sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

...final de mais um ano da vida




...no final de mais um ano da minha vida, olho para trás e penso em como o ano que está prestes a terminar começou...

Como sempre, visitei os meus familiares com aquela necessidade de lhes transmitir como são importantes na minha vida... Todos estão sempre no meu coração e o pensamento viaja para eles ao longo do dia... pais, irmãs, irmão, cunhados, sobrinhos...

Não refiro os meus filhos, a minha família, da qual não me consigo dissociar porque eles são eu e eu eles...

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Quero também lembrar os que já partiram porque eles andam sempre comigo numa alegria na vida toldada pela nostalgia e os seus risos acompanham-me...não consigo sentir de outra forma. Fica a saudade, os sorrisos, os olhares, a bondade que todos encerravam, o sofrimento partilhado... as recordações de momentos tão felizes e outros tão tristes mas todos momentos da vida. Sempre aceitei a partida deles porque sabia da sua inevitabilidade. Por vezes são duros os caminhos que temos de percorrer mas, o sofrimento torna-nos mais humanos e cada dia da vida passa a ser vivido, e sentido, de outra forma e é recebido como uma benção...




Para mim não há dias feios. Todos eles são lindos... com sol ou sem sol, com frio ou quentes, com vento ou calmos, com chuva ou neve... Toda a tristeza desaparece quando sentimos a força da vida e a beleza que a natureza encerra.

Aos meus amigos, aqueles que estão sempre, mesmo sem estarem ou estando, o meu agradecimento por me aquecerem o coração. Por me acarinharem nas minhas falhas, nos meus insucessos ou sucessos... por não "repararem" quando me esqueço de os referir, por não me lembrar dos seus aniversários, por não comparecer ao cafézinho marcado com antecedência mas que naquela hora o meu "estar" será mais desastroso do que o "não estar"... Por partilharmos alegrias e tristezas... é tão bom ter-vos na minha vida.


Para o ano cá estaremos... familiares, amigos, conhecidos, desconhecidos que se tornarão conhecidos...

A vida é um ciclo que só termina quando pararmos de respirar ou quando deixarmos de ter um sorriso para oferecer...

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Triste o que não tem um sorriso para dar, um conforto a transmitir, um perdão no coração...
Triste o que olha só para si julgando os outros como se a vida fosse feita de medidas perfeitas e infalíveis...
Triste o que acha que tem o direito de andar triste quando há tanto sofrimento autêntico no mundo...



... o AMOR é o combustível da VIDA... sem ele tudo se torna árido e infértil...



Um ano bom para todos nós...

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

A Moça Tecelã, de Marina Colasanti



A Moça Tecelã




"Acordava ainda no escuro, como se ouvisse o sol chegando atrás das beiradas da noite. E logo sentava-se ao tear.

Linha clara, para começar o dia. Delicado traço cor da
luz, que ela ia passando entre os fios estendidos, enquanto lá fora a claridade da manhã desenhava o horizonte.
Depois lãs mais vivas, quentes lãs iam tecendo hora a hora, em longo tapete que nunca acabava.

Se era forte demais o sol, e no jardim pendiam as pétalas, a moça colocava na lançadeira grossos fios cinzentos do algodão mais felpudo. Em breve, na penumbra trazida pelas nuvens, escolhia um fio de prata, que em pontos longos rebordava sobre o tecido. Leve, a chuva vinha cumprimentá-la à janela.

Mas se durante muitos dias o vento e o frio brigavam com as folhas e espantavam os pássaros, bastava a moça tecer com seus belos fios dourados, para que o sol voltasse a acalmar a natureza.
Assim, jogando a lançadeira de um lado para outro e batendo os grandes pentes do tear para frente e para trás, a moça passava os seus dias.

Nada lhe faltava. Na hora da fome tecia um lindo peixe, com cuidado de escamas. E eis que o peixe estava na mesa, pronto para ser comido. Se sede vinha, suave era a cor de leite que entremeava o
tapete. E à noite, depois de lançar seu fio de es
curidão, dormia tranquila.

Tecer era tudo o que fazia. Tecer era tudo o que queria fazer.

Mas tecendo e tecendo, ela própria trouxe o tempo em que se sentiu sozinha, e pela primeira vez pensou em como seria bom ter um marido ao lado.



Não esperou o dia seguinte. Com capricho de quem tenta uma coisa nunca conhecida, começou a entremear no tapete as lãs e as cores que lhe dariam companhia. E aos poucos seu desejo foi aparecendo, chapéu emplumado, rosto barbado, corpo aprumado, sapato engraxado. Estava
justamente acabando de entremear o último fio da ponto dos sapatos, quando bateram à porta.

Nem precisou abrir. O moço meteu a mão na maçaneta, tirou o chapéu de pluma, e foi entrando em sua vida.

Aquela noite, deitada no ombro dele, a moça pensou nos lindos filhos que teceria para aumentar ainda mais a sua felicidade.




E feliz foi, durante algum tempo. Mas se o homem tinha pensado em filhos, logo os esqueceu. Porque tinha descoberto o poder do tear, em nada mais pensou a não ser nas coisas todas que ele poderia lhe dar.

— Uma casa melhor é necessária — disse para a mulher. E parecia justo, agora que eram dois. Exigiu que escolhesse as mais belas lãs cor de tijolo, fios verdes para os batentes, e pressa para a casa acontecer.

Mas pronta a casa, já não lhe pareceu suficiente.
— Para que ter casa, se podemos ter palácio? — perguntou. Sem querer resposta imediatamente ordenou que fosse de pedra com arremates em prata.

Dias e dias, semanas e meses trabalhou a moça tecendo tetos e portas, e pátios e escadas, e salas e poços. A neve caía lá fora, e ela não tinha tempo para chamar o sol. A noite chegava, e ela não tinha tempo para arrematar o dia. Tecia e entristecia, enquanto sem parar batiam os pentes acompanhando o ritmo da lançadeira.

Afinal o palácio ficou pronto. E entre tantos cómodos, o marido escolheu para ela e seu tear o mais alto quarto da mais alta torre.
— É para que ninguém saiba do tapete — ele disse. E antes de trancar a porta à chave, advertiu: — Faltam as estrebarias. E não se esqueça dos cavalos!


Sem descanso tecia a mulher os caprichos do marido, enchendo o palácio de luxos, os cofres de moedas, as salas de criados. Tecer era tudo o que fazia. Tecer era tudo o que queria fazer.

E tecendo, ela própria trouxe o tempo em que sua tristeza lhe pareceu maior que o palácio com todos os seus tesouros. E pela primeira vez pensou em como seria bom estar sozinha de novo.

Só esperou anoitecer. Levantou-se enquanto o marido dormia sonhando com novas exigências. E descalça, para não fazer barulho, subiu a longa escada da torre, sentou-se ao tear.

Desta vez não precisou escolher linha nenhuma. Segurou a lançadeira ao contrário, e jogando-a veloz de um lado para o outro, começou a desfazer seu tecido. Desteceu os cavalos, as carruagens, as estrebarias, os jardins. Depois desteceu os criados e o palácio e todas as maravilhas que continha. E novamente se viu na sua casa pequena e sorriu para o jardim além da janela.

A noite acabava quando o marido estranhando a cama dura, acordou, e, espantado, olhou em volta. Não teve tempo de se levantar. Ela já desfazia o desenho escuro dos sapatos, e ele viu seus pés desaparecendo, sumindo as pernas. Rápido, o nada subiu-lhe pelo corpo, tomou o peito aprumado, o emplumado chapéu.

Então, como se ouvisse a chegada do sol, a moça escolheu uma linha clara. E foi passando-a devagar entre os fios, delicado traço de luz, que a manhã repetiu na linha do horizonte."

FIM


Para a minha amiga Márcia o meu obrigada do coração, por me ter recomendado este Conto.

Lindo, amiga...

Que o girassol ilumine os nossos caminhos...






Marina Colasanti (1938), nasceu em Asmara, Etiópia, morou 11 anos na Itália e desde então vive no Brasil. Publicou vários livros de contos, crónicas, poemas e histórias infantis. Recebeu o Prêmio Jabuti com Eu sei, mas não devia e também por Rota de Colisão.

Entre outros, escreveu : E por falar em amor, Contos de amor rasgados, Aqui entre nós, Intimidade pública, Eu sozinha, Zooilógico, A morada do ser, A nova mulher, Mulher daqui pra frente, O leopardo é um animal delicado, Esse amor de todos nós, Gargantas abertas e os escritos para crianças: Uma idéia toda azul e Doze reis e a moça do labirinto de vento.

Colabora, também, em revistas femininas e constantemente é convidada para cursos e palestras em todo o Brasil. Casada com o escritor e poeta Affonso Romano de Sant'Anna.







Viagem


Aparelhei o barco da ilusão


E reforcei a fé de marinheiro.


Era longe o meu sonho, e traiçoeiro


O mar...


(Só nos é concedida

Esta vida

Que temos;

E é nela que é preciso

Procurar

O velho paraíso

Que perdemos.)

Prestes, larguei a vela

E disse adeus ao cais, à paz tolhida.

Desmedida,

A revolta imensidão

Transforma dia a dia a embarcação

Numa errante e alada sepultura...

Mas corto as ondas sem desanimar.

Em qualquer aventura,

O que importa é partir, não é chegar.


(Miguel Torga,1962)

terça-feira, 29 de novembro de 2011

A Fábula do Porco-espinho



É um fofinho picante. Mas, não deixe de ler a fábula, que é o mais

importante...!



A Fábula do Porco-espinho



Durante a era glacial, muitos animais morriam por causa do frio.
Os porcos-espinhos, percebendo a situação, resolveram juntar-se em grupos, assim agasalhavam-se e protegiam-se mutuamente, mas os espinhos de cada um feriam os companheiros mais próximos, justamente os que ofereciam mais calor.
Por isso decidiram afastarem-se uns dos outros e começaram de novo a morrer congelados.
Então precisaram de fazer uma escolha: ou desapareciam da Terra ou aceitavam os espinhos dos companheiros.
Com sabedoria, decidiram voltar a ficar juntos.
Aprenderam assim a conviver com as pequenas feridas que a relação com uma pessoa muito próxima podia causar, já que o mais importante era o calor do outro.

E assim sobreviveram.


Moral da História

O melhor relacionamento não é aquele que une pessoas perfeitas, mas aquele onde cada um aprende a conviver com os defeitos do outro, e admirar suas qualidades.

História enviada por mail pela minha amiga Helena Jacinto. História linda

onde se prova que nos

complementamos com as nossas diferenças...


Obrigada, Lena.


quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Exposição de Pintura de Balbina Mendes "Máscaras Rituais"

Exposição de Pintura

Máscaras Rituais

Balbina Mendes

Sala da Nora

5 de Outubro a 18 de Dezembro

Balbina Mendes nasceu em Malhadas, Miranda do Douro.

Desde muito nova que sente a voz da pintura, Arte que foi cultivando em paralelo

com o Ensino.

Hoje, dedica-se por inteiro à Pintura... a sua "VOCAÇÃO"

No Porto, em 1989, mostrou, pela primeira vez, as suas obras numa exposição

conjunta com outros pintores
.

Balbina Mendes, atenta ao meio que a viu nascer, não passa indiferente à cultura do seu povo que é rica em tradições ancestrais. É neste contexto que cresce e aperfeiçoa a sua sensibilidade artística, explorando a riqueza dos usos e costumes do nordeste transmontano. As festas das aldeias, os rituais, os dizeres, as cantigas, os grupos de rapazes desfilando mascarados pelas ruas das aldeias, e as tradicionais máscaras transmontanas; têm sido nos últimos anos a sua grande fonte de inspiração.


É uma dessas máscaras que dá um novo impulso à sua vontade criadora - o Chocalheiro de Bemposta - figura ao mesmo tempo aterradora, bela e misteriosa da freguesia de Bemposta do concelho de Mogadouro. Esta figura mascarada e a sua admiração pelas máscaras usadas ainda hoje nas tais festas de rua dos concelhos de Bragança, provocou em Balbina Mendes a vontade de pintar uma grande colecção de máscaras. Estas constituem um grande conjunto das suas obras mais recentes.

Foi distinguida com o 1º Prémio no “Primer Certamen Internacional

de Pintura Rápida”, Programa Rirra.

Linda exposição de Pintura, de Cultura vestida...

... na Sala da Nora do Cine-Teatro Avenida.



A não perder...

...até ao dia 18 de Dezembro.

Quadra do Natal no Nordeste Transmontano



O Natal em Trás-os-Montes (Norte de Portugal) é diferente de qualquer outro Natal no mundo. Os caminhos tortuosos da serra mantiveram as comunidades a uma distância segura e permitiram a sobrevivência de antigos costumes da região.

É o caso da Festa dos Rapazes, que ocorre em todo o Nordeste Transmontano na altura do Natal, como memória viva de ritos ancestrais, apenas com algumas variantes de terra em terra.

Durante dois dias, os rapazes solteiros comandam a vida na aldeia. A festa, com origem nos rituais pagãos do solstício de Inverno, celebrava o início de um novo ciclo agrícola, com os dias que começam a ficar mais longos, e, para os rapazes significa também a passagem para a idade adulta.

A festa começa logo de madrugada, com o gaiteiro que acorda toda a aldeia com a sua gaita-de-foles.
Os mordomos, responsáveis pela organização da festa, percorrem as ruas visitando todos os vizinhos. Seguem-se os "caretos", criaturas estranhas vestindo trajes bizarros, com chocalhos e fitas penduradas, e exibindo máscaras diabólicas. Dançam, pulam, rodopiam e fazem grande algazarra.


Hoje tudo lhes é permitido e, por detrás da máscara que lhes protege a identidade, cometem os maiores impropérios, assustam as criancinhas e atormentam todos os presentes. Só são carinhosos com os mais velhos.
Sem qualquer cerimónia, invadem as casas onde roubam chouriços, morcelas, carnes de fumeiro, figos secos e pão para juntar à festa.
Reunidas todas as iguarias, passa-se ao banquete, numa grande mesa posta no adro da igreja.

A aldeia de Vale de Salgueiro, no concelho de Mirandela, tem uma forma bem original de assinalar o Dia de Reis, também chamada Festa dos Rapazes em honra de Santo Estêvão, afirmando-se uma manifestação plena de tipicismo e de enorme tradição popular.

Todos os anos, é escolhido alguém para protagonizar a figura do rei, que organiza a festa e traz consigo uma coroa carregada de ouro emprestado pelos habitantes, que vale cerca de 30 mil euros.

Mas as tradições fora do comum não se ficam por aí e dezenas de crianças andam pelas ruas com maços de tabaco e têm permissão dos próprios pais para fumar, mas só durante dois dias.


Tal como manda a tradição, a festa dura dois dias. O rei percorre todas as habitações da aldeia, sempre com o grupo de gaiteiros a acompanhar, distribuindo cerca de 300 quilos de tremoços e 100 litros de vinho, em cabaças tradicionais. Em troca, a população oferece um donativo para custear a festa.

Entretanto, no centro da aldeia, prepara-se o baile e, quando o rei chega, as pessoas são convidadas a dançar a murinheira, típica dos celtas, ao som das gaitas de foles e dos bombos.

No segundo dia, a alvorada acontece às sete da manhã. O rei, ao som das gaitas de foles e dos bombos, volta a percorrer toda a aldeia para receber a "manda", ou seja, os donativos para custear as despesas que a festa acarreta.

Ninguém sabe ao certo quando começou a tradição da festa de Vale do Salgueiro, nem as razões que levaram à sua realização desta forma. Os mais velhos dizem apenas que "isto já é assim desde há muitos anos, vem do tempo dos nossos avós", afirma um idoso da aldeia transmontana, já com 82 anos, acrescentando que, "na minha infância, já havia esta tradição de fumar cigarros, que custavam cinco tostões".

No entanto, sempre há alguns que contam histórias que tudo terá começado no tempo dos reis. "Alguém tirou a coroa, deixou-a no altar da igreja e acabou por morrer de imediato. Então, o povo achou que a coroa devia ser colocada sempre em alguém, para afastar os maus espíritos", conta outro habitante da aldeia.

A festa termina com a celebração da missa, ocasião aproveitada para colocar a coroa noutro habitante da aldeia, que terá a responsabilidade de organizar a próxima festa.

Na festa dos rapazes no concelho de Bragança:
"Os solteiros com mais de 16 anos compram para todos, um chibo ou um vitelo, que as raparigas cozinham na noite de 5 de Janeiro. Na madrugada do dia seguinte, ai vão eles pela aldeia, fartas goladas de aguardente para afastar o frio, com o gaiteiro e velhas cantigas alegrando as ruas.

Feito o pequeno-almoço em casa que geralmente lhes emprestam, vestem-se de caretos (mascarados) e lá vão eles assustar tudo quanto é povo, especialmente mulheres e crianças, indo depois, de casa em casa, exigir o tributo dos reis - o que lhes quiserem dar - que enfiam no surrão (saco dos pastores), após o que se banqueteiam com farto almoço. Depois, quando as moças chegam, vem o bailarico, que se prolonga até à ceia gorda e terminará com umas tantas borracheiras (bebedeiras), das quais acordam com saudades da festa acabada."

fonte:PROF. KIBER SITHE

domingo, 30 de outubro de 2011

Conto Infantil - Dona Camila e o seu filhinho





Dona Camila e o seu filhinho


Dona Camila estava deitada e uma duna protegia-a das areias, do vento veloz e das baixas temperaturas. Há trezentos e noventa dias que aguardava a hora do nascimento do seu filhinho e pensava em como estava ansiosa para o ver, para o cheirar, para o proteger. Sabia que seria difícil porque se encontrava sozinha; o pai tinha ido numa caravana até ao norte da península.
Pela madrugada o filhinho nasceu. Enternecida, olhou o seu corpo frágil coberto de uma lã macia. Após duas horas o bebé começou a levantar-se sobre as patas ainda débeis. Voltou a deitar-se, logo de seguida, e procurou o leitinho da mãe.

O filhinho olhava para tudo o que o rodeava ansioso por aprender e, nos dias seguintes, a mãe ensinou-lhe as regras básicas para sobreviver no deserto.
Mas, o que a preocupava era incutir-lhe bons valores como a humildade, a obediência, a coragem, a ajuda ao próximo, a lealdade, a bondade e o valor do trabalho.
Ele ia crescendo e cada dia que passava estava mais forte. Passado um mês a mãe decidiu que já era altura de fazerem uma visita ao pai.


E lá foram eles rumando para Norte. No primeiro dia não se cruzaram com ninguém mas no segundo avistaram ao longe uma caravana formada por muitos outros camelos e pessoas. Apreensiva, a mãe disse ao filho para não se afastar e para se manter junto dela. Ele assim fez. A mãe ficou feliz por ver que o filhinho já tinha apreendido o princípio da obediência e a temer o desconhecido.
Quando chegaram ao acampamento já era de noite. Notava-se tristeza no rosto das pessoas e os animais estavam em silêncio. Dona Camila perguntou o que se passava e um camelo idoso respondeu-lhe numa voz arrastada que o filho mais novo do Sultão estava doente com temperaturas muito elevadas e que estavam todos muito preocupados. Dona Camila falou que conhecia umas ervas muito eficazes para baixar a febre e começou a procurá-las. Fizeram um chá com as ervas e deram a beber ao rapaz. A febre começou logo a baixar e o Sultão como recompensa pela generosidade e bondade da D. Camila, disse que os protegeria até chegarem à caravana do pai do bebé camelo.
Dona Camila ia transmitindo, sem se aperceber, bons valores ao filho através das suas ações. E ele ouvia e observava e, no silêncio da noite, refletia como as boas atitudes só dão bons resultados - agora a sua mãe já não teria de se preocupar com os perigos da viagem.


Passada uma semana chegaram ao acampamento da caravana do pai. Este, feliz, galopou até eles quando os avistou ao longe…o cheiro da família já lhe tinha chegado há algumas horas trazido pelo vento.
O sultão mandou-os chamar e disse-lhes que nunca esqueceria que o filho tinha sido salvo pela D. Camila e como agradecimento eles poderiam viver juntos para sempre no seu oásis.
E assim aconteceu. Dona Camila teve mais três filhos e todos viveram felizes sob a bondade e lealdade do Sultão.



FIM  
(Celeste Rebordão)

domingo, 23 de outubro de 2011

...dias que ficam...




...há dias que ficam "presos" no tempo como que à espera de qualquer acontecimento que os desperte... foi o caso deste dia tão especial, perdido em terras do Alentejo...


Vivíamos na vila de São Manços a apenas onze quilómetros de Évora. A vila não é grande mas ali passámos alguns meses inesquecíveis em pleno contacto com a natureza. Na vila corre um rio fino e o meu filho (nesta altura ainda só tinha um filho) adorava ir até aí ver os peixes e os bichinhos que se moviam por entre a transparência das águas e a frescura convidava para as suas margens... perto havia uma quinta onde se fazia criação de cavalos lusitanos. Tudo conjugado para sermos atraídos, quase diariamente, para aquele local... antes de chegarmos passávamos pela Igreja alva e pelos lavadouros da freguesia frequentados por algumas mulheres.


O início das noites era mágico. Junto à nossa casa havia uma cooperativa onde, ao final da tarde, os homens se juntavam e cantavam as lindas cantigas alentejanas... as suas vozes fortes e arrastadas chegavam-nos, como num conto, arrastadas pela aragem que, por vezes, corria... Foram meses em que conhecemos uma outra forma de estar na vida...sem pressa, as horas desfilavam ao ritmo do viver... este de acordo com o aumento e a diminuição da temperatura ao longo do dia...pessoas amistosas e fraternas no trato...

...nunca irei esquecer aqueles meses passados em terras do Alentejo...


Nesse ano o meu aniversário foi num Domingo... pertinho da nossa casa havia uma loja onde se vendia de tudo, mercearia, fruta, roupa, acessórios... e estava aberta durante os sete dias da semana. O meu filho tinha nessa altura cinco anos. A manhã deveria ir a meio naquele dia de Junho.


...o som dos seus passos apressados e a respiração ofegante a subir a escadaria chegavam até mim... o rosto corado de alegria...na mão um embrulhinho de papel colorido e decorado com florinhas...


Parece que o estou a ver neste momento... "Mãe, toma a tua prenda de aniversário"... os meus olhos ficaram cobertos de lágrimas de espanto e emoção e um sorriso abriu-se no meu rosto de felicidade... "Mas, filho como compraste a prenda?"..."Ó Mãe tirei o dinheiro todo do mealheiro mas ainda faltavam algumas moedas mas a senhora da loja disse que não tinha importância porque era a PRENDA para a mãe...", disse ele rapidamente "Ó mãe abre e vê se gostas!" Comovida e feliz abri o embrulhinho... ...lá dentro estava um travessão para apanhar o cabelo decorado com pedrinhas cor de rubi, cor de cereja, cor de romã... cor do AMOR do coraçãozinho dele...

Obrigada, filho, por me dares não apenas a prenda daquele aniversário mas um motivo para jamais me esquecer do teu AMOR e grandeza...

...ficará para sempre...

domingo, 9 de outubro de 2011

Exposição de Fotografia - Escola um Lugar dos Afectos







Exposição de Fotografia:

ESCOLA 1 LUGAR DOS AFECTOS

De 7 a 30 de Outubro na Sala da Nora da nossa CIDADE


7 de Outubro...




Neste dia, de amor vestido, cheio de sorrisos, companheirismo e

gratidão deixo estas imagens como recordação de um dia da VIDA…



A ARTE da Fotografia aliada aos melhores valores da vida

ALBERTO Ladeira
, o Fotógrafo

Álvaro ESPADANAL, o Professor

Os alunos

Os pais

A Câmara Municipal

Os visitantes



A gratidão e a alegria dos alunos pairavam no ar. Paz e comunhão,

sons maravilhosos do viver…





Sala plena de corações jovens vestidos de acordo com o momento…

... pormenores que transpiram o AMOR que os une…


A juventude dos alunos… A Cordialidade dos pais…

O Sorriso e o olhar reflexivo do PROFESSOR Álvaro, a

felicidade do ARTISTA da fotografia, Alberto Ladeira...


A ARTE aliada aos VALORES que fazem da vida um lugar de afectos…


Os afectos que dão dinâmica à vida…


A Escola é, também, 1 lugar dos afectos…





O AMOR ao ENSINO mas, fundamentalmente, o amor pelo OUTRO

PROFESSOR – ALUNOS - PROFESSOR



…será possível compreender como surge uma ideia???



...imperdível!

Escola um lugar dos afectos!!!




O MENINO GRANDE

Também eu, também eu,
joguei às escondidas, fiz baloiços,
tive bolas, berlindes, papagaios,
automóveis de corda, cavalinhos...

Depois cresci,
tornei-me do tamanho que hoje tenho.
Os brinquedos perdi-os, os meus bibes
deixaram de servir-me.
Mas nem tudo se foi:
ficou-me,
dos tempos de menino,
esta alegria ingénua
perante as coisas novas
e esta vontade de brincar.
Vida!
não me venhas roubar o meu tesoiro:
não te importes que eu ria,
que eu salte como dantes.
E se riscar os muros
ou quebrar algum vidro
ralha, ralha comigo, mas de manso...

(Eu tinha um bibe azul...
Tinha berlindes,
tinha bolas, cavalos, papagaios...

A minha Mãe ralhava assim como quem beija...
E quantas vezes eu, só pra ouvi-la
ralhar, parti os vidros da janela
e desenhei bonecos na parede...)

Vida!, ralha também,
ralha, se eu te fizer maldades, mas de manso,
como se fosse ainda a minha Mãe...

(Sebastião da Gama)





URGENTEMENTE -é urgente o amor. é urgente um barco no mar. é urgente destruir certas palavras. odio, solidão e crueldade, alguns lamentos muitas espadas. É urgente inventar alegria, multiplicar os beijos, as searas, é urgente descobrir rosas e rios e manhãs claras Cai o silêncio nos ombros e a luz impura, até doer. É urgente o amor, é urgente permanecer.
(
Eugénio de Andrade)







Carta do presidente Abraham Lincoln ao professor do seu filho


Caro professor,

Ele terá de aprender que nem todos os homens são justos, nem todos são verdadeiros, mas, por favor, diga-lhe que, para cada vilão, há um herói, que para cada egoísta, há também um líder dedicado; ensine-lhe, por favor, que para cada inimigo haverá também um amigo, ensine-lhe que mais vale uma moeda ganha que uma moeda encontrada, ensine-o a perder mas também a saber gozar da vitória, afaste-o da inveja e dê-lhe a conhecer a alegria profunda do sorriso silencioso, faça-o maravilhar-se com os livros, mas deixe-o também perder-se com os pássaros do céu, as flores do campo, os montes e os vales.

Nas brincadeiras com os amigos, explique-lhe que a derrota honrosa vale mais que a vitória vergonhosa, ensine-o a acreditar em si, mesmo se sozinho contra todos. Ensine-o a ser gentil com os gentis e duro com os duros, ensine-o a nunca entrar no comboio simplesmente porque os outros também entraram.

Ensine-o a ouvir a todos, mas, na hora da verdade, a decidir sozinho, ensine-o a rir quando estiver triste e explique-lhe que por vezes os homens também choram.

Ensine-o a ignorar as multidões que reclamam sangue e a lutar só contra todos, se ele achar que tem razão.

Trate-o bem, mas não o mime, pois só o teste do fogo faz o verdadeiro aço, deixe-o ter a coragem de ser impaciente e a paciência de ser corajoso.

Transmita-lhe uma fé sublime no Criador e fé também em si, pois só assim poderá ter fé nos homens.

Eu sei que estou pedindo muito, mas veja que pode fazer, caro professor.

Abraham Lincoln, 1830
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