terça-feira, 25 de abril de 2017

43 anos de abril feitos,,,



É possível falar sem um nó na garganta.
É possível amar sem que venham proibir.
É possível correr sem que seja a fugir.
Se tens vontade de cantar não tenhas medo: canta.

É possível andar sem olhar para o chão.
É possível viver sem que seja de rastos.
Os teus olhos nasceram para olhar os astros.
Se te apetece dizer não, grita comigo: não!

É possível viver de outro modo.
É possível transformar em arma a tua mão.
É possível viver o amor. É possível o pão.
É possível viver de pé.

Não te deixes murchar. Não deixes que te domem.
É possível viver sem fingir que se vive.
É possível ser homem.
É possível ser livre, livre, livre.
Manuel Alegre


...mas onde mora a democracia???

A igualdade de oportunidades???

A honestidade???

...

Onde moram os valores democráticos???

sábado, 22 de abril de 2017

Váatão-Teatro de Castelo Branco - I`m Possible


Logo pela manhã cedo, quando dava a minha volta com o Apolo (cão família amigo companheiro), avistei estes movimentos solitários que me atraíram para mais perto. 
Logo me ocorreu um artigo da Reconquista desta semana...
O Váatão comemora mais um aniversário e, simultaneamente,  de forma a celebrar Abril, realiza neste dia (22) a terceira edição do projeto I`m Possible.

O Váatão, convidou e desafiou todos os que queiram dar a conhecer os seus dotes e capacidades ou produtos artísticos.




O projeto, I`m Possible, traduz-se, portanto, num evento cultural com o propósito de dar a conhecer estes novos talentos e é levado a público em formato de café concerto, exposição instalação, onde coexistem todas as artes.













I`m Possible















No ano passado foi assim...





E muito mais...


No pós 25 de Abril, vários grupos de teatro amador foram criados em Castelo Branco, contribuindo para a animação cultural possibilitada pelos ventos da liberdade: Grupo de Teatro da Escola Amato Lusitano (1974/75), Grupo de Teatro Amador Gente Nova (1976 a 1980) e Associação Cultural Amato Lusitano (1985 a 1990) – constituíram experiências sempre condicionadas pelo meio académico, quer nos jovens atores, quer quanto aos professores que representavam e encenavam. Era uma base muito instável, embora voluntariosa e dinâmica, que tornou efémeras as experiências.
          Em 1999 reencontrou-se um grupo de ativistas do teatro aglutinado pela circunstância de ter vindo para a cidade como professor de ensino secundário um ator e encenador com experiência: O Professor Luís Beato Rodrigues.
Renasceu então o projeto de se criar um Grupo de Teatro com perspetiva de continuidade. Numa das reuniões do grupo de fundadores, acertadas as coordenadas de vir a tratar temas culturalmente ligados à região e de se desejar evoluir para o profissionalismo, demorando a surgir o nome para a Associação Cultural a criar, comentava-se o impasse com: Vá Lá atão, vamos avançar. E a ideia foi consensual: Váatão - Teatro de Castelo Branco. E assim ficou!
          No ano seguinte, liderados pelo Professor Luís Beato, iniciaram-se as atividades, com uma vertente predominantemente musical: “Onde está o Edmundo?” e, em 2001 com a peça “Uma sardinha para três” inspirada na problemática do volfrâmio na Beira Baixa nos anos da II Grande Guerra. Desde essa altura, as atividades progrediram e têm sido vividas através do Váatão experiências formativas e lúdicas que abrangeram centenas de jovens. Foi, também, gerada uma significativa atividade de animação cultural centrada no teatro, na vertente infantil, juvenil e sénior, em cursos de teatro, ateliês, exposições, cafés-concertos, publicações de textos e outras animações que progressivamente foi impondo o Váatão na cidade e por toda a região da Beira Baixa. Tal relevância cultural e social foi oficialmente reconhecida, pois que pela Resolução do Conselho de Ministros de 26 de Março de 2010 passou o Váatão a ser reconhecido oficialmente como Entidade de Utilidade Pública.


          O Váatão transformou-se nos últimos anos numa plataforma aberta à colaboração, em parcerias de trabalho conjunto com várias Instituições culturais da nossa cidade e região. Existe um núcleo de profissionais que, com disponibilidade a tempo inteiro tornam possíveis as representações durante o horário normal. Puderam, assim, incrementar-se as representações e animações nas Escolas e em outras Instituições. Assegurar o reforço como Associação Cultural e plataforma aberta plural e colaborante, é o principal objetivo do Váatão – Teatro de Castelo Branco. 






domingo, 16 de abril de 2017

Testamento - Alda Lara.

Hoje, o meu sobrinho Francisco deu-me a conhecer, e ofereceu-me, este lindo Poema, que eu ainda não conhecia. Testamento de Alda Lara.

Deixo-o aqui com um obrigada de gratidão. Francisco, jovem adulto, a trilhar o C(K)aminho...


TESTAMENTO

À prostituta mais nova,
do bairro mais velho e escuro,
deixo os meus brincos, lavrados
em cristal, límpido e puro...

E àquela virgem esquecida
rapariga sem ternura,
sonhando algures uma lenda,
deixo o meu vestido branco,
o meu vestido de noiva,
todo tecido de renda...

Este meu rosário antigo,
ofereço-o àquele amigo
que não acredita em Deus...

E os livros, rosários  meus
das contas de outro sofrer,
são para os homens humildes,
que nunca souberam ler.

Quanto aos meus poemas loucos,
esses, são de dor
sincera e desordenada...
esses, que são de esperança,
desesperada mas firme,
deixo-os a ti, meu Amor...

Para que, na paz da hora,
em que minha alma venha
beijar de longe os teus olhos,

vás, por essa noite fora...
com passos feitos de lua,
oferecê-los às crianças
que encontrares em cada rua...

Lisboa, 1950

in ALDA LARA A Mulher e a Poetisa (1966)

 
Poetisa angolana, Alda Ferreira Pires Barreto de Lara Albuquerque nasceu a 9 de junho de 1930, em Benguela e faleceu em Cambambe, no Kwanza-Norte, a 30 de janeiro de 1962.
À prostituta mais nova
Do bairro mais velho e escuro,
Deixo os meus brincos, lavrados
Em cristal, límpido e puro...

E àquela virgem esquecida
Rapariga sem ternura,
Sonhamdo algures uma lenda,
Deixo o meu vestido branco,
O meu vestido de noiva,
Todo tecido de renda...

Este meu rosário antigo
Ofereço-o àquele amigo
Que não acredita em Deus...

E os livros, rosários meus
Das contas de outro sofrer,
São para os homens humildes,
Que nunca souberam ler.

Quanto aos meus poemas loucos,
Esses, que são de dor
Sincera e desordenada...
Esses, que são de esperança,
Desesperada mas firme,
Deixo-os a ti, meu amor...

Para que, na paz da hora,
Em que a minha alma venha
Beijar de longe os teus olhos,

Vás por essa noite fora...
Com passos feitos de lua,
Oferecê-los às crianças
Que encontrares em cada rua..

Leia mais: https://www.luso-poemas.net/modules/news03/article.php?storyid=1354 © Luso-Poemas
À prostituta mais nova
Do bairro mais velho e escuro,
Deixo os meus brincos, lavrados
Em cristal, límpido e puro...

E àquela virgem esquecida
Rapariga sem ternura,
Sonhamdo algures uma lenda,
Deixo o meu vestido branco,
O meu vestido de noiva,
Todo tecido de renda...

Este meu rosário antigo
Ofereço-o àquele amigo
Que não acredita em Deus...

E os livros, rosários meus
Das contas de outro sofrer,
São para os homens humildes,
Que nunca souberam ler.

Quanto aos meus poemas loucos,
Esses, que são de dor
Sincera e desordenada...
Esses, que são de esperança,
Desesperada mas firme,
Deixo-os a ti, meu amor...

Para que, na paz da hora,
Em que a minha alma venha
Beijar de longe os teus olhos,

Vás por essa noite fora...
Com passos feitos de lua,
Oferecê-los às crianças
Que encontrares em cada rua..


Leia mais: https://www.luso-poemas.net/modules/news03/article.php?storyid=1354 © Luso-Poemas