O amor




O AmoR



Eu encheria o teu mundo de cores
Eu encheria o teu mundo de odores
Se a vida fosse contigo
Se a vida fosse comigo

Encheria até ao cimo
Extravazaria até ao infinito
O agora é presente
E agora estás ausente

Ausente no presente
Presente mas ausente
Foge o pensamento constantemente
Tentando prender-te
Ao presente para sempre
 
(Celeste Rebordão)


O amor não se manifesta através do desejo de fazer amor (desejo que se aplica a um numero incontável de mulheres), mas através do desejo de partilhar o sono (desejo que só se sente por uma unica mulher). 

A insustentável leveza do ser, Milan Kundera

 
                                                   


Só nós dois é que sabemos

Quanto nos queremos bem

Só nós dois é que sabemos

Só nós dois e mais ninguém


Só nós dois avaliamos

Este amor forte e profundo

Quando o amor acontece

Não pede licença ao mundo


Anda, abraça-me... beija-me

Encosta o teu peito ao meu

Esquece que vais na rua

Vem ser minha e eu serei teu


Que falem não nos interessa

O mundo não nos importa

O nosso mundo começa

Cá dentro da nossa porta


Só nós dois é que compreendemos

O calor dos nossos beijos

Só nós dois é que sofremos

A tortura dos desejos


Vamos viver o presente

Tal qual a vida nos dá

O que reserva o futuro

Só Deus sabe o que será


Anda, abraça-me... beija-me

Encosta o teu peito ao meu

Esquece que vais na rua

Vem ser minha e eu serei teu



 
O amor está presente em todos os nossos actos diários... Apenas acordamos iniciamos as relações conosco e com os outros...O tempo passa tão veloz!!! Seria bom termos consciência da importância de todos os nossos comportamentos, de todas as atitudes...uma simples entoação de voz menos agradável pode trazer um mau estar aos que nos cercam... Pensemos no equilibrio e na harmonia...se nos sentirmos bem tudo à nossa volta será contagiado pela nossa alegria em VIVER!






Queria gritar que te amo…

Ou dizer-to suavemente, docemente ao ouvido…

Queria ver os teus olhos brilharem de alegria e 

perderem-se nos meus…

Queria que mo dissesses também, num 

murmúrio firme…

Queria sentir essa alegria transbordando nas 

minhas faces…

Lágrimas duma nascente secreta que está no 

mais profundo do meu ser…

(Celeste Rebordão)



De almas sinceras a união sincera

Nada há que impeça: amor não é amor

Se quando encontra obstáculos se altera,

Ou se vacila ao mínimo temor.

Amor é um marco eterno, dominante,

Que encara a tempestade com bravura;

É astro que norteia a vela errante,

Cujo valor se ignora, lá na altura.

Amor não teme o tempo, muito embora

Seu alfange não poupe a mocidade;

Amor não se transforma de hora em hora,

Antes se afirma para a eternidade.

Se isso é falso, e que é falso alguém provou,

Eu não sou poeta, e ninguém nunca amou.

(William Shakespeare)


Vem sentar-te comigo Lídia, à beira do rio



Vem sentar-te comigo Lídia, à beira do rio.


Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos


Que a vida passa, e nao estamos de maos enlaçadas.


(Enlacemos as maos.)




Depois pensemos, crianças adultas, que a vida


Passa e nao fica, nada deixa e nunca regressa,


Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado,


Mais longe que os deuses.




Desenlacemos as maos, porque nao vale a pena cansarmo-nos.


Quer gozemos, quer nao gozemos, passamos como o rio.


Mais vale saber passar silenciosamente


E sem desassosegos grandes.




Sem amores, nem ódios, nem paixoes que levantam a voz,


Nem invejas que dao movimento demais aos olhos,


Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre correria,


E sempre iria ter ao mar.




Amemo-nos tranquilamente, pensando que podiamos,


Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e carícias,


Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro


Ouvindo correr o rio e vendo-o.




Colhamos flores, pega tu nelas e deixa-as


No colo, e que o seu perfume suavize o momento -


Este momento em que sossegadamente nao cremos em nada,


Pagam-nos os inocentes da decadencia.



Ao menos, se for sombra antes, lembrar-te-as de mim depois


sem que a minha lembrança te arda ou te fira ou te mova,


Porque nunca enlaçamos as maos, nem nos beijamos


Nem fomos mais do que crianças.




E se antes do que eu levares o óbolo ao barqueiro sombrio,


Eu nada terei que sofrer ao lembrar-me de ti.


Ser-me-ás suave à memória lembrando-te assim - à beira-rio,

Pagã triste e com flores no regaço.

(Ricardo Reis)



Dois amantes felizes não têm fim nem morte,
nascem e morrem tanta vez enquanto vivem,
são eternos como é a natureza.

(Pablo Neruda)


Dizes que estou triste
Porque o silêncio entrou
Mas digo-te
Não estou triste
Não
São as palavras que falam só no coração

Sempre com um ponto de partida
Nunca com uma meta de chegada
Vamos vivendo a vida
Com a vida
Partilhada

Os erros cometidos
Tentamos não repetir
Outros erros
Sempre a começar
É assim que se aprendem
Novas descobertas
É assim que se abrem
Janelas fechadas

Será sempre assim
Até a Luz findar
Quem sabe tudo?
Quem nada sabe?
Ficamos pelo saber
E pelo não saber...
Que a vida é sempre
Um começar...
(Celeste Rebordão)






Como queiras, Amor, como tu queiras. Entregue a ti, a tudo me abandono, seguro e certo, num terror tranqüilo. A tudo quanto espero e quanto temo, entregue a ti, Amor, eu me dedico. Nada há que eu não conheça, que eu não saiba e nada, não, ainda há por que eu não espere como de quem ser vida é ter destino. As pequeninas coisas da maldade, a fria tão tenebrosa divisão do medo em que os homens se mordem com rosnidos de mal contente crueldade imunda, eu sei quanto me aguarda, me deseja, e sei até quanto ela a mim me atrai. Como queiras, Amor, como tu queiras. De frágil que és, não poderás salvar-me. Tua nobreza, essa ternura tépida quais olhos marejados, carne entreaberta, será só escárnio, ou, pior, um vão sorriso em lábios que se fecham como olhares de raiva. Não poderás salvar-me, nem salvar-te. Apenas como queiras ficaremos vivos. Será mais duro que morrer, talvez. Entregue a ti, porém, eu me dedico àquele amor por qual fui homem, posse e uma tão extrema sujeição de tudo. Como tu queiras, Amor, como tu queiras.

(Jorge de Sena)



adoro...

adoro quando fico a dizer o que me vai cá dentro, a aliviar, e tu vais para dentro do carro...
cada um na sua personalidade.
adoro a tua luta pela tua individualidade e eu continuar a chatear-te até cair em mim...
adoro sentir-te perto.
adoro o teu olhar sobre mim...
adoro o teu ar sério nas situações sérias.
adoro sermos tão diferentes mas tão iguais!



As Coisas Secretas da Alma

Em todas as almas há coisas secretas cujo segredo é guardado até à morte delas. E são guardadas, mesmo nos momentos mais sinceros, quando nos abismos nos expomos, todos doloridos, num lance de angústia, em face dos amigos mais queridos - porque as palavras que as poderiam traduzir seriam ridículas, mesquinhas, incompreensíveis ao mais perspicaz. Estas coisas são materialmente impossíveis de serem ditas. A própria Natureza as encerrou - não permitindo que a garganta humana pudesse arranjar sons para as exprimir - apenas sons para as caricaturar. E como essas ideias-entranha são as coisas que mais estimamos, falta-nos sempre a coragem de as caricaturar. Daqui os «isolados» que todos nós, os homens, somos. Duas almas que se compreendam inteiramente, que se conheçam, que saibam mutuamente tudo quanto nelas vive - não existem. Nem poderiam existir. No dia em que se compreendessem totalmente - ó ideal dos amorosos! - eu tenho a certeza que se fundiriam numa só. E os corpos morreriam.

(Mário de Sá-Carneiro, in 'Cartas a Fernando Pessoa' )








Amo-te Muito, Meu Amor, e Tanto

Amo-te muito, meu amor, e tanto

que, ao ter-te, amo-te mais, e mais ainda

depois de ter-te, meu amor. Não finda

com o próprio amor o amor do teu encanto.


Que encanto é o teu? Se continua enquanto

sofro a traição dos que, viscosos, prendem,

por uma paz da guerra a que se vendem,

a pura liberdade do meu canto,


um cântico da terra e do seu povo,

nesta invenção da humanidade inteira

que a cada instante há que inventar de novo,


tão quase é coisa ou sucessão que passa...

Que encanto é o teu? Deitado à tua beira,

sei que se rasga, eterno, o véu da Graça.

(Jorge de Sena, in “Poesia, Vol. I”)





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