Ao sabor do pensamento...



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Celeste Rebordão 

  

Escrever moK criatividade???
 
Escrever com criatividade?
Criatividade no escrever?
Escrever a criar…
…Que mensagem deixar
Com tamanha exigência???
Escrever é recriar
O que nos vai na consciência…
A folha em branco (que hábito antigo!)
O teclado plano
O “dedilhar” ao sabor do pensamento
O olhar… o reflexo de todo o momento
Ao sabor do vento e do riso dançam
As imagens dos amigos
Que  dia a dia
Nos acarinham
Nos mimam
Que nos aquecem… 
...Tanto!!!
(Celeste Rebordão) 

..
Nesta hora suave,
Menos um dia
Mais uma noite,
Vem a vontade
De mansinho
De dar voz ao pensamento

 Penso naqueles que
Não têm um lar quentinho
Em que mães se debruçam
Sobre o que mais falta faz
 O AMOR,  certamente,
  Será o BEM  mais eficaz
Mas
 Esquecer não podemos
  Que para crescer em harmonia,
 Para um bom desenvolvimento,
Há que ter sobre a mesa
Alimentos de “categoria”
 É isto que me ocupa
 Nesta hora tardia
Que nas nossas crianças,
     Permaneça sempre…
  … A ALEGRIA!
(Celeste Rebordão) 
As rosas

São lindas as rosas
Lindas como a pureza
Lindas como a harmonia
Lindas como o amor

Quanto perfume roubado
Numa rosa colhida
Assim ficam os olhos
Cheios de fulgor
Perdidos…
...Com tanta dor.
(Celeste Rebordão) 


A vida…

 Nesta procura constante
De pequenos momentos
Que nos tornam
Em grandes (ou pequenos)
Vem sempre a motivação
De seguir em frente
Deixando para trás
O que nos tolhe os movimentos
O que nos nubla os pensamentos
Quisera um dia
Transformar em alegria
Transformar em harmonia
Esta procura constante
Da vida em sintonia
(Celeste Rebordão) 


Penso muitas vezes

Penso muitas vezes
Vezes sem fim
Na tentativa que muitos fazem
De mudar a sua forma de SER
Para agradar aos outros?
Para se parecer normal?
E o que é a normalidade?!
Como é possível,
SER como os outros vêm a normalidade?
Contrariar a própria essência?
Não se é feliz a SER como os outros nos querem ver...
Penso muitas vezes
Porque não SER como somos até ao fim?
MUDAR acontece no profundo do SER
Senão de nada vale
Tarde ou cedo o SER liberta-se
Num grito de liberdade
Para quê a formatação?
Se é na diversidade que está a beleza de conversar, de olhar... De criar!
(Celeste Rebordão)


MAIS UM DIA, MENOS UMA NOITE


Mais um dia, menos uma noite
 Envolve-me nos teus braços, Ó ALEGRIA!
Linda noite, lindo DIA
Linda a VIDA!!!

Não deixo que o SORRISO parta
Nunca, em nenhum DIA!
POIS A VIDA é uma benção
  Uma benção a cada DIA!!!
 

Ainda que a reflexão O SORRISO me nuble
Ainda que a maldade paire por aí
A esperança e o AMOR existem

No SORRISO que mora... Aqui!
(Celeste Rebordão) 


Esse medo
Vestido de negro manto
Que nas esquinas da vida aguarda
Disfarçado de doença má
De caminhos virados ao contrário
De violência inesperada

  É esse medo que limita
Que tira o sorriso à vida,
Ao caminhar,
Ao olhar...
(Celeste Rebordão)



A lua brilhante
Que tudo de cima vê
Sussurrou-me muito baixinho
Vem...
Vem ver as ondas deslizar na areia
Vem ver as copas das árvores
Vem ver os golfinhos e as baleias
Vem...

Vem...

Ver o sorriso das crianças que na relva rebolam
Vem...
Ver o olhar dos avós que pelos netos velam
Vem...
Ver os namorados de mãos entrelaçadas
Vem...

Veeeeem!!!
(Celeste Rebordão) 


 
Os poemas são palavras que brotam
Como um lamento
Como uma gargalhada
Como um sorriso

Quanta dor soltada
Quanta alegria vibrada
Quanta felicidade declarada

Numa lágrima
Num riso
num sorriso...
(Celeste Rebordão) 




E então despida de tudo
Entrego o meu corpo
Aos teus olhos
Às tuas mãos
À tua boca
Naturalmente sem pudores
Em paz comigo
Contigo
Com a natureza
Que nos acolhe
  
(Celeste Rebordão) 


Versos e Rimas

Onde pára a vontade de escrever
Versos com sentimento
Do que alegra ou rói o coração
Que faz da vida condição
De tudo transformar em emoção
A vida corre e escorre
Sem contornos, lentamente
Assim, como fazer
Da vida uma aventura
Sem vontade de refletir?!!!
Viver assim será porventura
(Des)viver em amargura
Com vontade de partir
Novelas e entretenimento
Futebol e debates
Tanta opinião
Tanta desopinião
Assim vai a Nação
Sem atar nem desatar
A sua condição
Também o meu coração
Com pesar se debate
Sem saber o que fazer
O que a nunca fez frente
Desde que me sinto gente!!!

(Celeste Rebordão)


No Outono
A Terra descansa,
A Terra empranha,
De seiva nova
As árvores despem-se,
As aves despedem-se
E numa agitação calma
Tudo se enche de esperança!
(Celeste Rebordão) 

 

Passam as horas 
Passam os dias
Passam as noites

A VIDA sempre em movimento


Vem a LUA

Vem o SOL

Vêm as estrelas

E A VIDA sempre a mudar...
... E A VIDA sempre a renovar

Vêm as lágrimas

Vêm as palavras 
Vem o colo
Vem o abraço
Vem o sorriso

É o coração a FALAR...


E de partilha

De gratidão
De humildade
De recompensa
Lado a lado
Num abraço
Continuamos a caminhar

(Celeste Rebordăo)



(Obrigada Luzita e Cila, do ♥




Ei-las que chegam de pantufas
Como que envoltas em lãs
Palavras Obtusas
Palavras Vãs



Chegam em nuvem cinzenta
Tais abutres em bando
Rasgando
Triturando 
Anunciando grande Tormenta


Almejam transformar 
A beleza em feiura
A pureza em negrura
A simplicidade em subtileza
Das palavras castas


São Traidoras
Perversas
Perigosas
Maliciosas


Mas desenganem-se
Que aqui não entram
Não causam efeito
Não causam dano
São demasiado despidas
Para qualquer engano


(Celeste Rebordão)


 Queria gritar que te amo…

Ou dizer-to suavemente, docemente ao ouvido…

Queria ver os teus olhos brilharem de alegria e perderem-se nos meus…

Queria que mo dissesses também, num murmúrio firme…

Queria sentir essa alegria transbordando nas minhas faces…

Lágrimas duma nascente secreta que está no mais profundo do meu ser…
(Celeste Rebordão)


Queria gritar que te amo

Ou dizer-to suavemente

Docemente ao ouvido


Queria que mo dissesses também

Num murmúrio firme

Como a aragem que passa além

Queria ver os teus olhos 

Brilharem de alegria 

E perderem-se nos meus

Queria sentir essa alegria 

Transbordando nas minhas faces

Lágrimas duma nascente secreta 

Que está no mais profundo do meu ser

E carrega-me nos teus braços

E envolve-me nos teus abraços

E deixa o vento sussurrar 

E comigo vem ver o mar

Brincando nos teus ramos

Fortes como Kratos

Alegres como Bes

Ah! Quem te dera

Comigo ires... Ver o mar!!!


(Celeste Rebordão)





Eu encheria o teu mundo de cores
Eu encheria o teu mundo de odores
Se a vida fosse contigo
Se a vida fosse comigo

Encheria até ao cimo
Extravazaria até ao infinito
O agora é presente
E agora estás ausente

Ausente no presente
Presente mas ausente
Foge o pensamento constantemente
Tentando prender-te
Ao presente para sempre
 
(Celeste Rebordão)


AS NUVENS

Como flocos de algodão
Elas aí vão
Sem pressas 
Sem alvoroços
Como num corrimão
Escorregando pelo azul do céu
Tal criança atirando o chapéu

E chega o sol
E elas transparentes
Brilhantes
Quedam-se a admirar
O astro maior
Que vem transformar
O dia com magestosos coloridos 
Tal criança pintando as cores do arco-íris

Mas vejam
Ele escondeu-se
Numa nuvem maior
Forte e cheia
Acinzentada
Escurecida
A esta junta-se outra
E mais outra
E outra
E ferozes desencadeiam
Uma trovoada

Mas o REI não desiste
E o vento vem ajudá-lo
E juntos afastam
As nuvens 
Vazias
Submissas
E... 
Alegria
Numa gota refletem-se 
As cores da vida

Vejam!!!
Um arco-íris
Gritam as crianças admiradas
Maravilhadas

Mas a criança quieta
Calada
Absorta
Sussurra baixinho
Tão lindo, igual ao Meu...
Entra em casa

Abraça a mãe 
E diz-lhe com carinho

Baixinho
Toma, MÃE

Este desesnho
Que fiz para ti!!!
(Celeste Rebordão)



Hoje é o dia!

Hoje é o dia em que o silêncio dá lugar às palavras.
Não, não olhes para longe como se o que tenho para te dizer não tivesse importância.
Nem abanes a cabeça.
Nem fiques nervoso e, por favor, não digas que hoje não é dia para conversas porque estão à tua espera...
Porque hoje é mesmo o dia!
O dia de te revelar o resultado do que está escrito em todas as folhas guardadas em garrafas que repousam no fundo do lago.
Folhas amarelecidas pelo passar dos anos e marcadas por palavras esborratadas de tanto pranto...
Era nelas que encontrava o ombro amigo, a razão, e a força para continuar no meu... Silêncio.
Sim!
Nunca foi fácil durante todos estes anos...
O ser-se só num lugar a dois...
E hoje sou Eu que não quero ter um lugar a dois.
Hoje, sou eu que apenas tenho uma frase para te sussurrar olhando bem no fundo dos teus olhos... Já não te amo!
E ela saiu sem olhar para trás e sem bater com a porta.
E ele mergulhou no lago e retirou todas as garrafas e leu cada folha amarelecida e marcou, também, cada palavra com lágrimas suas... 
E compreendeu e soube que agora era ele que estava só...

 (Celeste Rebordão)


Boa tarde Celeste , peço desculpa de vir tomar seu tempo e escrever no seu mural . Mas eu não podia deixar de o fazer porque fui ver Celeste Feliz e fiquei deslumbrada com o seu trabalho . Trabalho maravilhoso digno de uma grande artista que é o que a Celeste é . Muitos parabéns e Deus lhe dê muita saúde para continuar . Um beijinho !!!



Dizes para falar poéticamente
Falar sempre a filosofar
Sou muitas pessoas dentro duma só mente
Apesar de nascer para amar

Amar quem me rodeia
Desde que façam por merecer
Porque amar incondicionalmente
Só os SIMPLES totalmente
O conseguem CONCEBER...

Ajudar a cada dia
Sem retorno vai cansando
Pois quem não gosta
De um bem haja receber
De um afago de vez em quando
Acontecer...
(celeste rebordão 14-08-2013) 



Lá estava ELA de cor de rosa vestida...

A expetativa era enorme

A saudade maior ainda
Nove meses
Quarenta semanas
Duzentos e dez dias

E lá estava ELA em tons de rosa embrulhada

Coração saltitante
Faces quentes
Respiração ofegante

E lá estava ELA de cor de rosa vestida...

Um mar de gente aguardando
Aquele meio de transporte fechado
Não... Não tenho tempo
Pelas escadas voando
Lá vou procurando

E lá estava ELA de cor de rosa embrulhada...

Ó Raio de luz aguardado
Ó Mãe radiosa
Ó Pai babado

E lá estava ELA de cor de rosa vestida
Em tons de rosa embrulhada
Em dia de inverno
No meu coração
Uma rosa florida!!!

...

E ouvem-se risinhos
De anjinhos
Que traquinas
Esvoaçam
Por aqui e por ali
E segredam encantados
Parece-se com o Pai
Não, não! Parece-se com a Mãe
Olha, tem os olhos da Mãe
Pois, mas tem o rosto como o pai
E continuam sussurrando baixinho
E rindo sempre ao desafio
Talvez seja parecida com as avós
Ou com os avôs
Ou com o tio feliz
Que num abraço
Mergulha o Olhar
E sente escorregar
Uma lágrima de Amor
Pela Petiz...


(Celeste Rebordao)


Batem leve, levemente
Onde foi que já li assim?
São as gotas certamente
De uma chuvinha sem fim
Que batem na minha vidraça
Que regam o meu jardim

Ela vai e volta
A sorrir para mim
Sabe que o Sol brilha
De cada vez que volta e vai
No meu coração
No meu jardim

Mas que poema tão simples
Tão sem ser poema
Tão sem erudito ser
Sussurram elas
As "tias cultas"
Mas é assim que sinto o ser
Quando as gotas leves
Batem singelas
Na minha vidraça
No meu coração
No meu jardim
 

Dizes que estou triste
Porque o silêncio entrou
Mas digo-te
Não estou triste
Não
São as palavras que falam só no coração

Sempre com um ponto de partida
Nunca com uma meta de chegada
Vamos vivendo a vida
Com a vida
Partilhada

Os erros cometidos
Tentamos não repetir
Outros erros
Sempre a começar
É assim que se aprendem
Novas descobertas
É assim que se abrem
Janelas fechadas

Será sempre assim
Até a Luz findar
Quem sabe tudo?
Quem nada sabe?
Ficamos pelo saber
E pelo não saber...
Que a vida é sempre
Um começar...
(Celeste Rebordão)



Aí está ela
Linda 
A lavar a vidraça
A chuva
Fininha
Que cai 
Que cai
Em suave
Cascata

E sussurram os anjos
Com voz de prata
Onde estão os homens
Que não olham
A chuva que cai
Que cai
Que cai sempre
Em suave cascata

Talvez 
A olhar 
Parados
Hipnotizados
As montras coloridas
  por 
"Luz" artificial
Talvez 
Fechados 
Frenéticos
Em ginásios
A tentar enganar
Os relógios das vidas

Quem ouve
O que o coração
Necessita
O que a alma 
Não se cansa
De repetir 
Baixinho
Tão baixinho
Que os ouvidos
Ensurdecidos
Envaidecidos
Engrandecidos
Arrogantes
Entristecidos
Não querem prestar atenção


E a vida linda
Que cai em cascata
E o pio do mocho
Que corta a noite
E o vento que sussurra 
A história dos tempos
Continuam
Serenos 
Imperturbáveis
Com os seres que se movem
Mas pregados em si mesmos

Todos vivem
Todos marcam
Todos partem
Todos nada
Todos tanto
Até ao ultimo sopro
Que sai do peito
Até ao ultimo recordar
Do que já foi e deixou de ser

E a vida volta a nascer
Com o mesmo choro
Com outro nome
Com outro olhar
Mas o tempo decorre
Sem se aperceber
Que outra é a face
Que veio a aparecer
 (Celeste Rebordão)





Lá ao fundo
As serras cinzentas
Mais perto 
As copas verdes
Das árvores

O céu azul
Branco e vermelho
Dum sol a acenar
Riscado pelo negro
De aves 
Que vão e vêm 
Sem parar

Será céu?
Será mar?

Ele
O céu
Parece o mar
As nuvens 
As ondas a cortar
O negro dos pássaros
Barcos minúsculos
Nesse mar

Será céu?
Será mar?

A vida corre sem parar
Menos um dia 
Que se vai
Mais uma noite 
A anunciar

Retângulo só meu
Para a vida
Cá do sétimo andar!
Sempre
Mas mesmo sempre
A vida
A AMAR!

(Celeste Rebordão)



A VIDA um POEMA!!!


Ei-la, chegou de novo
A chuva chuvinha
De grossas bagas
Tais lágrimas de prata
Que embaciam
Quando tocam na vidraça

Qual foi a fada?
Talvez a Madrinha
Que encantada
Chorou de alegria
Ao ver o bailado
Das aventuras
Na procura da vida
Da afilhada...
(Celeste Rebordão)
 

Lá vinham elas
De mão dada
As duas palavras
Rindo à gargalhada
Uma era a Prima
Outra a Vera
De mão dada

Sempre rindo
Rindo à gargalhada

Subiram a colina
Rolaram pela encosta
Sempre bem dispostas
Rindo sempre
Sempre rindo
Sempre à gargalhada

As andorinhas 

Que as acompanhavam
Cruzaram os céus
Fizeram os ninhos
E felizes puseram os ovinhos
E dos ovinhos
Saíram os filhotinhos
Que piando
Abriram os olhinhos
E exclamaram
Numa gargalhada
Viva a Prima
Viva a Vera
Lindas que são
E juntas
Fazem a 
Primavera!

Eheheh...


(Celeste Rebordão) 




Elas vinham mansinhas
As palavras
Em harmoniosos
Grupinhos
Dançando e acariciando a face
Tal brisa de cor mate

Veio o vento matreiro
Sacudindo o olmeiro
Desfazendo a ordem
Das palavras mansas
Etéreas brancas

Ficou o desvario
À compreensão seguiu-se
A incompreensão
E as palavras mansinhas
Largaram as mãozinhas e
Esconderam-se em qualquer parte

Mas o sol risonho
Da vida senhor
Não ignorou o destino
Das palavras castas
Brilhou e aqueceu- as
E elas sorrindo
Corajosas
Potentes
Brilhantes
Vestidas de candura
Deslizaram felizes
Procuraram-se 

 Uniram-se
Tal arco íris na vida
Da gente pura

(Celeste Rebordão)



ELA surgiu-me
De negro vestida
O rosto marcado
Pela doR
Da perda maioR
Na VidA

Frágil o corpo
Quieto o olhaR


No estar
A aceitação

No doce beijar
e

No quente a abraçar
 
A gratidão
 No falar
A retribuição
(Celeste Rebordão) 




Manhã de outono
Manhã brilhante
De sol estonteante
Mas fria
De um vento gelado
Que soprava
Como que enfeitiçado

Entrei
Procurando abrigo
Cabelos em desalinho
Rosto ruborizado
Do vento amado
Aconcheguei-me
Na mesa silenciosa
Num canto anichado

Olhei em redor
Procurando vida
Vida conhecida

Lá estavam eles
Numa mesa vizinha

Ela falava
Agitada
Ela falava
Falava
Sem parar
Misturando risos
Gargalhadas
Brilhos no olhar
Tentando cativar

Ele fingia ouvir
Parecendo concordar
Olhar distraído
Triste
Sem brilho
Fugidio
Sorrisos forçados
Palavras lacónicas
Cabeça a acenar

Mas ela ria e ria
Contava e recontava
Remexia na carteira
Fotos a procurar
Tentando enfeitiçar
Encostava-se a ele
Pernas a roçar
Procurava-lhe a mão
Mãos escondidas
Escondidas do olhar

Ele fingia
Fingia ouvir
Olhar perdido
Num rosto qualquer
Tentando encontrar
Aprovação
Na multidão
Tal animal enjaulado
Numa prisão

E ela ria
Continuava a rir
Abraçou-lhe o pescoço
Beijou-lhe a face
Ele fingia retribuir
Mas o olhar
Ah! Esse continuava
A fugir

Fechei os olhos
E ficcionei
O que se passaria a seguir
Ele olhava-a com pena
Um outro rosto
No dela revia
Traidor
Mentiroso
Infiel
Que tudo lhe prometia
E decidido
Levantava-se
E saía
Libertado
Lavado
 Para o vento gelado


E ela ficava
Orgulhosa
Corpo direito
Olhar vazio
E depois de algum tempo
Saía arrogante

Mas isso aconteceria
Num conto meu
A realidade era outra
À frente do olhar
Aberto
Discreto
Meu

Ela continuava a rir
A rir sem parar
E ele fingia
Fingia ouvir
E ele fingia
Fingia sentir
E fingia
Deixar-se levar
Tal como a borboleta
Atraída pelo brilhar
Do candeeiro
E as asas queimar


E quem saiu fui eu
De volta aos braços
Do vento gelado 
Do sol amado

(Celeste Rebordão)



Frente ao chá quente

Lá estavam eles 
Frente a frente
Frente a eles
Frente ao chá quente

De maçã e canela
O chá aromático
De outono
O pão dourado 
Torrado
Aloirado
Ela olhava para ele
Ele olhava para ela

Lá estavam eles
Frente a frente
Frente a mim 
Frente ao chá quente

E falavam
Cada um a seu tempo
O falar entrecortado
Com sorrisos no olhar

E risos suaves 
Faziam-se ouvir
E eles estavam ali
Frente a frente
Frente e mim
Frente ao chá quente

Fechei os olhos
Abri-os de novo
E eles
Já não estavam ali

Seria sonho
Seria ilusão 
Seria real
Tanta perfeição? 

(Celeste Rebordão)



495.jpg


Lá está ela
Linda
A Lua Brilhante
Grávida
Imponente
Gigante

Lá está ela
A Lua 
A Lua Cheia
Que brilha na noite
Que sorri no olhar
A quem mais não exige
Do que admirar
A vida maravilhosa
Que preenche
Quase todo o estar
Num êxtase completo
Que amortece
Que emudece
Todos os ruídos
Do outro mundo paralelo
Que nos deixam apenas
Um sorriso
Amarelo

São palavras 
Tão simples
Tão fáceis de entender
Mas é com elas
Que defino 
O meu sentir
O meu olhar
O meu SER.

(Celeste Rebordão)




Apolo, meu AmoR

Ficou o teu olhar nos meus olhos. Para sempre o teu olhar doce, desafiante... A tua espera tranquila: ficas que a dona já vem. E eu ia e vinha rápido porque sabia-te à minha espera. E era lindo chegar. Ouvir-te cantar de felicidade. Ver-te procurar a tua bola preferida, a careca, para me presenteares com ela. O que nós a procurámos, Apolo, nestes dez anos de amor. Fui tão feliz contigo, querido. Meu AmoR de pêlo dourado.




Fomos tão felizes contigo, APOLO...





Mãe

Foi Mulher Menina
Foi Mãe Menina
Foi Menina
É MulHer 
É a minha Mãe
Hoje sinto
Que tristeza
Que a mãe sou eu
Duma filha que
Tudo me deu

É a Minha Mãe

Mãe Mãe Mãe

Quanta dor hoje sinto
Por si
Mãe

Mãe 
Palavra tão singela
Com três letras tão somente
Palavra tão bela
Palavra tão terna
Mãe

Dizem-me que a vida é assim
Mas eu não quero
Não quero que a vida seja assim
Mãe...

Olho para trás
Lá muito para trás
Eu criança
A mãe mulher

Recordo o seu choro perdido na noite
Que me roía por dentro
Que me tirava o alento

Recordo o nosso preparo
Alinhadas para a Eucaristia Dominical
Nos nossos vestidos floridos
Pela mãe imaginados cortados e costurados

Recordo Mãe
As suas mãos duras pelo trabalho
Mas rudes não
Mas agressivas não
Sempre doces
Sempre ternas
As mãos mais doces
As mãos mais belas

A Mãe é a Mãe entre todas as mães
Deu-nos o bem maior
O AMOR por nós
O AMOR pelo próximo
O respeito por nós
O respeito por todos

A Mãe é a mestra entre todas as mestras
A Mãe é poesia
A Mãe é fado
Mas também é sinfonia
Deu a vida feliz
A seis rosas encantadas
E a um cravo maravilhado

Recordo tantas coisas
Tantos acontecimentos
Tantas lágrimas
Tantos lamentos
Tantas gargalhadas

Recordo nascimentos
Recordo casamentos
Recordo falecimentos

E a Mãe
Sempre presente
Sempre corajosa
Sempre forte
Sempre protectora

Lembro-me de tudo 
O que é só nosso
E que não digo
Por ser tão nosso
Só nosso
Só nosso
Só nosso

Só a si contava
Os tantos tantos segredos que me confiavam
Só assim aliviava o peso que sentia
Por tão grande mas doloroso tesouro
Saber só eu
Ou saber eu e a Mãe
Era saber só eu
Com a proteção da Mãe

Recordo o banho que me deu
Dias antes de um dos meus filhos nascer
Chorámos e rimos
Mas porque chorávamos Mãe
Só nós duas sabemos
As suas mãos nas minhas costas
O doce calor das suas mãos
A sua voz suave como o mel
O meu ventre enorme
Cheio de Vida
E eu aninhada
No calor seu
Tal criança  no ventre da sua Mãe

Nunca me deixe Mãe...

(celeste rebordão)





SonHo
Esta noite sonhei
Sim foi um sonho
Sonhei e acordei
E por ser um sonho
E por ser tão belo
Tentei agarrá-lo de novo
Tentei continuá-lo
Tentei perpetuá-lo
Oh! Que ilusão!
Pois por ser um sonho
Foi impossível agarrá-lo
Foi impossível continuá-lo.

As imagens eram nítidas 
Ao acordar  
Mas depressa se esfumaram
Depressa se desvaneceram
Por isso tenho a certeza que foi um sonho
Pois se sonho não fosse
E se de um pesadelo se tratasse
As imagens ficariam a martelar
Por longas horas
A pesar.

Mas foi um sonho
E um rasto de saudade
E um sopro de felicidade
Num misto de melancolia
Pairou pelo ar
Neste meu dia
De horas por acabar.

(Celeste Rebordão)





Adoro ver-te crescer 
Adoro o teu falar
Adoro os nossos segredos
Adoro o teu permanecer

Adoro o teu pensar
Adoro o teu estar
Adoro o teu evoluir
Adoro o teu sorrir

Adoro o teu arrumar
Adoro as tuas surpresas 
Adoro o teu amar
Adoro as tuas subtilezas

Adoro aguardar por TI
Na nossa "sala de espera"
Adoro os nossos esconderijos
Adoro a tua despedida
"Ó Vó vou ter saudades!"

Querida
Querida
Querida!



(Celeste Rebordao)



Em tempos do Covi19

🌈🌈🌈🌈🌈

O tempo escorre lentamente
A mente numa velocidade sem limites
O desejo no coração 
De mais um dia de esperança
Para os meus, para os teus, para todos 
Esperança universal 
Vestida de cuidados
Vestida de amor
Vestida de respeito
Pela VidA que nos acolhe.

(Celeste Rebordao )

🌻🌻🌻🌻🌻

As Pombas

Lá iam as pombinhas
A voar
Na rua silenciosa
Sem ninguém a passar

Iam leves
Harmoniosas
Belas 
Amistosas 
Mas quem as viu voar?

Neste meu retângulo 
Aberto ao céu 
Vi-as
Vi-as a passar
Mas elas não me viram
Donas do lugar

Iam belas 
Harmoniosas
Amistosas 
As pombas 
Num voo a rasar

E o meu coração ficou a cantar.

(Celeste Rebordao)

🌻🌻🌻🌻🌻

Noite SerenA

Noite serena
Lavada
No céu apenas uma 
Estrela
Ladeada de nuvens Esfarrapadas
Brancas
Espaçadas 

Arvores verdes
Floridas 
A avenida deserta
Silenciosa
Enigmática 
Limpa 
Iluminada
Por linhas certinhas
Retilineas
Sem alguém 
A percorré-la

Carros 
Tantos carros
Parados
Alinhados
Arrumadinhos

Casas sem vida
Predios de janelas 
Cerradas
De persianas Corridas

Onde foi que já 
Vi assim?
Num filme qualquer 
De ficção Certamente
Num passado Recente
Parecia impossível 
A anos luz
Distante
Mas que agora
É presente

E eu de janela
Escancarada 
Olho o Céu imenso
E penso
Quem me dera
Que não fosse
Assim!

(Celeste Rebordão )