sábado, 21 de fevereiro de 2015

A vida linda lá fora



Aí está ela
Linda 
A lavar a vidraça
A chuva
Fininha
Que cai 
Que cai
Em suave
Cascata

E sussurram os anjos
Com voz de prata
Onde estão os homens
Que não olham
A chuva que cai
Que cai
Que cai sempre
Em suave cascata

Talvez 
A olhar 
Parados
Hipnotizados
As montras coloridas
  por 
"Luz" artificial
Talvez 
Fechados 
Frenéticos
Em ginásios
A tentar enganar
Os relógios das vidas

Quem ouve
O que o coração
Necessita
O que a alma 
Não se cansa
De repetir 
Baixinho
Tão baixinho
Que os ouvidos
Ensurdecidos
Envaidecidos
Engrandecidos
Arrogantes
Entristecidos
Não querem prestar atenção
 

E a vida linda
Que cai em cascata
E o pio do mocho
Que corta a noite
E o vento que sussurra 
A história dos tempos
Continuam
Serenos 
Imperturbáveis
Com os seres que se movem
Mas pregados em si mesmos

Todos vivem
Todos marcam
Todos partem
Todos nada
Todos tanto
Até ao ultimo sopro
Que sai do peito
Até ao ultimo recordar
Do que já foi e deixou de ser

E a vida volta a nascer
Com o mesmo choro
Com outro nome
Com outro olhar
Mas o tempo decorre
Sem se aperceber
Que outra é a face
Que veio a aparecer
 (Celeste Rebordão)