sábado, 30 de julho de 2022

Nascer...

 ...a pensar que os bebés têm de marcar uma hora para virem ao mundo... ah! E não se podem atrasar (ou adiantar) à hora marcada... 

Que país temos? Não basta a ansiedade de tão importante momento...

Enfim.



...continuo a pensar neste encerramento de urgências obstetrícias...

Abençoada Sra Celeste Dias que ajudou no meu parto e nos partos das minhas irmãs e irmão. Todos nascemos em casa e, quando a hora se aproximava, lá rumava o meu pai a casa desta sra. Penso que a mãe dela tb foi parteira... talvez de algumas das minhas irmãs mais velhas.

Foram pessoas íntegras que acorriam  (independentemente da hora, do frio, da chuva ou da neve) a ajudar a trazer mais uma vida ao mundo. Felizmente, tudo terminava bem...

Não deixar que caiam no esquecimento e enaltecê-las é o que me vem à cabeça nestes dias.

Foram pessoas importantíssimas na vida de tantas e tantas famílias.💛💛💛

quinta-feira, 14 de julho de 2022

Rankings

 A propósito de rankings, o João Veloso (professor) diz tudo...


"Acho que já passou tempo suficiente para eu poder falar disto em público.


Há mais de 10 anos, trabalhei com a Inspeção Geral de Educação num programa de avaliação de escolas. Conheci gente muito profissional com quem calcorreei dezenas e dezenas de escolas públicas em quase todos os distritos do Norte.


Nunca me esquecerei da primeira escola que visitei, a pouco mais de 50 km do Porto. Uma criança que só tomava banho nos dias das aulas de Educação Física. Tinha vergonha e o professor mandava-a para o balneário 10 minutos mais cedo para ela se lavar. Quem levava a roupa suja da criança e lha trazia lavada e passada no dia seguinte era uma contínua da escola.


Depois vieram outras histórias que fui amealhando. Meninos cuja única refeição quente era o almoço da cantina. Miúdos que à tarde levavam os restos do almoço escolar para casa para servirem de jantar para a família. Miúdos que ao fim de semana se alimentavam de bolachas Maria. Miúdos que aprenderam a gostar de ler na biblioteca da escola, que em casa nunca tinham visto um livro. Escolas que no inverno acabavam as aulas às 4 da tarde para que os pais das meninas não as vendessem por meia hora aos senhores dos Mercedes pretos parados à porta a coberto do escuro. Crianças alcoolizadas. Professores e funcionários à beira de uma exaustão horrível porque tinham de fazer de pais, mães, psicólogos, médicos, confidentes, assistentes sociais. Crianças que nunca tinham  ido mais longe do que à vila lá da terra.


A merda dos rankings, a cloaca dos rankings, a vergonha dos rankings serve para quê? Qual é o espanto em constatar sadicamente que os miúdos de casas sem pão ficam em último e os das fábricas de notas em primeiro? Ponham-me a jogar à bola com o Ronaldo e não é preciso vir nenhum ranking dizer-me que nunca lá chegarei.


As escolas que se dão ao luxo de escolher à partida os seus alunos, que recebem os alunos que em casa comem e leem e viajam e falam inglês não têm grande trabalho a fazer. Todos nós, professores, sabemos que trabalhar com bons alunos é fácil. Difícil, desafiante (e apaixonante) é fazer dos fracos bons.


O resultado de uma escola não se mede só pelas notas a Inglês e a Biologia. Há escolas em que o sucesso é alimentar e lavar os miúdos e isso não passa no radar dos filhosdaputa (pardon my French, mas o vernáculo é para ocasiões destas) dos rankings, cuja única função é apontar ainda mais a dedo aqueles que já são estigmatizados, excluídos, ridicularizados todos os dias, e fazer publicidade enganosa aos colégios "do topo".


Conheço paizinhos com filhos problemáticos que acham que transformariam os seus filhos em génios se os inscrevessem de repente numa dessas escolas. Acreditam que há algo nessas escolas, uma varinha mágica impermeável ao resto, que fabrica génios. A ficha cai-lhes quando são os próprios colégios, em privado, a tirar-lhes o tapete. Nem sequer os admitem à entrevista. É bem feito. 


Honestidade intelectual: vão buscar um desses meninos que não comem nem tomam banho em casa, ponham-no numa das "top five" (mas ponham mesmo, não façam de conta), não lhes mudem nada nas condições de vida, e vejam se é isso que os manda para o MIT."

terça-feira, 12 de julho de 2022

Altes Land

 



Uma série surpreendente na RTP 2 que me cativou desde o início.

Não foi a única. Quase todas são enriquecedoras e envolventes.

Nestes tempos em que parece que vegetamos suspensos em realidades anormais,,, covid, guerra, assassinatos, vítimas de violência doméstica... inflação, insegurança, redes sociais vazias de conteúdos (que são o espelho da sociedade que nos envolve). O mundo político tão "pobre" e tão à deriva,,, mas a tentar convencer-nos que não.

O SNS, a Educação,,,

Bem,  abstraio-me de toda esta realidade nestas séries que me demonstram que ainda não me perdi...