Retalhos da vida...
Reais, sonhados, inventados ou ficcionados...
2021
2021
19 de agosto
Estamos sempre a pensar e a refletir em algo que nos acontece sem avisar. Foi o que aconteceu esta manhã.
Fui às compras cedinho e quando voltei para o carro verifiquei que os faróis estavam ligados. Fiquei alarmada e o meu receio concretizou-se, o carro tinha ficado sem bateria e... estava entre dois outros. Pensei em telefonar a um dos meus filhos no entanto ele encontrava-se no trabalho e custou-me estar a incomoda-lo. Subitamente, recordei-me que na lavagem dos carros encontrava-se um senhor que eu conhecia de um outro local onde trabalhou e que me atendeu muitas vezes, na pré lavagem automática. Resoluta, dirigi-me a ele e contei-lhe o sucedido. Prontificou-se a ajudar-me, entre esfregadelas e mangueiradas a um veículo. Fui para o carro e aguardei. Subitamente, surge com outro colega e empurraram o carro até ele "pegar", novamente e entregaram-mo com sorrisos e eu, tão agradecida, disse-lhes "Deus lhes pague" e eles "vá descansada".
De regresso revi todas as imagens, aqueles gestos de ajuda e o meu agradecimento. Tudo tão genuíno...
Realmente, tratar o nosso semelhante como gostariamos de ser tratados é um valor que nunca podemos deixar de praticar.
Gratidão é o que sinto. 🌻🌻🌻
Agosto
Depois de uma situação, em que achamos que não tivemos o melhor procedimento, o que conta é o que fazemos a seguir...
25 agosto
A vida é um poema. Cabe a cada um construir os versos certos e descobrir as rimas luminosas. (Celeste Rebordão)
19 agosto
15 agosto
Quando viajo e avisto casas em ruínas entre os campos, por entre o arvoredo e a vegetação descuidada, abandonada, o meu coração enche-se de tristeza ...
Penso que quando todos os vestígios se perderem deixarão de contar as histórias de tantas vidas construídas atrás daquelas portas... Quantos rostos olharam através daquelas janelas... Quantas crianças nascidas e embaladas... Quantos rostos envelheceram... Quantas lágrimas choradas... Quantos risos animaram aquelas paredes...
Quando tudo se perder não haverá nada que nos excite a imaginação e nos faça voar na construção das VIDAS aí vividas...
15 agosto
Nestes dias quentes de verão dá-me um enorme prazer beber uma bebida fresca e geralmente opto por um Ice Tea de Manga. Foi o que fiz há poucos minutos. A bebida fresca estava à minha frente na sua embalagem de lata de cores convidativas... Mas, ao abri-la verifiquei que ao pressionar a abertura rápida essa abria para o interior da embalagem e que ao verter a bebida para o copo o doce Ice Tea banhava essa abertura que certamente continha pó (para não mencionar outros resíduos que ali podiam estar acumulados)... O pensamento não pára e rapidamente me dei conta dos perigos para a saúde que esta abertura fácil pode acarretar
E a interrogação veio rápida: Mas será que com tantas mentes fantásticas que deverão trabalhar para estas grandes empresas ainda nenhuma se debruçou sobre este assunto e concebeu uma abertura rápida a abrir para fora???!!! Bem, certamente, estão a pensar que estas marcas têm no mercado outras embalagens, em cartão e em vidro, que já não representam estes perigos que aqui menciono... No entanto, estas embalagens em lata estão à venda em qualquer local e julgo que este assunto merece alguma reflexão e uma mudança na atitude...
E, como nunca fico satisfeita apenas com a minha reflexão, efectuei uma breve pesquisa e aqui deixo algumas palavras de alguém que manifesta as mesmas preocupações...
“As pessoas, em geral, não têm qualquer preocupação quanto aos riscos de se beber diretamente nas latas. Não há qualquer alerta, informação ou esclarecimento dos produtos ou das autoridades sanitárias sobre os sérios problemas que podem ocorrer ao se consumir bebidas enlatadas sem a higiene adequada”, lamenta o deputado. O deputado esclarece que os ratos são responsáveis pela transmissão de inúmeras doenças ao homem. Entre elas, estão catalogadas cerca de 200 doenças transmissíveis, destacando-se a leptospirose, tifo, peste bubônica, febre hemorrágica, salmonelose, nefrite epidêmica, sarnas, micoses, helmintíases entre outras. Em sua justificativa, ele explica que os ratos urinam várias vezes ao dia e em pequenas quantidades, aproximadamente 40 vezes. “Com esta informação e estes sendo vetores de doenças, podemos calcular quantos possíveis focos de contaminação estariam disseminados pelo ambiente onde são acondicionados produtos antes de serem consumidos pela população”, salienta. “Diante dessas informações, faz-se necessário que o Governo preocupe-se em alertar os consumidores dos cuidados que devem ser tomados antes do consumo dos enlatados de modo geral. A atenção a esta indicação, com a conseqüente campanha de conscientização, será elemento essencial para evitar que doenças venham a se proliferar causando males irreversíveis à população”, conclui Geraldo Resende.
13 agosto
O gosto de estar só não é um estado a que
muitos chamam solidão mas antes uma forma de ser... O gosto de observar,
de sentir cada mudança de cor, cada estado dos outros que nos rodeiam.
Sempre tive destes momentos e nunca me senti só, na verdadeira acepção
da palavra... A este seguem-se momentos de partilha e de ESTAR com
Pessoas de quem gosto, de convívio natural sem marcações...
5 de agosto
A
pensar em como é bom quando a vida nos surpreende com o encontro com
amigos que já não viamos há algum tempo... Leveza e felicidade no
coração...
Rosas Vermelhas
Nasci em Maio, o mês das rosas, diz-se. Talvez por isso eu fiz da rosa a minha flor, um símbolo, uma espécie de bandeira para mim mesmo.
E todos os anos, quando chegava o mês de Maio, ou mais exactamente, no dia 12 de Maio, às dez e um quarto da manhã (que foi a hora em que eu nasci), a minha mãe abria a porta do meu quarto, acordava-me com um beijo e colocava numa jarra um ramo de rosas vermelhas, sem palavras. Só as suas mãos, compondo as rosas, oficiavam nesse estranho silêncio cheio de ritos e ternura.
Nesse tempo o Sol nascia exactamente no meu quarto. Eu abria a janela. Em frente era o largo, a velha árvore do largo dos ciganos. Quando chegava o mês de Maio, eu abria a janela e ficava bêbado desse cheiro a fogueiras, carroças e ciganos. E respirava o ar de todas as viagens, da minha janela, capital do mundo, debruçado sobre o largo onde começavam todos os caminhos.
E tudo estava certo, nesse tempo, ou, pelo menos, nada tinha o sabor do irremediável. Nem mesmo a morte da minha tia. Por muito tempo ela ficou nos retratos e no jardim, bordando à sombra das magnólias, andando pela casa nos pequenos ruídos do dia-a-dia, até que, pouco a pouco, se foi confundindo com as muitas ausências que vinham sentar-se na cadeira, onde, dantes, minha tia se sentava.
E eu dormia poisado sobre a eternidade, como se tudo estivesse certo para sempre, eu dormia com muitos olhos, muitos gestos vigilantes sobre o meu sono. Por vezes tinha pesadelos, acordava, inquieto, a meio da noite, qualquer coisa parecia querer despedaçar-se e então exclamava:
- Mãe!
E logo essa voz, tão calma, entrava dentro de mim, mandava embora os fantasmas, e era de novo o meu quarto, a doce quentura da minha casa no cimo da ternura.
Não havia polícia nesse tempo. Ninguém roubaria a tranquilidade do meu sono, ninguém viria a meio da noite para me levar, porque bastava eu chamar:
- Mãe!
E logo uma voz, tão calma, mandava embora os fantasmas. E era a paz, nesse tempo, em que todos os anos, quando chegava o mês de Maio, ou mais exactamente, o dia 12 de Maio, às dez e um quarto da manhã, a minha mãe abria a porta do meu quarto e colocava, religiosamente, um ramo de rosas vermelhas sobre a minha vida, nesse tempo, em que dormir, acordar, nascer, crescer, viver, morrer, eram um rito no rito das estações.
Em Maio de 1963 eu estava na cadeia. Por vezes, a meio da noite, um grito abalava as traves da minha cabeça, direi mesmo da minha vida, e eu acordava suado, dolorido, como se um rato (talvez o medo?) me roesse o estômago. E era inútil chamar. Onde ficara essa voz que dantes vinha repor o sono no seu lugar, repondo a paz dentro de mim? E as manhãs penduradas no mês de Maio, onde acordar era uma festa? Onde ficara a ternura? Onde ficara a minha vida?
Em Maio de 1963 eu estava na cadeia. Dormia – como direi? – acordado sobre cada minuto. Tinha aprendido o irremediável. Alguma coisa, dentro de mim, se despedaçara para sempre (para sempre? Que quer dizer para sempre?). Era inútil chamar. Tinha aprendido, fisicamente, a solidão. Embora na cela do lado, alguém, batendo com os dedos na parede, me dissesse, como se fosse a voz longínqua do meu povo:
- Coragem!
Eu estava, pela primeira vez, fisicamente só, dentro do meu sono povoado por esse grito que estalava por vezes as traves da minha cabeça (onde essa voz que mandava embora os fantasmas?).
E era terrível essa manhã sem manhã, essa realidade branca e gelada, toda feita de paredes, grades, perguntas, gritos. Mesmo que na cela do lado, alguém, batendo com os dedos na parede, me dissesse:
- Bom dia!
era terrível acordar nessa estreita paisagem com sete passos de comprimento por sete de largura, tão hostil, tão dolorosa como as regiões dos pesadelos. Porque acordar era ter a certeza de que a realidade não desmentiria o pesadelo.
Mesmo que os meus dedos batendo na parede transmitissem notícias dum homem que podia responder:
- Bom dia!
de cabeça erguida era terrível acordar no mês de Maio, com a certeza de que no dia 12 a minha mãe não entraria pelo meu quarto, deixando-me na fronte um beijo, e rosas vermelhas sobre os meus vinte e sete anos.
Talvez seja preciso renunciar à felicidade para conquistar a felicidade. Eu estava na cadeia em Maio de 1963. Tinha aprendido a solidão. Tinha aprendido que se pode gritar com todas as nossas forças quando se acorda a meio da noite com um grito na cabeça e um rato (talvez o medo?), roendo-nos o estômago, que ninguém, ninguém virá repor a paz dentro de nós. E, então, é a altura de saber se as traves mestras dum homem resistirão. Pois só a tua voz, amigo, responderá ao teu apelo torturado na noite. E, nessa hora (a mais solitária das horas), se conseguires cerrar os dentes, dar um murro na parede, acender um cigarro, se conseguires vencer esse encontro com a solidão no mais fundo de ti próprio, com que alegria, com que estranha alegria, na manhã seguinte, tu responderás:
- Bom dia!,
mesmo que seja terrível acordar no mês de Maio, nessa estreita paisagem, gelada e branca, com sete passos de comprimento por sete de largura.
É certo que se podem escolher outros caminhos. Mas poderia eu ter escolhido outro caminho? Acaso poderia dormir descansado, onde quer que estivesse, sabendo que algures, na noite, há homens que batem, há homens que gritam?
Os fantasmas tinham entrado no meu sono, invadiram a minha casa no cimo da ternura; os fantasmas eram donos do País. E se eles viessem de repente, a meio da noite, e eu chamasse:
- Mãe!
A voz (tão calma) de minha mãe já nada poderia contra eles. Era um trabalho para mim, uma tarefa para todos aqueles que não podem suportar a sujeição. Eu nunca pude suportar a sujeição. Acaso poderia ter escolhido outro caminho?
Por isso, em Maio de 1963, eu estava na cadeia, isto é, de certo modo, eu estava no meu posto. No dia 12 não acordei com o beijo de minha mãe.
Porém, nessa manhã (não posso dizer ao certo porque não tinha relógio, mas talvez – quem sabe? -, às dez e um quarto, que foi a hora em que eu nasci), o carcereiro abriu a porta e entregou-me, já aberta, uma carta de minha mãe. E ao desdobrar as folhas que vinham dentro do sobrescrito violado, a pétala vermelha, duma rosa vermelha, caiu, como uma lágrima de sangue, no chão da minha cela.
Manuel Alegre (in Praça da Canção)
Nasci em Maio, o mês das rosas, diz-se. Talvez por isso eu fiz da rosa a minha flor, um símbolo, uma espécie de bandeira para mim mesmo.
E todos os anos, quando chegava o mês de Maio, ou mais exactamente, no dia 12 de Maio, às dez e um quarto da manhã (que foi a hora em que eu nasci), a minha mãe abria a porta do meu quarto, acordava-me com um beijo e colocava numa jarra um ramo de rosas vermelhas, sem palavras. Só as suas mãos, compondo as rosas, oficiavam nesse estranho silêncio cheio de ritos e ternura.
Nesse tempo o Sol nascia exactamente no meu quarto. Eu abria a janela. Em frente era o largo, a velha árvore do largo dos ciganos. Quando chegava o mês de Maio, eu abria a janela e ficava bêbado desse cheiro a fogueiras, carroças e ciganos. E respirava o ar de todas as viagens, da minha janela, capital do mundo, debruçado sobre o largo onde começavam todos os caminhos.
E tudo estava certo, nesse tempo, ou, pelo menos, nada tinha o sabor do irremediável. Nem mesmo a morte da minha tia. Por muito tempo ela ficou nos retratos e no jardim, bordando à sombra das magnólias, andando pela casa nos pequenos ruídos do dia-a-dia, até que, pouco a pouco, se foi confundindo com as muitas ausências que vinham sentar-se na cadeira, onde, dantes, minha tia se sentava.
E eu dormia poisado sobre a eternidade, como se tudo estivesse certo para sempre, eu dormia com muitos olhos, muitos gestos vigilantes sobre o meu sono. Por vezes tinha pesadelos, acordava, inquieto, a meio da noite, qualquer coisa parecia querer despedaçar-se e então exclamava:
- Mãe!
E logo essa voz, tão calma, entrava dentro de mim, mandava embora os fantasmas, e era de novo o meu quarto, a doce quentura da minha casa no cimo da ternura.
Não havia polícia nesse tempo. Ninguém roubaria a tranquilidade do meu sono, ninguém viria a meio da noite para me levar, porque bastava eu chamar:
- Mãe!
E logo uma voz, tão calma, mandava embora os fantasmas. E era a paz, nesse tempo, em que todos os anos, quando chegava o mês de Maio, ou mais exactamente, o dia 12 de Maio, às dez e um quarto da manhã, a minha mãe abria a porta do meu quarto e colocava, religiosamente, um ramo de rosas vermelhas sobre a minha vida, nesse tempo, em que dormir, acordar, nascer, crescer, viver, morrer, eram um rito no rito das estações.
Em Maio de 1963 eu estava na cadeia. Por vezes, a meio da noite, um grito abalava as traves da minha cabeça, direi mesmo da minha vida, e eu acordava suado, dolorido, como se um rato (talvez o medo?) me roesse o estômago. E era inútil chamar. Onde ficara essa voz que dantes vinha repor o sono no seu lugar, repondo a paz dentro de mim? E as manhãs penduradas no mês de Maio, onde acordar era uma festa? Onde ficara a ternura? Onde ficara a minha vida?
Em Maio de 1963 eu estava na cadeia. Dormia – como direi? – acordado sobre cada minuto. Tinha aprendido o irremediável. Alguma coisa, dentro de mim, se despedaçara para sempre (para sempre? Que quer dizer para sempre?). Era inútil chamar. Tinha aprendido, fisicamente, a solidão. Embora na cela do lado, alguém, batendo com os dedos na parede, me dissesse, como se fosse a voz longínqua do meu povo:
- Coragem!
Eu estava, pela primeira vez, fisicamente só, dentro do meu sono povoado por esse grito que estalava por vezes as traves da minha cabeça (onde essa voz que mandava embora os fantasmas?).
E era terrível essa manhã sem manhã, essa realidade branca e gelada, toda feita de paredes, grades, perguntas, gritos. Mesmo que na cela do lado, alguém, batendo com os dedos na parede, me dissesse:
- Bom dia!
era terrível acordar nessa estreita paisagem com sete passos de comprimento por sete de largura, tão hostil, tão dolorosa como as regiões dos pesadelos. Porque acordar era ter a certeza de que a realidade não desmentiria o pesadelo.
Mesmo que os meus dedos batendo na parede transmitissem notícias dum homem que podia responder:
- Bom dia!
de cabeça erguida era terrível acordar no mês de Maio, com a certeza de que no dia 12 a minha mãe não entraria pelo meu quarto, deixando-me na fronte um beijo, e rosas vermelhas sobre os meus vinte e sete anos.
Talvez seja preciso renunciar à felicidade para conquistar a felicidade. Eu estava na cadeia em Maio de 1963. Tinha aprendido a solidão. Tinha aprendido que se pode gritar com todas as nossas forças quando se acorda a meio da noite com um grito na cabeça e um rato (talvez o medo?), roendo-nos o estômago, que ninguém, ninguém virá repor a paz dentro de nós. E, então, é a altura de saber se as traves mestras dum homem resistirão. Pois só a tua voz, amigo, responderá ao teu apelo torturado na noite. E, nessa hora (a mais solitária das horas), se conseguires cerrar os dentes, dar um murro na parede, acender um cigarro, se conseguires vencer esse encontro com a solidão no mais fundo de ti próprio, com que alegria, com que estranha alegria, na manhã seguinte, tu responderás:
- Bom dia!,
mesmo que seja terrível acordar no mês de Maio, nessa estreita paisagem, gelada e branca, com sete passos de comprimento por sete de largura.
É certo que se podem escolher outros caminhos. Mas poderia eu ter escolhido outro caminho? Acaso poderia dormir descansado, onde quer que estivesse, sabendo que algures, na noite, há homens que batem, há homens que gritam?
Os fantasmas tinham entrado no meu sono, invadiram a minha casa no cimo da ternura; os fantasmas eram donos do País. E se eles viessem de repente, a meio da noite, e eu chamasse:
- Mãe!
A voz (tão calma) de minha mãe já nada poderia contra eles. Era um trabalho para mim, uma tarefa para todos aqueles que não podem suportar a sujeição. Eu nunca pude suportar a sujeição. Acaso poderia ter escolhido outro caminho?
Por isso, em Maio de 1963, eu estava na cadeia, isto é, de certo modo, eu estava no meu posto. No dia 12 não acordei com o beijo de minha mãe.
Porém, nessa manhã (não posso dizer ao certo porque não tinha relógio, mas talvez – quem sabe? -, às dez e um quarto, que foi a hora em que eu nasci), o carcereiro abriu a porta e entregou-me, já aberta, uma carta de minha mãe. E ao desdobrar as folhas que vinham dentro do sobrescrito violado, a pétala vermelha, duma rosa vermelha, caiu, como uma lágrima de sangue, no chão da minha cela.
Manuel Alegre (in Praça da Canção)
Julho
31 de julho
Trago o teu coração comigo (guardo-o dentro do meu coração)
nunca o deixei noutro lugar (onde quer que vá, vais comigo, meu amor; e o quer que seja feito apenas por mim, é por ti feito, minha querida) temerei jamais qualquer destino (pois és o meu destino, minha doçura)
quererei jamais qualquer mundo (que a tua formosura é todo o meu mundo, minha verdade)
e és tu o que uma lua sempre possa ter significado
e o quer que tenha sempre um sol cantado, és tu
aqui está o mais profundo segredo a todos velado
(aqui está a raiz da raiz e o botão do botão
e as alturas das alturas de uma árvore chamada vida; que cresce para além do que a alma pode esperar ou o pensamento esconder)
e é esta a maravilha que mantém as estrelas separadas
Trago o teu coração (guardo-o dentro do meu coração)
(e.e. cummings)
nunca o deixei noutro lugar (onde quer que vá, vais comigo, meu amor; e o quer que seja feito apenas por mim, é por ti feito, minha querida) temerei jamais qualquer destino (pois és o meu destino, minha doçura)
quererei jamais qualquer mundo (que a tua formosura é todo o meu mundo, minha verdade)
e és tu o que uma lua sempre possa ter significado
e o quer que tenha sempre um sol cantado, és tu
aqui está o mais profundo segredo a todos velado
(aqui está a raiz da raiz e o botão do botão
e as alturas das alturas de uma árvore chamada vida; que cresce para além do que a alma pode esperar ou o pensamento esconder)
e é esta a maravilha que mantém as estrelas separadas
Trago o teu coração (guardo-o dentro do meu coração)
(e.e. cummings)
Há poucos minutos comentaram comigo para que
serviam as piscinas tal como a de São Vicente da Beira se
a população está a decrescer e eu argumentei impulsivamente, sem refletir, (mas no fundo, após pensar mais sobre o assunto, mantenho
a mesma opinião) que sobre as outras piscinas não iria
opinar porque não conheço a situação mas no caso da piscina de São
Vicente da Beira servia para os jovens (que felizmente ainda são em
grande número) e a população em geral passarem momentos de convívio e de
lazer num ambiente fresco e agradável nos meses de verão. Mas, pensa
bem, argumentou a pessoa com quem conversava, já viste os custos de
manutenção para três ou quatro gatos pingados terem fresco no verão?
Estas palavras provcaram-me uma certa revolta ... Argumentei de forma séria e veemente "pois, mas todas as
pessoas têm direito a terem momentos de descontração e de diversão e,
para além de constituir um prazer para todas as pessoas
(independentemente das economias de que possam dispor), para muitas é o
único prazer de que podem usufruir nos dias quentes uma vez que nem todos têm emprego,
nem todos são licenciados empregados, nem todos têm apoios da
família..." Penso que o bem estar de uma comunidade é muito importante e
ter um Olhar Social sobre as questões, também... Para mim não existem
GATOS PINGADOS mas PESSOAS...
E
esta conversa trouxe-me de volta uma outra dos meus tempos de
estudante. em que, pela manhã, nos deslocávamos aqui para Castelo Branco
de autocarro e à tardinha regressávamos a São Vicente da mesma forma.
Alguns alunos só tinham aulas no período da manhã e regressavam a casa
na hora de almoço no mesmo autocarro e outros só tinham aulas de tarde e
seguiam para Castelo Branco na viagem de regresso no mesmo autocarro .
Mas houve um ano em que o autocarro deixou de fazer esse percurso no
horário da hora de almoço, Todos os alunos seguiam para Castelo Branco
de manhã e só regressavam a casa pela tardinha, independentemente do
horário que tivessem, ficando os alunos a perambular pela cidade à chuva
e ao frio consoante a estação em que se estava... Muitos sem recursos
para almoçar. Eu devia ter uns dezassete anos e esta situação causou-me
um sentimento de mal estar e indaguei junto do condutor do autocarro
qual o motivo de não fazerem a viagem à hora de almoço e ele
respondeu-me que o numero de alunos não justificava a viagem da hora de
almoço. Eu, na minha impulsividade disse-lhe que nem que fosse apenas um
aluno, pois uma pessoa sofre as mesmas consequências como se fossem dez
ou vinte... Claro que o meu ponto de vista foi considerado uma
tolice... No entanto, este episódio ficou gravado na minha memória e se
ficou é porque me marcou e, tal como o Nuno referiu, sempre senti que as
pessoas não são números e mais... que as pessoas são todas iguais,
independentemente do berço em que nasceram e do estatuto que construiram
ao longo da vida. E, a cada dia que passa, agradeço mentalmente aos
meus pais os exemplos de vida que me transmitiram. E, também, passam
pelos meus olhos os filmes de ação do Rambo (e outros do mesmo género)
em que se tentava a todo o custo resgatar soldados desaparecidos em
combate... O que tirei desses filmes não foram os conflitos, ou as
atitudes que estiveram por trás das ações de intervenção dos E Unidos
noutros países mas, e tão sómente, o acabar com o sofrimenta e trazer
para casa... PESSOAS em sofrimento...
24 de julho
Aqui estou eu a pensar na sociedade em que vivemos! O
"parecer" continua a ser ponto fulcral para muitas pessoas... Isto
aflige-me imenso porque, inevitavelmente, é aqui que começa a rotulagem, a
discriminação... Não quero conversar com uma pessoa cuja
principal forma de estar seja o "parecer" isto ou aquilo... Quero
sentar-me com alguém que tenha a vida no olhar!!! Status Social, o que é
isso??? Que interesse tem para o bem estar da sociedade??? Para a
harmonia da Vida??? Somos todos iguais quando nus (uma cabeca, um
tronco, dois braços, duas mãos, duas pernas, dois pés) porque queremos
parecer diferentes quando vestidos e adornados ou consoante o "berço" em
que se nasceu???
21 de julho
A pensar que a minha vida é feita de
rotinas que a cada dia "pinto" de cores diferentes... Só assim a
reinvento e a torno motivadora e um sítio lindo para estar e ficar...
Porque todos temos o direito a ter um ponto de vista...
A minha entrada no ensino foi feita numa pequeníssima
aldeia rural do norte. Éramos uns 80 alunos, da 1ª à 4ª classe, todos
juntos na mesma e única sala de aula da escola - que não me lembro se
tinha ou não casas-de-banho, mas sei que não tinha qualquer espécie de
aquecimento contra o frio granítico, de Novembro a Março, que nos colava
às carteiras duplas, petrificados como estalactites. Lembro-me de que o
"recreio" era apenas um pequeno espaço plano, enlameado no Inverno, e
onde jogávamos futebol com uma bola feita de meias velhas e balizas
marcadas com pedras. A escola não tinha um vigilante, um porteiro, uma
secretária administrativa. Ninguém mais do que a D. Constança, a
professora que, sozinha, desempenhava todas essas tarefas e ainda
ensinava os rios do Ultramar aos da 4ª classe, a história pátria aos da
3ª, as fracções aos da 2ª, e as primeiras letras aos da 1ª. Ela,
sozinha, constituía todo o pessoal daquilo a que agora se chama o 1º
ciclo. Se porventura, adoecesse, ou se na aldeia houvesse, que não
havia, um médico disposto a passar-lhe uma baixa psicológica ou outra
qualquer quando não lhe apetecesse ir trabalhar, as 80 crianças da
aldeia em idade escolar ficariam sem escola. Mas ela não falhou um único
dia em todo o ano lectivo e eu saí de lá a saber escrever e para sempre
apaixonado pela leitura. Devo-lhe isso eternamente.
Nesse tempo, não havia Parque Escolar, não havia
pequenos-almoços na escola (que boa falta faziam!), não havia
aquecimento nas salas, não havia o recorde de Portugal e da Europa de
baixas profissionais entre os professores, não havia telemóveis nem
iPads com os alunos, não havia "Magalhães" ao serviço dos meninos, mas
sim lousas e giz, os professores não faziam greves porque estavam
"desmotivados" ou "deprimidos" e a noção de "horário zero" seria levada à
conta de brincadeira. Era assim a vida.
Não vou (notem: não vou) sustentar que assim é que
estava bem. Limito-me a dizer que tudo é relativo e que nada do que
temos por adquirido, excepto a morte, o foi sempre ou o será para
sempre. E sei que na Finlândia - o país considerado modelo no ensino
básico e secundário pela OCDE - os professores trabalham mais horas do
que aqui, não faltam às aulas e ganham proporcionalmente menos. Com
resultados substancialmente melhores, do único ponto de vista que
interessa aos pais e aos contribuintes: o desempenho escolar dos alunos.
Só uma classe que recusou, como ultraje, a
possibilidade de ser avaliada para efeitos de progressão profissional -
isto é, uma classe onde os medíocres reivindicaram o direito
constitucional de ganharem o mesmo que os competentes - é que se pode
permitir a irresponsabilidade e a leviandade de decretar uma greve aos
exames nacionais. Nisso, são professores exemplares: transmitem aos
alunos o seu próprio exemplo, o exemplo de quem acha que os exames, as
avaliações, são um incómodo para a paz de um sistema assente na
desresponsabilização, na nivelação de todos por baixo, na ausência de
estímulo ao mérito e ao esforço individual.
Mas a greve dos professores vai muito para lá deles:
reflecte o estado de espírito de uma parte do país que não entendeu ou
não quer entender o que lhe aconteceu. Deixem-me, então recordar:
Portugal faliu. O Portugal das baixas psicológicas, dos direitos
adquiridos para sempre, das falcatruas fiscais, das reformas
antecipadas, dos subsídios para tudo e mais alguma coisa, dos salários
iguais para os que trabalham e os que preguiçam, faliu. Faliu: não é
mais sustentável. Podemos discutir, discordar, opormo-nos às condições
do resgate que nos foi imposto e à sua gestão por parte deste Governo:
eu também o faço e veementemente. Mas não podemos, se formos sérios,
esquecer o essencial: se fomos resgatados, é porque fomos à falência; e,
se fomos à falência, é porque não produzimos riqueza que possa
sustentar o modo de vida a que nos habituámos. Se alguém conhece uma
alternativa mágica, em que se possa ter professores sem crianças,
auto-estradas sem carros, reformas sem dinheiro para as pagar,
acumulando dívida a 6, 7 ou 8% de juros para a geração seguinte pagar,
que o diga. Caso contrário, tenham pudor: não se fazem greves porque se
acaba com os horários zero, porque se estabelece um horário semanal (e
ficcional) de 40 horas de trabalho ou porque o Estado não pode sustentar
o mesmo número de professores, se os portugueses não fazem filhos.
Por mais que respeite o direito à greve, causa-me uma
sensação desagradável ver dirigentes sindicais, dos professores e não
só, regozijarem-se porque ninguém foi trabalhar. Ver um sindicalismo de
bota-abaixo constante, onde qualquer greve, qualquer manifestação, é
muito mais valorizada e procurada do que qualquer acordo e qualquer
negociação - como se, por cada português com vontade de trabalhar,
houvesse outro cujo trabalho consiste em dissuadi-lo desse vício. Assim
como me causa impressão, no estado em que o país está, saber que quase
200.000 trabalhadores pediram a reforma antecipada em 2012, mesmo
perdendo dinheiro, e apesar de se queixarem da crise e dos constantes
cortes nas pensões. Porque a mensagem deles é clara: "Eu, para já, mesmo
perdendo dinheiro, safo-me. Os otários que continuarem a trabalhar e
que se vierem a reformar mais tarde, em piores condições, é que lixam!" É
o retrato de um país que parece ter perdido qualquer noção de destino
colectivo: há um milhão de portugueses sem trabalho e grande parte dos
que o têm, aparentemente, só desejam deixar de trabalhar. Será assim que
nos livraremos da troika?
As coisas chegaram a um ponto de anormalidade tal,
que, quando o ministro da Educação, no exercício do seu mais elementar
dever - que é o de defender os direitos dos alunos contra a greve dos
professores - convoca todos eles para vigiar os exames, aqui d'El Rey na
imprensa bem-pensante que se trata de sabotar o legítimo direito à
greve. Ou seja: que haja professores (que os há, felizmente!) dispostos a
permitir que os alunos tenham exames é uma violação ilegítima do
direito dos outros a que eles não tenham exames. Di-lo o dr. Garcia
Pereira, o advogado dos trabalhadores e do dr. Jardim, infalível
defensor da classe operária, e o mesmo que, no final do meu tempo de
estudante, na Faculdade de Direito de Lisboa, invocando os ensinamentos
do grande camarada Mao, decretava greve aos "exames burgueses" - que o
fizeram advogado.
Não contesto que as greves, por natureza, causem
incómodos a outrem - ou não fariam sentido. Mas há limites para tudo.
Limites de brio profissional: um cirurgião não resolve entrar em grave
quando recebe um doente já anestesiado pronto para a operação; um
controlador aéreo não entra em greve quando tem um avião a fazer-se à
pista; um bombeiro não entra em greve quando há um incêndio para apagar.
Eu sei que isto que agora escrevo vai circular nos blogues dos
professores, vai ser adulterado, deturpado, montado conforme dê mais
jeito: já o fizeram no passado, inventando coisas que eu nunca disse, e
só custa da primeira vez. Paciência, é isto que eu penso: esta greve dos
professores aos exames, por muitas razões que possam ter, é
inadmissível.
Miguel Sousa Tavares escreve de acordo com a antiga ortografia
Texto publicado na edição do Expresso de 15 de junho de 2013
As mulheres são mais e têm maior longevidade.
Casam e são mães (de menos filhos) cada vez
mais tarde. Continuam a ser elas a assegurar a
maioria das licenças de acompanhamento
parental. O risco de pobreza é superior para
elas, bem como a taxa de privação material. As
mulheres presas são cada vez menos e as
mulheres vítimas (de crimes contra as pessoas)
são cada vez mais. As doenças do aparelho
circulatório são a sua principal causa de morte.
Estão em maioria no ensino secundário e
superior. Têm vindo a aderir às novas
tecnologias. Integram o mercado de trabalho,
mas têm taxas de desemprego mais elevadas.
Continuam a ser as principais agentes na
prestação de cuidados.
Casam e são mães (de menos filhos) cada vez
mais tarde. Continuam a ser elas a assegurar a
maioria das licenças de acompanhamento
parental. O risco de pobreza é superior para
elas, bem como a taxa de privação material. As
mulheres presas são cada vez menos e as
mulheres vítimas (de crimes contra as pessoas)
são cada vez mais. As doenças do aparelho
circulatório são a sua principal causa de morte.
Estão em maioria no ensino secundário e
superior. Têm vindo a aderir às novas
tecnologias. Integram o mercado de trabalho,
mas têm taxas de desemprego mais elevadas.
Continuam a ser as principais agentes na
prestação de cuidados.
Junho
29 de junho
Aqui andam elas, parecem tontinhas, as andorinhas!!!
A
pensar na frase que retive de Jorge Pina hoje, no programa Alta
Definição, "Dantes era cego, agora é que eu vejo"... PESSOA linda!!!
A
felicidade é um estado de espírito e, como todas as coisas, necessita
de prática... Por isso vamos praticar, praticar, praticar...
23 de junho
A pensar na Beleza da Vida e como nos surpreende com uma Vida Nova a
caminho o que nos torna ainda mais Felizes!!! Uma felicidade imensa que
transborda e nos coloca um sorriso durante o dia todo...
21 de junho
"Um revolucionário pode perder tudo: A família, a liberdade, até a vida. Menos a moral". (Fidel Castro)
E o Verão chegou mas um pouco envergonhado...
18 de junho
“Quando agredida, a natureza não se defende. Apenas se vinga.” Albert Einstein
A pensar que a vida é feita de pequenos momentos que nos dão tanta
felicidade e de outros menos bons... que em conjunto nos levam a dar
tanto valor à Vida e a sorrir-lhe a cada dia...
“Se há que desobedecer, prefiro que seja a uma ordem dos homens do que a uma ordem de Deus." - Aristides de Sousa Mendes
“Talvez a maior acção de salvamento feita por uma só pessoa durante o holocausto". Yehuda Bauer
15 de junho
Sempre a Vida no Olhar!!!
13 de junho
Navegar a cada dia em águas límpidas de sossego vestidas...
6 de junho
Há
dias sentei-me num banco de madeira em frente a minha casa enquanto
aguardava que o meu cão desse a sua voltinha matinal. Para meu espanto,
no encosto desse banco estava escrita a seguinte frase a giz azul "quem
se senta aqui é gay". Essa frase tem-me ocupado a mente, não pelo seu
conteúdo mas por constatar que os nossos jovens continuam a ter na sua
educação rótulos, discriminação e marginalização. É pelo exemplo que se
educa...
2 de junho
A
pensar numa conversa que tive com uma pessoa amiga. Falámos sobre o meu
gosto de andar de bicicleta e do facto de andar frequentemente atrás do
meu prédio com a dita cuja e com o meu cão a correr ao lado. Ela
terminou com a seguinte frase: As tuas
vizinhas devem te admirar, invejar e algumas odiar. Pensei sobre isto,
porque nunca me tinha ocorrido tal reflexão, e respondi: Eheh! Talvez
mas podem fazer como eu porque o que não fizermos hoje nunca mais
teremos a oportunidade de fazê-lo. Temos de ser felizes com o que nos dá
felicidade e, em simultâneo, que possamos concretizar. Adoro andar de
bicicleta e posso, felizmente. Adorava visitar os centros culturais do
mundo e não posso (só pela net ou televisão ou revistas, etc).Esquiar na
neve branquinha e sentir o frio dos andes e o calor das praias mais
belas e ver o fundo dos oceanos, também não posso (por enquanto). Posso
rir e sorrir e falar e fazer os outros felizes. Sentir o quentinho do
sol da minha janela. Admirar a chegada do astro rei em cada manhã. Ver
as andorinhas tontinhas a esvoaçar pela tardinha e observar o ocaso do
astro maior. Posso admirar as flores e absorver o seu perfume, ver o
verde dos campos e abraçar o meu cão... Temos de ser felizes com o que
nos faz felizes e que possamos concretizar...
1 de junho
Um dia Feliz para todos os que mantêm a CrIaNçA viva dentro de SI!!! ♥ ♥ ♥
Maio de 2013
20 de maio
Temos de dar valor ao que TEMOS e não valorizar o que não temos... Com sossego na Vida e pela vida em sossego.
16 de maio
"Fui para os bosques viver de livre vontade.
Para sugar todo o tutano da vida.
Para aniquilar tudo o que não era vida
e para, quando morrer, não descobrir que não vivi." (Henry Thoreau)
Para sugar todo o tutano da vida.
Para aniquilar tudo o que não era vida
e para, quando morrer, não descobrir que não vivi." (Henry Thoreau)
15 de maio
A pensar numa frase do último livro de Miguel Esteves Cardoso, Como é Linda a Puta da Vida, "O casamento feliz não é nem um contrato nem uma relação. Relações temos nós com toda a gente. É uma criação. É criado por duas pessoas que se amam."
10 de maio
A pensar que nunca apreciei muito pessoas que
dão conselhos como se fossem verdades absolutas... O pensamento está
sempre em construção e em evolução... É a vida, pela experimentação,
observação e reflexão que nos vai "construindo"... Errar, acertar,
voltar a tentar,,, Cair e levantar até alcançarmos o Sossego da Alma...
Se é que alguma vez se alcança...
5 de maio
Lindo levantar cedo e ouvir a natureza a
despertar!!! Milhares de sons que chegam com a aragem suave... A
luminosidade a aumentar devolvendo contornos cada vez mais nítidos do
que nos acolhe... Linda a vida de Sossego vestida!!!
24 abril
A pensar nestas palavras que vêm de encontro com a minha forma de pensar...
A atual educação estraga as crianças - Eduardo Sá
Foi assim que iniciou a sua palestra no Colégio de Nossa Senhora do Alto, em Faro, uma iniciativa promovida em colaboração por aquela instituição e pelo Centro de Formação Ria Formosa sobre o “Envolvimento Parental na Escola”.
Perante um auditório com cerca de 280 pessoas, o conferencista afirmou que “a estrutura tecnocrática, em que se transformou a educação, faz mal” e criticou o “furor da formação técnica e científica” que levou ao esquecimento de que “o melhor do mundo não é a escola mas as pessoas e, em particular, as relações familiares”. Lamentando a ausência de uma lei de bases para a família e para a criança, Eduardo Sá lembrou que “há aspetos muito mais importantes do que a escola na vida das crianças”, como a família. “Estamos a criar uma mole de licenciados e de mestres aos 23 anos que esperamos que sejam ídolos antes dos 30 e o fundamental não é isso”, lastimou, lembrando que “estamos a exigir aos nossos filhos que sejam iguais a nós: que ponham o trabalho à frente de tudo o resto”, esquecendo-nos de brincar com eles.
O conferencista considerou que “criámos uma ideia absurda de desenvolvimento” e lembrou que “a vida não acaba aos 17 anos com a entrada no ensino superior”. “Só os alunos que tiveram pelo menos uma negativa no seu percurso educativo é que deviam entrar no ensino superior porque estamos a criar uma geração de pessoas imunodeprimidas”, defendeu, sustentando que “errar é aprender”.
Eduardo Sá disse achar “uma estupidez” crermos que tecnocratas sejam “sempre mais inteligentes porque dominam a estatística”, “inacreditável” que “o mundo, hoje, privilegie o número à palavra” e um “escândalo” que, “nesta sociedade do conhecimento, não perguntemos até que ponto é que mais conhecimento representou mais humanidade”. “Este mundo está felizmente a morrer de morte natural. O futuro vão voltar a ser as pessoas”, congratulou-se, considerando a atual crise uma “oportunidade fantástica que temos a sorte de estar a viver”. “Esta crise representa o fim de um ciclo que aplaudo de pé. Este furor positivista está felizmente a morrer”, complementou, considerando que “o custo do positivismo foi a burocracia e a tecnocracia”.“Acho ótimo que possamos reabilitar algumas noções que parecem ferir os tecnocratas e que são preciosas para a natureza humana. Acho inacreditável que, depois do positivismo, a fé tenha passado de moda porque a fé é uma experiência de comunhão entre as pessoas”, acrescentou.
Eduardo Sá defendeu que as “educações tecnológicas” possam dar lugar à “educação para o amor” como “a questão mais importante das nossas vidas”. “Acho fundamental que tenhamos a coragem, a ousadia e a verticalidade de dizer que a maior parte das pessoas se sente mal-amada e acho fundamental explicar aos nossos filhos que é mentira que acertemos no amor à primeira e que é notável aquilo que se passa dentro do nosso coração”, afirmou.
Neste sentido afirmou que “devia ser proibido dizermos aos nossos filhos que se deve casar para sempre”. “Sempre que namoramos mais um bocadinho, casamo-nos mais um pouco e sempre que deixamos de namorar, divorciamo-nos em suaves prestações”, concretizou a provocação, considerando o casamento tão sagrado como frágil. “É uma experiência sagrada porque duas pessoas que decidem comungar-se é uma experiência tão preciosa que é sagrada, mas é frágil porque, às vezes, os pais estão tão preocupados com a educação dos filhos que se esquecem de namorar todos os dias”, lamentou, lembrando que “pais mal-amados tornam-se piores pais”. “É fundamental que a relação amorosa dos pais esteja em primeiro lugar, antes da relação dos pais com as crianças”, sustentou.
Eduardo Sá defendeu que “as crianças devem sair o mais tarde possível de casa” e jardins de infância “tendencialmente gratuitos para todos”. “Não se compreende como é que a educação infantil e o ensino obrigatório não são a mesma coisa”, criticou, lamentando que os governantes, “nomeadamente a propósito da crise da natalidade”, não perguntem: “quanto é que uma família da classe média (se é que isso ainda existe em Portugal) precisa de ganhar para ter dois ou três filhos num jardim de infância”.
O psicólogo defendeu ainda jardins de infância onde as crianças “brinquem e ouçam e contem histórias”, tenham educação física, educação musical e educação visual. “O ensino básico não é muito importante senão para que, para além de tudo isto, as crianças tenham português e matemática”, disse, considerando ser “mentira que as crianças não tenham competências para a aprendizagem da matemática”. “É ótimo brincar com a matemática mas a matemática sem o português torna-nos estúpidos. Não consigo entender que este país não acarinhe a língua materna”, criticou.
Eduardo Sá disse ainda não achar que “mais escola seja melhor escola”, criticando os blocos de aulas de 90 minutos porque aulas expositivas daquela duração são “amigas dos défices de atenção”. “Acho um escândalo que as crianças comecem a trabalhar às 8h, terminem às 20h e que tenham, entre blocos de 90 minutos, 10 minutos de intervalo. Quanto mais as crianças puderem brincar, mais sucesso escolar têm”, defendeu, acrescentando que “os pais estão autorizados a ser vaidosos com os filhos mas proibidos de querer a criar jovens tecnocratas de fraldas”. “Devia ser proibido que as crianças saíssem do jardim de infância a saber ler e escrever”, advertiu.
A terminar, defendeu ser possível “ter sucesso escolar” e “gostar da escola”. “Tenho esperança que um dia as crianças queiram fugir para a escola”, concluiu.
22 abril
A PrImAvErA linda que nos aquece o OlHaR...
Maravilhoso ver a alegria do Apolo a correr ao lado da minha bicicleta!!!
Têm
sido feitas lindas obras na nossa cidade... A Lagoa Artificial é uma delas. Nas
noites quentes e calmas de Verão ouvem-se aqui todos os sons da
natureza sempre em vida...
5 abril
Amo-te, minha heroína ! (Bernardo Rebordão)
Amo-te, minha heroína ! (Bernardo Rebordão)
Belo dia de chuva!!! Parece que já não chovia há muito, muito tempo... Eheheheh...
27 março
As nuvens
Como flocos de algodão
Elas aí vão
Sem pressas
Sem alvoroços
Como num corrimão
Escorregando pelo azul do céu
Tal criança atirando o chapéu
E chega o sol
E elas transparentes
Brilhantes
Quedam-se a admirar
O astro maior
Que vem transformar
O dia com magestosos coloridos
Tal criança pintando as cores do arco-íris
Mas vejam
Ele escondeu-se
Numa nuvem maior
Forte e cheia
Acinzentada
Escurecida
A esta junta-se outra
E mais outra
E outra
E ferozes desencadeiam
Uma trovoada
Mas o REI não desiste
E o vento vem ajudá-lo
E juntos afastam
As nuvens
Vazias
Submissas
E...
Alegria
Numa gota refletem-se
As cores da vida
Vejam!!!
Um arco-íris
Gritam as crianças admiradas
Maravilhadas
E a criança quieta
Calada
Absorta
Sussurra baixinho
Tão lindo, igual ao Meu...
Entra em casa
Abraça a mãe
E diz-lhe com carinho
Baixinho
Toma, MÃE
Este desenho
Que fiz para TI!!!
Como flocos de algodão
Elas aí vão
Sem pressas
Sem alvoroços
Como num corrimão
Escorregando pelo azul do céu
Tal criança atirando o chapéu
E chega o sol
E elas transparentes
Brilhantes
Quedam-se a admirar
O astro maior
Que vem transformar
O dia com magestosos coloridos
Tal criança pintando as cores do arco-íris
Mas vejam
Ele escondeu-se
Numa nuvem maior
Forte e cheia
Acinzentada
Escurecida
A esta junta-se outra
E mais outra
E outra
E ferozes desencadeiam
Uma trovoada
Mas o REI não desiste
E o vento vem ajudá-lo
E juntos afastam
As nuvens
Vazias
Submissas
E...
Alegria
Numa gota refletem-se
As cores da vida
Vejam!!!
Um arco-íris
Gritam as crianças admiradas
Maravilhadas
E a criança quieta
Calada
Absorta
Sussurra baixinho
Tão lindo, igual ao Meu...
Entra em casa
Abraça a mãe
E diz-lhe com carinho
Baixinho
Toma, MÃE
Este desenho
Que fiz para TI!!!
Agora a pensar: Mas o que é isto da
democracia??? É que me parece que anda tudo muito confuso... Refletir
sempre será o melhor... Refletir, Refletir, Refletir...Uns porque querem
o Sócrates na RTP outros porque não querem... Uns porque
querem que o Governo se demita outros porque não querem... Uns porque
querem a continuação na UE outros porque não querem... Uns que querem
por cá a Troika outros porque não querem. Xi... Vai lá vai... Se
soubéssemos o que se passa nos bastidores das decisões é que ficaríamos
todos sem pio... E o dia tão lindo lá fora...
15 março
"Os mais velhos devem transmitir SABEDORIA aos mais novos..."
Seria bom que assim fosse até por aqui... Imagens, frases, o pessimismo
e a culpabilização dos que são considerados de maus amigos por aquilo
que de negativo acontece na vida...
Importante refletir sobre o nosso papel na sociedade...
6 março
5 março
A pensar em como seria bom dar um abraço à mãe do Rui Pedro que na sua fragilidade mas grande FORÇA continua a sua luta à procura de respostas e na procura do filho. Seria tão bom ver o SORRISO regressar ao seu rosto...
4 março
♥ Eu também...
Fevereiro de 2013
Eu encheria o teu mundo de cores
Eu encheria o teu mundo de odores
Se a vida fosse contigo
Se a vida fosse comigo
Encheria até ao cimo
Extravazaria até ao infinito
Mas o agora é presente
E agora estás ausente
Ausente no presente
Presente mas ausente
Foge o pensamento constantemente
Tentando prender-te
Ao presente para sempre
(Celeste Rebordão)
Janeiro
17 fevereiro
Eu encheria o teu mundo de odores
Se a vida fosse contigo
Se a vida fosse comigo
Encheria até ao cimo
Extravazaria até ao infinito
Mas o agora é presente
E agora estás ausente
Ausente no presente
Presente mas ausente
Foge o pensamento constantemente
Tentando prender-te
Ao presente para sempre
(Celeste Rebordão)
Janeiro
31 janeiro
Ei-las que chegam de pantufas
Como que envoltas em lãs
Palavras Obtusas
Palavras Vãs
Chegam em nuvem cinzenta
Tais abutres em bando
Rasgando
Triturando
Anunciando grande tormenta
Almejam transformar
A beleza em feiura
A pureza em negrura
A simplicidade em subtileza
Das palavras castas
São Traidoras
Perversas
Perigosas
Maliciosas
Mas desenganem-se
Que aqui não entram
Não causam efeito
Não causam dano
São demasiado despidas
Para qualquer engano
(Celeste Rebordão)
Como que envoltas em lãs
Palavras Obtusas
Palavras Vãs
Chegam em nuvem cinzenta
Tais abutres em bando
Rasgando
Triturando
Anunciando grande tormenta
Almejam transformar
A beleza em feiura
A pureza em negrura
A simplicidade em subtileza
Das palavras castas
São Traidoras
Perversas
Perigosas
Maliciosas
Mas desenganem-se
Que aqui não entram
Não causam efeito
Não causam dano
São demasiado despidas
Para qualquer engano
(Celeste Rebordão)
REGAR a vida de amor, esperança, humildade e gratidão... E alegria!!!
Ontem li este poema simples de Augusto Barros mas que me trouxe à ideia tantas situações que vivemos no dia a dia e que vamos "arrumando" para o lado, porque não nos identificamos com elas. Seria mais ou menos assim
...
Meias verdades
Meias vontades
Meias saudades
Viver pela metade é ilusão
Tire suas meias
Ponha o pé no chão
Ontem li este poema simples de Augusto Barros mas que me trouxe à ideia tantas situações que vivemos no dia a dia e que vamos "arrumando" para o lado, porque não nos identificamos com elas. Seria mais ou menos assim
...
Meias verdades
Meias vontades
Meias saudades
Viver pela metade é ilusão
Tire suas meias
Ponha o pé no chão
28 janeiro
Passam os dias
Passam as noites
Passam as horas
A VIDA sempre em movimento
Vem a LUA
Vêm as estrelas
Vem o SOL
E A VIDA sempre a mudar...
... E A VIDA sempre a renovar
Vêm as lágrimas
Vem o colo
Vem o abraço
Vêm as palavras
Vem o sorriso
É o coração a FALAR...
E de partilha
E de gratidão
E de humildade
E de recompensa
Lado a lado
Num abraço
Continuamos a caminhar
(Obrigada Luzita e Cila, do ♥)
"Semeamos HUMILDADE e colhemos MARAVILHAS"
Passam as noites
Passam as horas
A VIDA sempre em movimento
Vem a LUA
Vêm as estrelas
Vem o SOL
E A VIDA sempre a mudar...
... E A VIDA sempre a renovar
Vêm as lágrimas
Vem o colo
Vem o abraço
Vêm as palavras
Vem o sorriso
É o coração a FALAR...
E de partilha
E de gratidão
E de humildade
E de recompensa
Lado a lado
Num abraço
Continuamos a caminhar
(Obrigada Luzita e Cila, do ♥)
"Semeamos HUMILDADE e colhemos MARAVILHAS"
Terminei de ler o primeiro volume da Obra de
Miguel Torga, A Criação do Mundo. Esta foi uma das passagens que me
marcou e que me revelaram a GRANDEZA de caráter desta PESSOA magnífica.
Aqui fica como um marco de um dos vultos da nossa Literatura.
"Tinha a impressão de que os anos iam enrijando certas regiões do meu
carácter. Era uma espécie de dureza interior progressiva, contra a qual
todos os guilhos da ambiguidade, do convencionalismo, dos interesses e
da convivência se quebravam. Esse monolitismo tornava cada dia mais
difícil um dia-a-dia em que os passos bem sucedidos pressupunham
maleabilidade, brandura, adaptação. Mas, embora visse claramente as
vantagens de ser doutra maneira, sabia que estava condenado a pagar à
vida o duro tributo da sinceridade. Nascera inteiriço, continuaria
inteiriço, fossem quais fossem as consequências."
De quando em vez enviam-me um mail com as previsões do meu signo. Nunca atribuí importância e este assunto e não têm a menor relevância no meu dia a dia no entanto, hoje SORRI quando li essas palavras vindas sei lá de que mente "iluminada". Deixo-as aqui pois ultimamente só mesmo com uma grande força tenho conseguido resolver e "levantar-me" de tantas situações, umas esperadas e outras inesperadas...
Recompensa
O tempo de esforço terminou. Agora você pode respirar fundo e relaxar. Use esta fase para aumentar o seu bem-estar físico. Vitaminas e ar fresco vão lhe dar um novo sopro de vida que você deve manter a todo custo. As relações com aqueles ao seu redor estão livres de mal-entendidos e conflitos. Portanto, você pode desfrutar de momentos felizes com seus amigos e familiares.
...eheheh... UFA!!!
De quando em vez enviam-me um mail com as previsões do meu signo. Nunca atribuí importância e este assunto e não têm a menor relevância no meu dia a dia no entanto, hoje SORRI quando li essas palavras vindas sei lá de que mente "iluminada". Deixo-as aqui pois ultimamente só mesmo com uma grande força tenho conseguido resolver e "levantar-me" de tantas situações, umas esperadas e outras inesperadas...
Recompensa
O tempo de esforço terminou. Agora você pode respirar fundo e relaxar. Use esta fase para aumentar o seu bem-estar físico. Vitaminas e ar fresco vão lhe dar um novo sopro de vida que você deve manter a todo custo. As relações com aqueles ao seu redor estão livres de mal-entendidos e conflitos. Portanto, você pode desfrutar de momentos felizes com seus amigos e familiares.
...eheheh... UFA!!!
26 janeiro
“Se nada nos salva da morte, pelo menos que o amor nos salve da vida.” Pablo Neruda23 janeiro
A pensar que depois da tempestade vem sempre o quentinho do SOL... Linda a vida de esperança e de gratidão vestida!!!
19 janeiro
"...o primeiro e principal problema comportamental da esmagadora maioria dos cães tem um nome: dono." Obrigada, Helena Isabel Jacinto, palavras que traduzem o que penso e sinto. Beijinho.
Triste a vida sem coerência vestida...
..
EXCELENTE ARTIGO
Começou ontem a saga da criança que alegadamente foi atacada por um cão, de raça considerada perigosa. Hoje, estou duplamente triste, pois dois seres vivos encontraram a morte. A criança morreu e o cão está no corredor da morte. Duplamente triste.
Muita gente, com certeza, vai espumar e ficar indignada com esta crónica. A raiva e a fúria toldam a razão. Primeiro, gostaria de não ter de escrevê-la, de todo. Depois, gostaria de a escrever noutras circunstâncias que não após a morte de uma criança. E isso acontece precisamente porque decidi não a escrever no calor do momento, quis esperar que o meu discernimento tranquilizasse e me permitisse tratar este delicado e triste assunto com justiça. Justiça para a criança e para o cão.
E para que a justiça impere é necessário saber o que realmente aconteceu. Nada se disse sobre isso. Em todos os noticiários os mais básicos critérios jornalísticos foram atropelados, não foram cumpridos. Aquilo que qualquer jornalista deve aprender na primeira lição de jornalismo falhou redondamente ao não serem respondidas as seis perguntas fundamentais: ficámos a saber “quem”, “quando” e “onde”, ficámos com sérias dúvidas em “o quê”, o “como” e “porquê” ficaram sem resposta, porque nem sequer foram questionados.
Após várias notícias em diversos meios de comunicação, continuei sem saber o que realmente tinha acontecido. Sabia apenas que “um cão” tinha “atacado uma criança de 18 meses em Beja”, que esse cão era da família e conviveu pacificamente durante nove anos, que a criança tinha um traumatismo crânio-encefálico, e que o cão fora levado para o canil onde será abatido após os oito dias legais. Como? Porquê? O que aconteceu?
De que forma o cão atacou a criança? Um traumatismo crânio-encefálico é geralmente fruto de uma queda/pancada. Se um cão como o referido, possante, atacasse alguém de forma viciosa e agressiva, principalmente uma criança, os ferimentos por laceração seriam graves. Só foi sempre mencionado o traumatismo.
É uma criança, é trágico e triste, mas isso não cessa o dever de questionar e informar acima de qualquer suspeita. Ninguém perguntou como foi o ataque? Em que circunstâncias e como ocorreu? Investiu agressivamente e mordeu? Correu para a criança, derrubando-a e fazendo com que batesse com a cabeça no chão, provocando o traumatismo? Como foi?
Foi esta a informação que tivemos.
Esta informação não me chegou, mas eu não sou a maior parte da população. Para a maioria, diria a esmagadora maioria, esta informação chegou e estava dito tudo o que era preciso ouvir: um cão atacou uma criança, que foi para o hospital em estado grave.
Procurei mais dados. No meio do jornalismo-papagaio encontrei finalmente uma notícia “quase” bem construída, pelo menos uma notícia que explicava relativamente os factos.
O cão afinal atacou a criança? Não.
“O animal pertence a um tio do menino, que vive na mesma casa com os pais e os avós da vítima. Em declarações aos jornalistas, o avô da criança, Jacinto Pinto, disse que o cão estava «às escuras» na cozinha da casa quando o menino foi àquela divisão e «caiu-lhe em cima» e o animal atacou-o. O que aconteceu «não tem explicação» porque o cão «era meigo», «sempre conviveu com crianças» e em nove anos de vida «nunca» antes tinha atacado ou feito mal a alguém (…)”, in www.publico.pt
“O miúdo caiu em cima dele e ele atacou”, são palavras de Linda Rosa, a veterinária municipal de Beja que adianta uma declaração incompreensível: “Como ou porquê ao final de nove anos de convivência com a família? Está na natureza de todos os cães, particularmente estes cruzados de raças potencialmente perigosas, como o pitbull”. Uma pérola de sabedoria nestas palavras.
Senhora veterinária, se a senhora fosse um cão, estivesse deitado num quarto às escuras e lhe caíssem em cima, mesmo que fosse um Yorkshire miniatura iria com certeza reagir!
Quando foi recolhido pela Câmara, e segundo o testemunho da veterinária municipal, o cão “estava bem tranquilo e não mostrou agressividade nenhuma”.
Não sou uma “dog person” e sinto muito respeito por cães possantes e de grande porte. Mas sei que o primeiro e principal problema comportamental da esmagadora maioria dos cães tem um nome: dono. E por coincidência, apesar de ter todas as provas de ser um animal dócil, Jacinto Pinto, o avô, confessou que estava “desejando” que o animal fosse abatido e que “há uma ano e tal” tinha ido à AMALGA (N.A. vulgo canil municipal) para o tentar abater, porque “não tinha condições para ter o cão em casa”. Palavras para quê…?
Na imagem, viu-se um cão com aspecto submisso e tranquilo, com a coleira de tal modo presa às grades que não conseguia mover a cabeça. Não se viu ponta de agressividade. E a mim, que tenho a péssima mania de pensar, tudo me parecia tão estranho, tão mal contado. E estava.
Compreendo a angústia dos pais da criança. A mesma angústia que sentiriam se o filho fosse empurrado por outra criança e caísse e batesse com a cabeça e ficasse gravemente ferido.
Que pena o cão não ter pais.
Que pena a criança ter morrido.
O cão, esse está no corredor da morte, e a sentença não estava dependente da sobrevivência ou não da criança, pois seria morto e ponto final. Não se trata de um violador de crianças cuja pena é mais leve se a criança abusada não morrer, e que é protegido por guarda policial, e que tem uma cela confortável onde não fica preso pelo pescoço.
O cão morreu no momento em que declararam o presumível ataque. Porquê? Alguém sabe? Alguém tentou saber?
Ah, já me esquecia… é só um cão.
E no meio de toda esta tragédia, de toda esta desgraça… como se deixa um bebé de 18 meses entrar sozinho numa cozinha escura onde está um cão a dormir…?
Começou ontem a saga da criança que alegadamente foi atacada por um cão, de raça considerada perigosa. Hoje, estou duplamente triste, pois dois seres vivos encontraram a morte. A criança morreu e o cão está no corredor da morte. Duplamente triste.
Muita gente, com certeza, vai espumar e ficar indignada com esta crónica. A raiva e a fúria toldam a razão. Primeiro, gostaria de não ter de escrevê-la, de todo. Depois, gostaria de a escrever noutras circunstâncias que não após a morte de uma criança. E isso acontece precisamente porque decidi não a escrever no calor do momento, quis esperar que o meu discernimento tranquilizasse e me permitisse tratar este delicado e triste assunto com justiça. Justiça para a criança e para o cão.
E para que a justiça impere é necessário saber o que realmente aconteceu. Nada se disse sobre isso. Em todos os noticiários os mais básicos critérios jornalísticos foram atropelados, não foram cumpridos. Aquilo que qualquer jornalista deve aprender na primeira lição de jornalismo falhou redondamente ao não serem respondidas as seis perguntas fundamentais: ficámos a saber “quem”, “quando” e “onde”, ficámos com sérias dúvidas em “o quê”, o “como” e “porquê” ficaram sem resposta, porque nem sequer foram questionados.
Após várias notícias em diversos meios de comunicação, continuei sem saber o que realmente tinha acontecido. Sabia apenas que “um cão” tinha “atacado uma criança de 18 meses em Beja”, que esse cão era da família e conviveu pacificamente durante nove anos, que a criança tinha um traumatismo crânio-encefálico, e que o cão fora levado para o canil onde será abatido após os oito dias legais. Como? Porquê? O que aconteceu?
De que forma o cão atacou a criança? Um traumatismo crânio-encefálico é geralmente fruto de uma queda/pancada. Se um cão como o referido, possante, atacasse alguém de forma viciosa e agressiva, principalmente uma criança, os ferimentos por laceração seriam graves. Só foi sempre mencionado o traumatismo.
É uma criança, é trágico e triste, mas isso não cessa o dever de questionar e informar acima de qualquer suspeita. Ninguém perguntou como foi o ataque? Em que circunstâncias e como ocorreu? Investiu agressivamente e mordeu? Correu para a criança, derrubando-a e fazendo com que batesse com a cabeça no chão, provocando o traumatismo? Como foi?
Foi esta a informação que tivemos.
Esta informação não me chegou, mas eu não sou a maior parte da população. Para a maioria, diria a esmagadora maioria, esta informação chegou e estava dito tudo o que era preciso ouvir: um cão atacou uma criança, que foi para o hospital em estado grave.
Procurei mais dados. No meio do jornalismo-papagaio encontrei finalmente uma notícia “quase” bem construída, pelo menos uma notícia que explicava relativamente os factos.
O cão afinal atacou a criança? Não.
“O animal pertence a um tio do menino, que vive na mesma casa com os pais e os avós da vítima. Em declarações aos jornalistas, o avô da criança, Jacinto Pinto, disse que o cão estava «às escuras» na cozinha da casa quando o menino foi àquela divisão e «caiu-lhe em cima» e o animal atacou-o. O que aconteceu «não tem explicação» porque o cão «era meigo», «sempre conviveu com crianças» e em nove anos de vida «nunca» antes tinha atacado ou feito mal a alguém (…)”, in www.publico.pt
“O miúdo caiu em cima dele e ele atacou”, são palavras de Linda Rosa, a veterinária municipal de Beja que adianta uma declaração incompreensível: “Como ou porquê ao final de nove anos de convivência com a família? Está na natureza de todos os cães, particularmente estes cruzados de raças potencialmente perigosas, como o pitbull”. Uma pérola de sabedoria nestas palavras.
Senhora veterinária, se a senhora fosse um cão, estivesse deitado num quarto às escuras e lhe caíssem em cima, mesmo que fosse um Yorkshire miniatura iria com certeza reagir!
Quando foi recolhido pela Câmara, e segundo o testemunho da veterinária municipal, o cão “estava bem tranquilo e não mostrou agressividade nenhuma”.
Não sou uma “dog person” e sinto muito respeito por cães possantes e de grande porte. Mas sei que o primeiro e principal problema comportamental da esmagadora maioria dos cães tem um nome: dono. E por coincidência, apesar de ter todas as provas de ser um animal dócil, Jacinto Pinto, o avô, confessou que estava “desejando” que o animal fosse abatido e que “há uma ano e tal” tinha ido à AMALGA (N.A. vulgo canil municipal) para o tentar abater, porque “não tinha condições para ter o cão em casa”. Palavras para quê…?
Na imagem, viu-se um cão com aspecto submisso e tranquilo, com a coleira de tal modo presa às grades que não conseguia mover a cabeça. Não se viu ponta de agressividade. E a mim, que tenho a péssima mania de pensar, tudo me parecia tão estranho, tão mal contado. E estava.
Compreendo a angústia dos pais da criança. A mesma angústia que sentiriam se o filho fosse empurrado por outra criança e caísse e batesse com a cabeça e ficasse gravemente ferido.
Que pena o cão não ter pais.
Que pena a criança ter morrido.
O cão, esse está no corredor da morte, e a sentença não estava dependente da sobrevivência ou não da criança, pois seria morto e ponto final. Não se trata de um violador de crianças cuja pena é mais leve se a criança abusada não morrer, e que é protegido por guarda policial, e que tem uma cela confortável onde não fica preso pelo pescoço.
O cão morreu no momento em que declararam o presumível ataque. Porquê? Alguém sabe? Alguém tentou saber?
Ah, já me esquecia… é só um cão.
E no meio de toda esta tragédia, de toda esta desgraça… como se deixa um bebé de 18 meses entrar sozinho numa cozinha escura onde está um cão a dormir…?
12 janeiro
A Arte acompanha-nos, faz-nos falta,
alimenta-nos, coloca-nos um sorriso no rosto, ilumina-nos a vida... É
impensável seguir o meu CAMINHO sem ter ao meu lado ou no meu olhar uma
pintura, uma escultura, um LIVRO, uma música, um filme, uma peça de
Teatro, um bailado, uma ÓPERA...
5 janeiro
As guerras só trazem DOR e SANGUE...
2 janeiro
Penso que nada nos afasta do nosso “destino”, por mais que analisemos e reflitamos, porque ele é feito de todas as nossas atitudes e por todos os contextos envolventes, desde que nascemos até morrermos. Pensamos alterar um comportamento, que não está de acordo com o que achamos mais correto, ou ultrapassar esta ou aquela barreira mas no final a nossa essência vem sempre ao de cima... e é incontornável. Aceitarmo-nos como somos e aceitar os outros, lutarmos por alcançar os nossos objetivos e encararmos a vida de frente com todas as consequências será, talvez, a melhor atitude...
2012
Agosto
Em tempos de preocupação...
Pensamos nas espécies condenadas à extinção
Pensamos na poluição
Pensamos nas alterações climáticas
Pensamos nos incêndios
Pensamos nos acidentes de viação
Pensamos nos homicídios...
… Pensamos nos suicídios
Pensamos em tanta depressão
Pensamos nos afogamentos
Pensamos nos crimes sem punição
Pensamos nos roubos
Pensamos na fome pela falta de pão
Pensamos nos interesses escondidos
Pensamos em tanta perversão...
Pensamos, pensamos...
… em tantos comportamentos humanos que nos conduzem à destruição (???)
Espero que não!!!
O ser humano
Através da reflexão
E da união
Tem o poder de ação
De dar a mão...
..de modificar o que está na nossa “mão”...
(celeste rebordão)
Vem, Vida...
A vida de todos os dias
Que me habita
Que me grita
Estou aqui
Estás aqui
Dá-me este brilho no Olhar
Esta vontade de Estar
Esta felicidade no Partilhar...
(celeste rebordão)
Manhã...início de mais um dia
Bem cedo, pela manhã
Ouvem-se todos os sons
Sentem-se todos os movimentos
Inalam-se todos os aromas...
São os passarinhos a cantar
São as folhas das árvores a embalar
São os perfumes das flores no ar...
É a paz e a calma de mais um dia a desabrochar...
Será poesia barata a do meu viver?
Não interessa...
O que conta é o que representa
No meu coração
Na minha forma de estar
Na ALEGRIA do meu VIVER!!!
(celeste rebordão)
Julho
Há dias recebi uma mensagem eletrónica de um
amigo de infância, que me incentivava a escrever no meu blog (porque
gostava de ler a simplicidade expressa nas palavras) e me questionava
sobre o motivo porque estou tanto tempo sem escrever, ultimamente.
Refleti sobre o assunto, como tenho por hábito fazer quando a resposta
não surge prontamente. Sei que escrevo sempre que estou tranquila e
feliz e também nos momentos de grande dor. Ou seja, escrevo em momentos
extremos...do meu sentir e do meu
estar... Deixo de escrever quando a dúvida e a incerteza estão
instaladas como nuvens cinzentas no caminho... páro de escrever quando
inicio a procura de respostas para trilhar mais algum espaço neste
andar, que é a vida... Está aí a resposta, querido amigo...
A dúvida
e a incerteza tiram-me o equilibrio e torna-se penoso fazer o que me dá
prazer... Escrever é uma coisa que amo fazer...e outras, que também
estão “adormecidas” até que a LUZ imensa volte...
2011
Julho
16 de julho 17:22
A vida...
Procura-se
nas religiões, nos ginásios e locais de diversão algo que traga a paz
interior quando esta apenas se encontra procurando dentro de nós...
Procura-se nos amigos respostas para decisões na vida
responsabilizando-os pelo sucesso ou insucesso dos resultados...
Quer-se
tudo mastigado e pronto a engolir e o corpo torna-se preguiçoso para o
verdadeiro alimento que é o viver a vida através do pensamento e da ação,
acertando ou errando, mas sempre de forma responsável pelo próprio
destino...
Estamos a tornar-nos nuns seres fracos e apáticos face ao
desafio da vida...
E a VIDA é tão linda!
Ontem... Hoje e Sempre (espero!!!) com todos os SONHOS no OLHAR...