
Esta frase "Os teus erros como filho, são o meu fracasso como pai", tem estado sempre presente na minha memória e relembro-a imensas vezes em várias situações da vida.


Sou como todas as pessoas sensíveis ao que as rodeia... Adoro as pessoas, adoro a natureza, adoro os animais... Gosto de música... Mas o que mais prezo é a minha família e os meus amigos e a natureza e os animais... Eheheh. Antes que me esqueça, adoro qualquer forma de demonstração de Arte: pintura, arquitectura, escultura, poesia...
Kim Kashkashian
Alex Cline
Podemos apreciar a obra de António Vila Real, na Sala da Nora, no Cine-Teatro Avenida, de 3ª Feira a Domingo, das 14h00 às 19h00 até ao dia 28 de Novembro.
"O artista é um criador de coisas belas. "
(Oscar Wilde, O Retrato de Dorian Grey)
Obras corporais:
Este compromisso serviu de base aos compromissos das misericórdias que iam surgindo por todo o reino.
A expansão das misericórdias, por todo o reino, deve-se ao rei D.Manuel I que se desdobrou em acções em prol destas, enviou funcionários com a incumbência de promover a sua fundação em todas as cidades do reino e, ainda, escreveu às Câmaras a solicitar a criação da confraria. A cultura da caridade era uma característica da Casa Real Portuguesa.
“Juízes, Vereadores, Procurador, fidalgos cavaleiros e homens bons Nós El-Rei vos enviamos muito saudar. Cremos que que sabereis como em esta cidade de Lisboa se ordenou uma confraria para se as obras de misericórdia haverem de cumprir, e especialmente a cerca dos presos pobres e desamparados que não têm quem lhes requerem seus feitos nem socorra as suas necessidades e assim em outras muitas obras piedosas segundo mais largamente em seu Regimento se contém […] e porem vos encomendamos que considerando quanto isto é serviço de Deus vos queirais juntar e ordenar como em essa cidade se fizesse a dita confraria…”
Até ao final do reinado de D. Manuel existe documentação que comprova a criação de 42 misericórdias, entre elas a de Castelo Branco que surgiu nos dois últimos anos de reinado de D. Manuel (1520 e 1521).
A implantação relâmpago de misericórdias no reinado de D. Manuel, bem como a atribuição a estas de um leque de competências alargado, transforma-as nas confrarias mais poderosas de Portugal ao longo da Idade Moderna, o que a curto prazo ao esgotamento das funções das outras confrarias.
Isentar, privilegiar e beneficiar eram o modus operandi régio.
Em 1496, D. Manuel expulsa os judeus de Portugal e os bens confiscados são usados no financiamento de misericórdias e de hospitais.
Com o decorrer do tempo as misericórdias foram acumulando privilégios: os peditórios passam a ser feitos apenas pelas misericórdias e os bens deixados em testamento à Igreja foram direccionados para as misericórdias, como resultado do pedido efectuado pelo Rei ao Papa, assim como os enterros que passaram a ser realizados apenas pelas misericórdias (visto serem apenas estas a possuírem mobiliário fúnebre).
Isto vai levar ao acumular de um património enorme e, por conseguinte, ao aumento do seu poder social, económico e político, particularmente a partir do século XVII.
As Misericórdias eram muito respeitada por todas as classes sociais, principalmente pelo povo, pois atribuíram dotes para as raparigas órfãs e pobres, ajudavam ainda os pobres envergonhados, faziam doações para os doentes pobres dos hospitais, davam dinheiro para ajudar a resgatar cativos de guerra religiosa ou até simples presos das cadeias.
Também o clero e a nobreza se socorreram das misericórdias em horas de aperto sendo-lhes concedidos empréstimos a troco de juros, o que veio a rentabilizar o dinheiro emprestado, sendo este posteriormente direccionado para a caridade, o que justificava a prática da usura, condenada pela Igreja. Foi uma forma de se conseguir ajudar um maior número de pessoas com os lucros desta prática. No entanto, mais tarde, irá ser um factor para a decadência das misericórdias, visto muitos dos empréstimos nunca serem recuperados o que fez com que o capital das misericórdias diminuísse e, consequentemente, a confiança que as pessoas depositavam nelas.
A partir do século XVI a administração dos hospitais passa a ser efectuada pelas Misericórdias, o que vai levar a um aumento das despesas, na medida em que a sua manutenção requer avultados gastos. Esta situação, aliada aos empréstimos efectuados e não recuperados, provocará a falência de algumas misericórdias e o enfraquecimento de outras.
As misericórdias entram em crise e a capacidade de cumprir a sua principal função, a assistência aos necessitados, torna-se limitada.
Com o absolutismo, e com a entrada do Marquês de Pombal na vida política e legislativa do reino, a situação das Misericórdias torna-se ainda mais precária porque este faz a separação entre o Estado e a Igreja. Os benefícios atribuídos pelo rei a estas irmandades deixaram de existir. Contudo, as misericórdias conseguiram sobreviver até aos nossos dias e actualmente continuam a ter um grande papel social e económico.
Conclusão:
Em suma, as Misericórdias cumpriram a sua principal função, pôr em prática o Compromisso, como irmandade unida pela fé e pelos mesmos objectivos. Todos os necessitados de ajuda corporal ou espiritual encontraram nas misericórdias a resposta à maioria dos seus problemas.
Apesar de ter passado por momentos instáveis, desde o seu aparecimento e até aos nossos dias, a assistência social tem sofrido transformações sempre numa tentativa de solucionar problemas sociais e económicos. Hoje, como forma de travar o aparecimento de problemas sociais, aposta-se sobretudo na prevenção.
É relevante focar que a caridade não deve ser realizada como um meio para alcançar outros fins, como acontecia nestas épocas. A ajuda ao próximo é, sem sombra de dúvidas, um dever de todos nós, independentemente da religião, da cor e do género.