-lhes o prazer de Sonhar, de Lutar, de Competir, pelas coisas.

Para além disso, dedicar-lhes diariamente, nos primeiros anos de vida, momentos ricos em qualidade e transmitir-lhes bons valores é fundamental para o desenvolvimento harmonioso da personalidade.








quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

O Natal na minha meninice






Quando era criança, a época natalícia não era caracterizada por esta euforia actual. O tempo passava devagar e as noites, longas e frias, eram passadas à volta da lareira. A história do nascimento de Jesus, que os mais velhos contavam e nós ouvíamos, perdidos em imagens, preenchiam o nosso imaginário: o nascimento peculiar de Jesus, a doçura de Maria e a figura protectora de José. Tudo era mágico envolvido num mistério simples como simples era o nosso ser de CRIANÇAS.
Passei os meus melhores anos de meninice numa quinta enorme, aos meus olhos de criança, com imensas árvores e na companhia das minhas irmãs e dos meus pais. Os animais faziam parte do nosso quotidiano, talvez venha daí o meu amor pela natureza e pela simplicidade que encerra. As crias, que constantemente vinham ao mundo, eram o centro da nossa atenção e do nosso carinho.
Mas, continuando com as minhas recordações, o Natal era mágico mas simples. Simples a Ceia de Natal, com a família reunida à volta da mesa coroada de risos de criança. Simples a ida à Missa do Galo. E simples, e sem interrogações, era o beijar do Pezinho do Menino Jesus, o momento crucial e mais emocionante de toda a Cerimónia.
Antes de regressarmos a Casa, admirávamos a Fogueira do Natal e aquecíamos o corpo porque a alma estava em êxtase. Não compreendíamos, na sua profundidade, tudo o que se passava dada a nossa curta idade, sabíamos apenas que eram momentos de Respeito e de Paz.
Em casa não havia Árvore de Natal. Não fazia ainda parte dos costumes da minha família. Só anos mais tarde foi adquirido esse hábito com a vinda da televisão e de todos os modernismos que se lhe seguiram. Também não havia Pai Natal. Quem, durante a noite, nos trazia os presentes era o Menino Jesus. Como era lindo o Menino Jesus que habitava no nosso imaginário! Loiro, de olhos azuis e de pele rosada, vestido de vaporosas vestes mas sem frio algum! Antes de nos deitarmos íamos "pôr o Sapatinho". Momento lindo! Cada uma de nós colocava um sapatinho à volta da lareira porque o Menino Jesus iria descer pela chaminé e colocar as prendas, tão esperadas, dentro dos sapatinhos. Escusado será dizer que nessa noite mal dormíamos devido à expectativa. Os nossos risos animavam a noite até que o cansaço nos vencia e adormecíamos com a mesma doçura do Menino Jesus estampada no rosto. Mal amanhecia, o corredor era animado pelo som dos nossos pézinhos descalços sobre o soalho limpo de madeira, em correria, até à bendita lareira... Surpresa das surpresas...nas cinzas apagadas as marcas da visita do nosso AMIGO JESUS!!! Abençoada Mãe Tomázia entre todas as Mães! Abençoado amor incondicional de Mãe! Abençoadas todas as Mães do Mundo! Pela madrugada, tinha desenhado na cinza fria da lareira os pezinhos de Jesus, alimentando o nosso imaginário e o nosso amor! Pegadas marcadas na nossa memória até hoje... Querida Mãe! Dos presentes não guardo recordação mas aqueles Pézinhos marcados na cinza continuam vivos até hoje.

Um Natal Feliz para todos nós!



quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Exposição Colectiva na Sala da Nora





Hoje, fui visitar a nova exposição que se encontra na sala da Nora, no Cine -Teatro da nossa cidade.

A Artzine apresenta esta exposição intitulada "Pintura" com obras recentes de vários autores: Carlos Farinha, Eduardo Nunes, Ilídio Salteiro, Gilberto Gaspar, Luís Herberto, Mário Vitória, David Rosado e Pedro Pascoinho.

Pintura essencialmente a óleo sobre tela mas também, numa composição interessante, óleo sobre tecido.

Obras maravilhosas que podemos visitar até ao dia 23 de Dezembro.


sábado, 4 de dezembro de 2010

Vitor Marques , "O Amor é uma Árvore de Folha Caduca"

"O Amor é uma Árvore de Folha Caduca"





“Eu não conseguiria personificar melhor o amor que através desta árvore, que se despe a cada Outono, para se revestir de vaidade a cada Primavera que chega. O meu amor também era assim. A cada despedida tua o meu coração ficava despido. A cada teu regresso ele se envaidecia e preenchia de tonalidades fortes de deslumbramento. Mesmo sabendo que esse ciclo repetido e incontornável continuará a debater-se sobre mim, omnipresente sombra do meu destino.” (O Amor é uma Árvore de Folha Caduca)




Ler o livro do Vitor, " O Amor é uma Árvore de Folha Caduca", foi um prazer. Contos feitos de palavras leves descrevem sentimentos e situações marcantes da vida que poderiam acontecer na vida de qualquer um.


As palavras ficam, para sempre, retidas nas folhas de papel de um Livro, daí eu os guardar com devoção para os poder ler e reler sempre que tenha necessidade.
A cada vez que os leio, as sensações e as imagens são diferentes. A imaginação constrói e reconstrói de acordo com o nosso desenvolvimento e com o nosso estado emocional.
Adoro ler... com liberdade para criar o meu próprio "filme" .
Obrigada, Vitor, pelas sensações que as tuas palavras despertaram e pelas imagens que originaram.



"Não consigo continuar com este sentimento de alternância anunciada. Estou desacreditado em ti e em mim. Em nós, e naquilo que representamos e preenchemos na nossa vida. Sabes bem que não vivo sem ti. Daí saberes que me roubas mais um pouco de luz cada vez que partes sem avisar. O mal que me fazes pela tua ausência ameaça ser maior que o bem que me ofereces quando estás. Chamo-lhe uma ponte insustentável, que quebra mais um pouco a cada passagem. Algum dia ruirá e desmoronar-se-á sobre o rio com tal gravidade que os despojos dessa mesma ponte aí permanecerão cravados na corrente turva e palpitante. Esse dia poderá ser hoje. "(O Amor é uma Árvore de Folha Caduca)





AMAR

Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: aqui... além...
Mais este e aquele, o outro e a toda gente...
Amar! Amar! E não amar ninguém!

Recordar? Esquecer? Indiferente!...
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disse que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!

Há uma primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar.

E se um dia hei de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que eu saiba me perder... pra me encontrar...
(Florbela Espanca)

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Teatro de Fantoches












Trabalhar com as mãos ou entreter as mãos e a mente é muito recompensador. Os minutos e as horas voam...é só dar asas á imaginação.
Num grupo, pode constituir uma forma harmoniosa e criativa de passar o tempo. Os laços estreitam-se, trocam-se ideias e saberes e a sensação de liberdade criativa paira no ar. Será um pouco da meninice,que todos mantemos, que brilha no olhar.
Actualmente, ocupamos os tempos livre de uma forma não muito saudável e pouco desafiadora ao desenvolvimento das nossas capacidades.
Habituar as crianças a ocupar o tempo com formas de construção, como esta, constituirá um desafio para elas e para o seu desenvolvimento motor, cognitivo, psicológico e social.


domingo, 21 de novembro de 2010

O dia 17...






O dia 17 de cada mês provoca em mim um estado de felicidade que me pôe um sorriso " de orelha a orelha". Daqueles sorrisos que iluminam totalmente o rosto. Nasci no dia 17 de Junho. A Primavera estava prestes a terminar e o Verão ansioso por despontar. A minha mãe nasceu, também, a 17 de Junho. No dia em que a minha mãe completou o seu 30º aniversário nasci eu. Fui a quinta filha dos sete filhos. Às vezes, a brincar, perguntava à minha mãe se tinha sido uma boa prenda de aniversário e ela sorria. Nunca me respondeu com palavras apenas com o sorriso. O que é certo é que temos uma cumplicidade natural que se mantém até hoje. Já ouvi pessoas comentarem que se esqueceram do dia do seu aniversário . Nunca me esqueci. Seria impossível que isso acontecesse pois é o dia do aniversário da minha MÃE. A minha MÃE nasceu em 1932. Pessoa lutadora, carinhosa, amiga, conhecida pelo seu grande coração. A minha querida MÃE! A NOSSA QUERIDA MÃE! A Senhora Tomázia! Quando éramos crianças fazia-nos os vestidos totalmente costurados à mão. Lindos! Com franzidos e folhinhos de tecidos floridos! Só mais tarde comprou uma máquina de costura Singer.

Voltando ao dia 17, todos os meses neste dia penso nos meses que já passaram desde o nosso último aniversário ou quantos meses faltam para o próximo. É inevitável.

Actualmente, este dia, 17 de Junho, tem mais um motivo para ser recordado com felicidade. Felicidade que redobra o sorriso que já não é apenas de "orelha a orelha" é um sorriso que se enrola como se fosse um abraço por todo o corpo. Lindo dia, o dia 17.


...trezentos e sessenta e cinco dias "feitos" de AMOR...

sábado, 20 de novembro de 2010

Daniel Nobre Mendes



Parabéns ao meu amigo, Daniel Nobre Mendes, pelo lançamento do seu Livro
"Fala da Tua Rosa à Música do Vento".



Para um amigo especial poemas de António Gedeão
Viagem
Aparelhei o barco da ilusão

E reforcei a fé de marinheiro.

Era longe o meu sonho, e traiçoeiro

O mar...

(Só nos é concedida

Esta vida

Que temos;

E é nela que é preciso

Procurar

O velho paraíso

Que perdemos).

Prestes, larguei a vela

E disse adeus ao cais, à paz tolhida.

Desmedida,

A revôlta imensidão

Transforma dia a dia a embarcação

Numa errante e alada sepultura...

Mas corto as ondas sem desanimar.

Em qualquer aventura,

O que importa é partir, não é chegar.



Dez Réis de esperança

Se não fosse esta certeza

que nem sei de onde vem,

não comia, nem bebia,

nem falava com ninguém.

Acocorava-me a um canto,

no mais escuro que houvesse,

punha os joelhos à boca

e viesse o que viesse.


Não fossem os olhos grandes

do ingénuo adolescente,

a chuva das pernas brancas

a cair impertinente,

aquele incógnito rosto,

pintado em tons de aguarela,

que sonha no frio encosto

da vidraça da janela,

não fosse a imensa piedade

dos homens que não cresceram,

que ouviram, viram, ouviram,

viram, e não perceberam,

essas máscaras selectas,

antologia do espanto,

flores sem caule flutuando

no pranto do desencanto,

se não fosse a fome e a sede

dessa humanidade exangue,

roía as unhas e os dedos

até os fazer em sangue.



quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Mãe Natureza...


Em 1854, Franklin Pierce, Presidente dos Estados Unidos da América, enviou una oferta de compra ao Cacique de Seattle, pertencente à Tribo Suwamish. A intenção era comprar os territórios do noroeste dos Estados Unidos. Em troca oferecia criar uma reserva para o povo indígena. Este ilustre Cacique Sioux respondeu com uma carta plena de beleza e sabedoria:


Chefe dos Caras Pálidas:

Como se pode comprar ou vender o céu ou o calor da terra? Essa é, para nós uma una idéia estranha. Se ninguém pode possuir o frescor do vento nem o fulgor da água, como e possível que você se proponha a comprá-los? Cada pedaço desta terra é sagrado para meu povo. Cada ramo brilhante de um pinheiro, cada punhado de areia das praias, a penumbra da densa selva, cada raio de luz e o zumbido dos insectos são sagrados na memória da vida de meu povo. A seiva que percorre o corpo das árvores leva consigo a história dos pele-vermelhas. Os mortos do homem branco olvidam a sua terra de origem quando vão caminhar entre as estrelas. (...) Somos parte da terra e ela é parte de nós. As flores perfumadas são nossas irmãs; o cervo, o cavalo, a grande águia, são nossos irmãos. Os picos rochosos, a campina húmida, o calor do corpo do potro e o homem, todos pertecem à mesma família.(...) Os rios são nossos irmãos, saciam a nossa sede. Os rios carregam as nossas canoas e alimentam os nossos filhos. Se lhes vendemos as nossas terras, vocês devem-se lembrar e ensinar aos vossos filhos que os rios são vossos irmãos também. Portanto, vós devereis dar aos rios a bondade que dedicariam a qualquer irmão. Sabemos que o homem branco não compreende os nossos costumes (...) Não há um lugar quieto nas cidades do homem branco. Nenhum lugar onde se possa ouvir o florescer das folhas na primavera, ou o bater das asas de um insecto (...)Que resta da vida se um homem não pode ouvir o choro solitário de uma ave ou o coaxar nocturno das rãs ao redor de um lago?. (...) o ar é de muito valor para o homem pele-vermelha, pois todo compartilham o mesmo ar - o animal, a árvore, o homem -, todos compartilham o mesmo solo. Parece que o homem branco não sente o ar que respira. Como uma pessoa agonizante, é insensível ao mal-cheiro. Porém, se vendemos nossa terra ao homem branco, ele deve recordar que o ar é valioso para nós, que o ar comparte o seu espírito com a vida a que dá sustento. O vento que deu aos nossos avós o seu primeiro respiro, também recebeu os seus últimos suspiros. Se lhes vendemos a nossa terra, vocês devem mantê-la intacta e sagrada, como um lugar onde até mesmo o homem branco possa saborear o vento açucarado pelas flores do prado. Portanto, vamos meditar sobre vossa oferta de comprar a nossa terra. Se decidirmos aceitar, imporei uma condição: o homem branco deve tratar os animis desta terra como aos seus irmãos. Sou um homem selvagem e não compreendo nenhuma outra forma de actuar. Vi um milhar de búfalos apodrecendo na planície, abandonados pelo homem branco, que os abateu desde um trem que passava (...) Não compreendo como um cavalo fumegante de ferro pode ser mais importante que o búfalo que nós sacrificamos somente para sobreviver. Que é o homem sem os animais? Se todos os animais se fossem, o homem morreria de uma grande solidão de espírito, pois o que ocorra aos animais, em breve ocorrerá aos homens. Há unidade em tudo. Para que respeitem a terra, digam a seus filhos que ela foi enriquecida com as vidas do nosso povo. (...) Isto é o que sabemos: A terra não pertence ao homem; é o homem que pertence à terra. Isto é o que sabemos: todas as coisas estão relacionadas como o sangue que une uma família. Há uma unidade em tudo. O que ocorra com a terra recairá sobre os filhos da terra. O homem não teceu o tecido da vida: ele é simplesmente um dos seus filhos. Tudo o que fizer ao tecido, o fará a si mesmo. Inclusive o homem branco, cujo Deus caminha e fala como ele, de amigo a amigo, não pode estar isento do destino comum. É possível que sejamos irmãos, apesar de tudo. De uma coisa estamos seguros que o homem branco chegará a descobrir algum dia: nosso Deus é o mesmo Deus(...) Ele é o Deus do homem, a sua compaixão é igual, tanto para o pele-vermelha como para o homem branco (...) Quando nos despojam desta terra, vocês brilham intensamente iluminados pela força do Deus que os trouxe a estas terras e por alguma razão especial lhes deu o domínio sobre a terra e sobre o homem pele-vermelha. Este destino é um mistério para nós, pois não compreendemos que os búfalos sejam exterminados, os cavalos bravios sejam todos domados, os rincões secretos do bosque denso sejam impregnados do cheiro de muitos homens e a visão das montanhas obstruída por fios de falar...Bem... o resto da história deveríamos todos saber: como os búfalos, as florestas e as planícies, também os homens e as mulheres de pele vermelha foram exterminados, no conhecido mas pouco divulgado genocídio americano.






A sabedoria dos Índios Sioux Conta uma velha lenda dos índios Sioux que, uma vez, Touro Bravo, o mais valente e honrado de todos os jovens guerreiros, e Nuvem Azul, a filha do cacique, uma das mais formosas mulheres da tribo, chegaram de mãos dadas, até a tenda do velho feiticeiro da tribo.. - Nós nos amamos... E vamos nos casar, disse o jovem. E nos amamos tanto que queremos um feitiço, um conselho, ou um talismã.... Alguma coisa que nos garanta que poderemos ficar sempre juntos... Que nos assegure que estaremos um ao lado do outro até encontrarmos a morte. Há algo que possamos fazer ? E o velho emocionado ao vê-los tão jovens, tão apaixonados e tão ansiosos por uma palavra, disse : - Tem uma coisa a ser feita, mas é uma tarefa muito difícil e sacrificada... Tu, Nuvem Azul, deves escalar o monte ao norte dessa aldeia, e apenas com uma rede e tuas mãos, deves caçar o falcão mais vigoroso do monte e trazê-lo aqui com vida, até o terceiro dia depois da lua cheia. - E tu, Touro Bravo, continuou o feiticeiro, deves escalar a montanha do trono, e lá em cima, encontrarás a mais brava de todas as águias, e somente com as tuas mãos e uma rede, deverás apanhá-la trazendo-a para mim, viva ! Os jovens abraçaram-se com ternura, e logo partiram para cumprir a missão recomendada... No dia estabelecido, à frente da tenda do feiticeiro, os dois esperavam com as aves dentro de um saco. O velho pediu que com cuidado as tirassem dos sacos e viu que eram verdadeiramente formosos exemplares... - E agora o que faremos? Perguntou o jovem! As matamos e depois bebemos a honra de seu sangue ? - Ou cozinhamos e depois comemos o valor da sua carne? Propôs a jovem. - Não ! Disse o feiticeiro... -Apanhem as aves e amarrem-nas entre si pelas patas com essas fitas de couro... Quando tiverem amarradas, soltem-nas, para que voem livres. O guerreiro e a jovem fizeram o que lhes foi ordenado, e soltaram os pássaros... A águia e o falcão, tentaram voar mas apenas conseguiram saltar pelo terreno. Minutos depois, irritadas pela incapacidade do voo, as aves arremessavam-se entre si, bicando-se até se machucar. E o velho disse: - Jamais esqueçam o que estão vendo! Este é o meu conselho. Vocês são como a águia e o falcão. Se estiverem amarrados um ao outro, ainda que por amor, não só viverão arrastando-se, como também, cedo ou tarde, começarão a machucar-se um ao outro... Se quiserem que o amor entre vocês perdure... "Voem Juntos...mas jamais amarrados" 

O Círculo da Vida 
  
Eu matei o cervo 
Eu esmaguei o gafanhoto 
E das plantas ele se alimentou 
Eu via o coração das árvores envelhecendo e continuamente 
Eu tenho capturado peixes da água 
E pássaros do céu 
Na minha vida eu precisaria morrer 
Assim a minha vida pode ser 
Quando eu morrer eu devo dar vida 
A quem me tinha nutrido 
A Terra recebe o meu corpo
 E dá isso para as lagartas 
Para os pássaros e os lobos 
Cada um no seu próprio tempo 
De forma que o Circulo da Vida Nunca está quebrado.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Exposição de pintura de António Vila Real na Sala da Nora, em Castelo Branco





Ontem, fui visitar a exposição de pintura de António Vila Real. Fui surpreendida por Obras lindas na sua simplicidade. Cores suaves, ou mais intensas, numa combinação sublime. Fiquei maravilhada! Não conhecia absolutamente nada da pintura de Vila Real mas, a sua simplicidade de traço preciso e cores harmoniosas, criadas numa jornada, tendo por companhia a música de instrumentistas como Alex Cline, Kim Kashkashian, Frank Zappa, entre outros, deixou-me uma sensação de felicidade e de equilíbrio. Muito obrigado, António!

Kim Kashkashian


Alex Cline


Podemos apreciar a obra de António Vila Real, na Sala da Nora, no Cine-Teatro Avenida, de 3ª Feira a Domingo, das 14h00 às 19h00 até ao dia 28 de Novembro.

"O artista é um criador de coisas belas. "

(Oscar Wilde, O Retrato de Dorian Grey)

sábado, 30 de outubro de 2010

A criança que habita em todos nós...





Há dias comprei um novo livro para oferecer a uma das minhas afilhadas. Era o livro que ela desejava e que já me pedia há alguns dias. Mas, ao ver o livro achei que, provávelmente, não estaria adequado à sua idade. No entanto, acabei por o adquirir. Como sempre, iniciei por lhe escrever uma dedicatória, continuo a não conseguir passar por uma folha em branco e não lhe colocar a minha marca. Creio que é de máxima importância na vida dos jovens assinalarmos os marcos importantes: era dia do seu aniversário. Depois da dedicatória, veio a ilustração. Impossível não iluminar as palavras com cores... Finalmente a entrega. A felicidade estampada no seu rosto de criança. A prenda maior, a mais intensa, foi para mim...aquela carinha radiante!
Ontem visitei-a e, lá estava o livro na pasta da escola, por entre os livros escolares...madrinha já vou aqui, e mostrou-me o que já tinha lido...imensas páginas cheinhas de, apenas, letras. Comecei a folhear o livro e esta frase chamou-me a atenção,
"A infância não vai desde o nascimento a uma determinada idade e, em determinada idade, a criança cresce e deixa-se de coisas infantis. A infância é o reino onde ninguém morre."(Edna St. Vincent Millay)

Frase que me ocupou os pensamentos durante os trinta quilómetros de regresso a casa.

A infância é o reino onde ninguém morre... Onde a vida é rainha absoluta sobre todas as coisas... onde só existe o agora, a imensidão da vida, das alegrias, dos presentes, da felicidade...

Quando a morte acontece nas nossas vidas, a infância passa e uma nuvem sombria e, ainda que muito oculta, fica para sempre na vida... Aconteceu-me isso quando perdi o meu avô paterno. Foi a minha primeira perda. Andei alguns dias, semanas, ou para sempre, com aquela falta sempre presente. Talvez, por isso, me recorde tão bem de todos os pormenores desse dia apesar da minha pouca idade... cinco ou seis anos.

Talvez a minha infância tivesse começado a parar ali...apesar de continuar a ter brincadeiras de criança... Mas a nuvem ficou, até hoje.

Quase todos os dias temos conhecimento de pessoas que se vão. Umas do nosso circulo familiar, outras conhecidas e outras que pertencem a círculos que, de uma forma ou de outra, nos dizem alguma coisa. É sempre uma perda e uma realidade assustadora com que temos de conviver...aprender a conviver...

Viver o dia-a-dia de uma forma única, verdadeira, de crescimento interior e verdadeiro na procura da nossa felicidade mas, também na felicidade do Outro deveria ser primordial no nosso horizonte de vida.


segunda-feira, 25 de outubro de 2010

As Misericórdias nas Sociedades Portuguesas do Período Moderno

Brueghel
Introdução


Até ao século XV a ajuda aos pobres e doentes era prestada com um cariz caritativo e particular pelas pessoas com mais posses e pela Igreja. Esta incutia nos fiéis a prática da caridade como forma de se obter o perdão dos pecados e a salvação da alma, defendendo a ideia de que todos nascemos pecadores. Influenciava, ainda, a prática das doações, a fim de obter meios para que a assistência fosse alargada a um maior número de necessitados. Nos meios pequenos todos se conheciam o que permitia que as famílias abastadas tivessem os “seus pobres” sabendo das suas carências. O Estado não participava na ajuda aos pobres porque se viviam tempos de grande conturbação devido às lutas constantes entre os senhores feudais e entre estes e os povos invasores, numa tentativa de definir o território português.
A assistência aos desvalidos era prestada nos Mosteiros, nas Albergarias, Gafarias e Hospitais que se situavam nos locais de maior passagem e estavam distribuídos por todo o território. Este apoio social era prestado durante um período curto de tempo e caracterizava-se por fornecer alimentos, roupas e tratamento de pequenas mazelas e fornecendo aos necessitados local para pernoitar.

Nos finais do século XV, num clima de maior estabilidade político-social e económico, graças à expansão marítima que trouxe riqueza e consequentemente um poder régio mais centralizado, assistiu-se à Reforma da Assistência Social com a criação das Confrarias, entre elas as Misericórdias. O Estado passou a ter um papel interventivo e legislativo na prestação da Assistência por parte das Misericórdias.


Da assistência individual e caritativa até ao nascimento das confrarias


Até ao séc. XIII a ajuda aos necessitados era desempenhada fundamentalmente pela Igreja e por particulares com mais posses. Viviam-se tempos de grande tormenta devido às guerras, à fome e às doenças, levando à pobreza extrema. Era fundamental, acreditar num futuro melhor, o que permitiu à Igreja, através do auxílio prestado, adquirir poder quer na vida quotidiana da sociedade quer na vida política. A Igreja incutia na sociedade a prática da caridade como forma de obter o perdão dos pecados e alcançar a vida eterna. Mas nem todos os necessitados eram considerados merecedores de ajuda sendo excluídos pela população (prostitutas, judeus, mouros e actores…).

A partir do século XIII, a assistência primária mostrou-se insuficiente e incapaz de dar resposta a todos os que dela necessitavam, devido ao aumento populacional do meio urbano. As lutas, entre os senhores feudais e os camponeses, provocadas por maus anos agrícolas, fez com que estes se dirigissem para os meios urbanos em busca de melhores condições de subsistência, transformando a pobreza urbana numa pobreza endémica. Neste contexto surgem as albergarias, nos pontos de maior passagem, que aliviavam os peregrinos e viandantes das mazelas provocadas pelas grandes caminhadas, assim como os hospitais, que recebiam pessoas por tempo limitado (dois e três dias), dando-lhes abrigo e alimento para o corpo e para a alma.

Neste período de fraca produção agrícola, de desvalorização monetária e em situações de doença e de velhice, houve muita gente honrada que também caiu em “desgraça”, foram designados por “pobres envergonhados”. As Mercearias surgem neste contexto por acção régia de D. Dinis e, sobretudo, de D. Afonso IV e de sua mulher, D. Beatriz. Estas eram hospitais ou albergarias que tinham como finalidade receber homens ou mulheres pobres de grupo social médio sendo esta característica a que as distinguia dos demais.

Devido ao surto da lepra criaram-se as Gafarias para acolher e guardar as pessoas atingidas pela doença. Localizavam-se fora dos centros para evitar a propagação da doença e eram dirigidas por pessoas portadoras deste mal. A lepra atingia pessoas de todas as classes sociais.

Como as instituições existentes não conseguiam fazer face ao aumento significativo do número de pessoas pobres, com todo o tipo de carências associadas, surgem as confrarias, entre elas as Misericórdias que usufruiriam de privilégios régios.

As confrarias podiam estar ligadas à devoção a santos ou então eram constituídas por membros com o mesmo ofício (alfaiates, sapateiros, artesãos…) e tinham como objectivo prestar auxílio a todos os que, tendo o mesmo ofício, necessitassem de ajuda. Posteriormente esta ajuda foi alargada a todos, independentemente da profissão. Estas comunidades não tinham qualquer tipo de apoio do Estado, eram instituições autónomas. Criaram alguns hospitais e albergarias espalhados por vários locais com o objectivo de alargar a sua acção caritativa. Ligadas aos princípios cristãos e às festas do seu patrono retinham elevado valor.
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O nascimento das misericórdias e a sua evolução no contexto português

Nos finais do séc. XV, com a progressiva consolidação do Estado e com as alterações que se efectuaram na sociedade portuguesa, assistiu-se a uma reforma na assistência. Até então o rei era muito influenciado pelos senhores feudais e o Estado encontrava-se muito fragmentado. Após a reconquista houve que organizar o território (só irá terminar no séc. XVIII). Assiste-se a uma progressiva complexificação da máquina do Estado e à centralização do poder no rei: o rei passa a controlar todos os aspectos da vida do reino. O acto assistencial passa a ser encarado como uma função do poder central do estado em prol da comunidade. Por outro lado a esmola mostrava-se incapaz de resolver todas as situações resultantes dos novos tempos.

A partir do reinado de D. Manuel, Portugal assistiu a um crescimento económico graças ao enriquecimento da Coroa, proporcionado pelos rendimentos da Expansão Portuguesa e pela expulsão dos judeus e mouros e da, consequente, apropriação dos seus bens. Este enriquecimento fortaleceu Portugal economicamente e politicamente perante o olhar europeu. Mas com a expansão assiste-se á saída de pessoas para as novas colónias, sobretudo homens jovens, que deixam a esposa, os filhos e os familiares idosos dependentes, sem meios de subsistência, conduzindo a um novo tipo de pobres, os pobres sedentários. As gafarias, os hospitais e as mercearias sobreviviam das esmolas e doações das pessoas com mais posses e não conseguiam dar resposta a tantos necessitados. A concentração urbana no litoral e ao redor de Lisboa aumentava desmesuradamente conduzindo a uma pobreza endémica. Assiste-se à alteração da conjuntura social e, também, à alteração da mentalidade das pessoas. Os pobres são avaliados por uma perspectiva diferente: as pessoas que não trabalham por serem preguiçosas passam a não ser ajudadas. As esmolas diminuem.

D. Leonor, viúva do rei D.João II e irmã de D. Manuel, juntamente com o Conde de Alpedrinha, criaram a primeira Misericórdia em Lisboa , em Agosto de 1498, na Sé Catedral, seguindo o modelo europeu.
As Misericórdias espalham-se por todo o território português, aquém e além-mar. No entanto, convém salientar, que as Misericórdias não estavam dependentes quer do poder régio quer da Igreja.

D. Leonor, mandou construir, às suas expensas, o Hospital das Caldas, que irá servir de modelo aos Hospitais Reais, criados posteriormente, com a função de tratar os doentes. As Misericórdias são confrarias na medida em que os elementos que as compõem partilham da mesma ideologia religiosa (cristãos leigos) e têm a mesma motivação, ajudar quem necessita. Têm de possuir uma conduta irrepreensível e serem equilibrados psicologicamente. Inicialmente para se ser irmão da misericórdia, a condição primordial era ser baptizado. Para além disso, os irmãos não têm qualquer objectivo lucrativo ao integrarem uma misericórdia já que pertencem às elites detentoras do poder local.

Com o passar do tempo as condições para se ser irmão da misericórdia vão sendo alteradas. Vai-se observando uma restrição aos indivíduos que pretendem integrar as confrarias, pelo compromisso de 1516 bastava apenas ser-se baptizado, o compromisso de 1577 os cristãos-novos foram afastados e o de 1618 formalizava novas condições de acessibilidade. As mulheres também podiam integrar as misericórdias mas nos finais do século XVI a sua participação foi-lhes vedada, de acordo com a mentalidade da época, em que eram consideradas apenas como mães e esposas, logo o seu lugar confinava-se ao lar. Havia, ainda, uma separação dos membros em duas categorias distintas, os que dirigiam e os que executavam as tarefas consideradas inferiores. Ou seja, havia um grupo subalterno de irmãos de menor condição que realizavam tarefas consideradas indignas, como fazer compras ou carregar objectos em público, enquanto o outro grupo era constituído por pessoas de prestígio, os nobres.
Nesta época a sociedade estava dividida em classes, cabendo ao clero e à nobreza todos os cargos de prestígio enquanto o povo era visto apenas como mão-de-obra. Porém o próprio povo aceitava esta condição como natural e as suas verdadeiras preocupações estavam dirigidas para a garantia da sua sobrevivência.

Cabia ao Provedor atribuir as funções aos Mordomos.

As Misericórdias baseavam a sua acção em catorze obras de misericórdia, sete corporais e sete espirituais, que são discriminadas no Compromisso, documento que dá origem à fundação de uma misericórdia. No Compromisso da Misericórdia de Lisboa constavam as seguintes obras de misericórdia:

Obras espirituais:
  • Ensinar os simples;
  • Dar bom conselho a quem o pede;
  • Castigar, com caridade, os que erram;
  • Consolar os tristes;
  • Perdoar a quem errou;
  • Sofrer as injúrias com paciência;
  • Rogar a Deus pelos vivos e pelos mortos.

Obras corporais:

  • Libertar os cativos e visitar os presos;
  • Curar os enfermos;
  • Cobrir os nus;
  • Dar de comer aos famintos;
  • Dar de beber a quem tem sede;
  • Dar pousada aos peregrinos e pobres;
  • Enterrar os finados.

Este compromisso serviu de base aos compromissos das misericórdias que iam surgindo por todo o reino.

A expansão das misericórdias, por todo o reino, deve-se ao rei D.Manuel I que se desdobrou em acções em prol destas, enviou funcionários com a incumbência de promover a sua fundação em todas as cidades do reino e, ainda, escreveu às Câmaras a solicitar a criação da confraria. A cultura da caridade era uma característica da Casa Real Portuguesa.

“Juízes, Vereadores, Procurador, fidalgos cavaleiros e homens bons Nós El-Rei vos enviamos muito saudar. Cremos que que sabereis como em esta cidade de Lisboa se ordenou uma confraria para se as obras de misericórdia haverem de cumprir, e especialmente a cerca dos presos pobres e desamparados que não têm quem lhes requerem seus feitos nem socorra as suas necessidades e assim em outras muitas obras piedosas segundo mais largamente em seu Regimento se contém […] e porem vos encomendamos que considerando quanto isto é serviço de Deus vos queirais juntar e ordenar como em essa cidade se fizesse a dita confraria…”

Até ao final do reinado de D. Manuel existe documentação que comprova a criação de 42 misericórdias, entre elas a de Castelo Branco que surgiu nos dois últimos anos de reinado de D. Manuel (1520 e 1521).

A implantação relâmpago de misericórdias no reinado de D. Manuel, bem como a atribuição a estas de um leque de competências alargado, transforma-as nas confrarias mais poderosas de Portugal ao longo da Idade Moderna, o que a curto prazo ao esgotamento das funções das outras confrarias.

Isentar, privilegiar e beneficiar eram o modus operandi régio.

Em 1496, D. Manuel expulsa os judeus de Portugal e os bens confiscados são usados no financiamento de misericórdias e de hospitais.


Com o decorrer do tempo as misericórdias foram acumulando privilégios: os peditórios passam a ser feitos apenas pelas misericórdias e os bens deixados em testamento à Igreja foram direccionados para as misericórdias, como resultado do pedido efectuado pelo Rei ao Papa, assim como os enterros que passaram a ser realizados apenas pelas misericórdias (visto serem apenas estas a possuírem mobiliário fúnebre).

Isto vai levar ao acumular de um património enorme e, por conseguinte, ao aumento do seu poder social, económico e político, particularmente a partir do século XVII.

As Misericórdias eram muito respeitada por todas as classes sociais, principalmente pelo povo, pois atribuíram dotes para as raparigas órfãs e pobres, ajudavam ainda os pobres envergonhados, faziam doações para os doentes pobres dos hospitais, davam dinheiro para ajudar a resgatar cativos de guerra religiosa ou até simples presos das cadeias.

Também o clero e a nobreza se socorreram das misericórdias em horas de aperto sendo-lhes concedidos empréstimos a troco de juros, o que veio a rentabilizar o dinheiro emprestado, sendo este posteriormente direccionado para a caridade, o que justificava a prática da usura, condenada pela Igreja. Foi uma forma de se conseguir ajudar um maior número de pessoas com os lucros desta prática. No entanto, mais tarde, irá ser um factor para a decadência das misericórdias, visto muitos dos empréstimos nunca serem recuperados o que fez com que o capital das misericórdias diminuísse e, consequentemente, a confiança que as pessoas depositavam nelas.

A partir do século XVI a administração dos hospitais passa a ser efectuada pelas Misericórdias, o que vai levar a um aumento das despesas, na medida em que a sua manutenção requer avultados gastos. Esta situação, aliada aos empréstimos efectuados e não recuperados, provocará a falência de algumas misericórdias e o enfraquecimento de outras.


As misericórdias entram em crise e a capacidade de cumprir a sua principal função, a assistência aos necessitados, torna-se limitada.


Com o absolutismo, e com a entrada do Marquês de Pombal na vida política e legislativa do reino, a situação das Misericórdias torna-se ainda mais precária porque este faz a separação entre o Estado e a Igreja. Os benefícios atribuídos pelo rei a estas irmandades deixaram de existir. Contudo, as misericórdias conseguiram sobreviver até aos nossos dias e actualmente continuam a ter um grande papel social e económico.

Conclusão:

Em suma, as Misericórdias cumpriram a sua principal função, pôr em prática o Compromisso, como irmandade unida pela fé e pelos mesmos objectivos. Todos os necessitados de ajuda corporal ou espiritual encontraram nas misericórdias a resposta à maioria dos seus problemas.
Apesar de ter passado por momentos instáveis, desde o seu aparecimento e até aos nossos dias, a assistência social tem sofrido transformações sempre numa tentativa de solucionar problemas sociais e económicos. Hoje, como forma de travar o aparecimento de problemas sociais, aposta-se sobretudo na prevenção.
É relevante focar que a caridade não deve ser realizada como um meio para alcançar outros fins, como acontecia nestas épocas. A ajuda ao próximo é, sem sombra de dúvidas, um dever de todos nós, independentemente da religião, da cor e do género.


terça-feira, 19 de outubro de 2010

Ser Madrinha ...








Para a minha Afilhada, Francisca, com votos de um dia lindo de Aniversário!

Ser madrinha foi uma grande felicidade...e continua a ser!!!

Nunca vou esquecer a emoção do dia em que a minha afilhada me pediu para ser a sua Madrinha de Baptismo...

Nunca, nunca, nunca...


Já tinha, e tenho, outra afilhada, também minha sobrinha. Que amo como a todos os meus familiares. Que amo da mesma forma como a esta minha afilhada mais recente!

No entanto, a situação era diferente pois não fui "apanhada" de surpresa.


A minha afilhada mais nova pediu-me com a sua voz, com os seus olhos brilhantes, com as suas faces rosadas "Tia, quero pedir-te uma coisa". E eu, que já estava a ficar aborrecida pela desarrumação que ficava atrás da sua passagem pela minha casa, sapatos de salto alto, vestidos de verão, disse-lhe "Diz lá, minha chata", e ela olhou-me nos olhos e disse aquela frase linda"...Tiiaa, quero que sejas a minha Madrinha de Baptismo". Os olhos encheram-se-me de lágrimas de felicidade, de emoção, de orgulho, da minha pequenez perante tal responsabilidade.

Amei os preparativos para o Baptismo. A escolha do vestido, das luvas, dos sapatos , das meias, do bouquet... A felicidade estampada no seu rosto lindo...

Amei o Dia do Baptismo. Cada momento, cada sensação...
Após a cerimónia demos um abraço apertado e perguntei-lhe se estava feliz e ela respondeu, com toda a sua força de criança, que sim.

E abraçámo-nos de novo e eu disse-lhe ao ouvido "Agora é como se fosses minha filha, para sempre!"


Continuo a recordar aqueles momentos com a mesma intensidade, como se fosse o desenrolar de imagens na minha memória...
A Vida espera-te, acolhe-te. Vive intensamente cada momento!
Sê FELIZ!


ADORO-TE FILHA!




Que os teus olhos se tornem
mais brilhantes do que sempre,
de alegria e de contentamento,
e o teu sorriso, tão lindo e cativante,
ecoe em gargalhadas de felicidade...
~~~~
Que a tua voz vibrante, meio rouca
embargada de emoção
a cada abraço recebido
demonstre a satisfação
de ter tanto carinho...
~~~~
Que o teu coração sempre se enterneça
pois sabe o valor da amizade...
Que no teu corpo vibre a saúde,
a energia, a vida...

E que a tua alma fique iluminada
com as bênçãos do amor
que TU mereces.

Feliz Aniversário!