quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Mãe Natureza...


Em 1854, Franklin Pierce, Presidente dos Estados Unidos da América, enviou una oferta de compra ao Cacique de Seattle, pertencente à Tribo Suwamish. A intenção era comprar os territórios do noroeste dos Estados Unidos. Em troca oferecia criar uma reserva para o povo indígena. Este ilustre Cacique Sioux respondeu com uma carta plena de beleza e sabedoria:


Chefe dos Caras Pálidas:

Como se pode comprar ou vender o céu ou o calor da terra? Essa é, para nós uma una idéia estranha. Se ninguém pode possuir o frescor do vento nem o fulgor da água, como e possível que você se proponha a comprá-los? Cada pedaço desta terra é sagrado para meu povo. Cada ramo brilhante de um pinheiro, cada punhado de areia das praias, a penumbra da densa selva, cada raio de luz e o zumbido dos insectos são sagrados na memória da vida de meu povo. A seiva que percorre o corpo das árvores leva consigo a história dos pele-vermelhas. Os mortos do homem branco olvidam a sua terra de origem quando vão caminhar entre as estrelas. (...) Somos parte da terra e ela é parte de nós. As flores perfumadas são nossas irmãs; o cervo, o cavalo, a grande águia, são nossos irmãos. Os picos rochosos, a campina húmida, o calor do corpo do potro e o homem, todos pertecem à mesma família.(...) Os rios são nossos irmãos, saciam a nossa sede. Os rios carregam as nossas canoas e alimentam os nossos filhos. Se lhes vendemos as nossas terras, vocês devem-se lembrar e ensinar aos vossos filhos que os rios são vossos irmãos também. Portanto, vós devereis dar aos rios a bondade que dedicariam a qualquer irmão. Sabemos que o homem branco não compreende os nossos costumes (...) Não há um lugar quieto nas cidades do homem branco. Nenhum lugar onde se possa ouvir o florescer das folhas na primavera, ou o bater das asas de um insecto (...)Que resta da vida se um homem não pode ouvir o choro solitário de uma ave ou o coaxar nocturno das rãs ao redor de um lago?. (...) o ar é de muito valor para o homem pele-vermelha, pois todo compartilham o mesmo ar - o animal, a árvore, o homem -, todos compartilham o mesmo solo. Parece que o homem branco não sente o ar que respira. Como uma pessoa agonizante, é insensível ao mal-cheiro. Porém, se vendemos nossa terra ao homem branco, ele deve recordar que o ar é valioso para nós, que o ar comparte o seu espírito com a vida a que dá sustento. O vento que deu aos nossos avós o seu primeiro respiro, também recebeu os seus últimos suspiros. Se lhes vendemos a nossa terra, vocês devem mantê-la intacta e sagrada, como um lugar onde até mesmo o homem branco possa saborear o vento açucarado pelas flores do prado. Portanto, vamos meditar sobre vossa oferta de comprar a nossa terra. Se decidirmos aceitar, imporei uma condição: o homem branco deve tratar os animis desta terra como aos seus irmãos. Sou um homem selvagem e não compreendo nenhuma outra forma de actuar. Vi um milhar de búfalos apodrecendo na planície, abandonados pelo homem branco, que os abateu desde um trem que passava (...) Não compreendo como um cavalo fumegante de ferro pode ser mais importante que o búfalo que nós sacrificamos somente para sobreviver. Que é o homem sem os animais? Se todos os animais se fossem, o homem morreria de uma grande solidão de espírito, pois o que ocorra aos animais, em breve ocorrerá aos homens. Há unidade em tudo. Para que respeitem a terra, digam a seus filhos que ela foi enriquecida com as vidas do nosso povo. (...) Isto é o que sabemos: A terra não pertence ao homem; é o homem que pertence à terra. Isto é o que sabemos: todas as coisas estão relacionadas como o sangue que une uma família. Há uma unidade em tudo. O que ocorra com a terra recairá sobre os filhos da terra. O homem não teceu o tecido da vida: ele é simplesmente um dos seus filhos. Tudo o que fizer ao tecido, o fará a si mesmo. Inclusive o homem branco, cujo Deus caminha e fala como ele, de amigo a amigo, não pode estar isento do destino comum. É possível que sejamos irmãos, apesar de tudo. De uma coisa estamos seguros que o homem branco chegará a descobrir algum dia: nosso Deus é o mesmo Deus(...) Ele é o Deus do homem, a sua compaixão é igual, tanto para o pele-vermelha como para o homem branco (...) Quando nos despojam desta terra, vocês brilham intensamente iluminados pela força do Deus que os trouxe a estas terras e por alguma razão especial lhes deu o domínio sobre a terra e sobre o homem pele-vermelha. Este destino é um mistério para nós, pois não compreendemos que os búfalos sejam exterminados, os cavalos bravios sejam todos domados, os rincões secretos do bosque denso sejam impregnados do cheiro de muitos homens e a visão das montanhas obstruída por fios de falar...Bem... o resto da história deveríamos todos saber: como os búfalos, as florestas e as planícies, também os homens e as mulheres de pele vermelha foram exterminados, no conhecido mas pouco divulgado genocídio americano.






A sabedoria dos Índios Sioux Conta uma velha lenda dos índios Sioux que, uma vez, Touro Bravo, o mais valente e honrado de todos os jovens guerreiros, e Nuvem Azul, a filha do cacique, uma das mais formosas mulheres da tribo, chegaram de mãos dadas, até a tenda do velho feiticeiro da tribo.. - Nós nos amamos... E vamos nos casar, disse o jovem. E nos amamos tanto que queremos um feitiço, um conselho, ou um talismã.... Alguma coisa que nos garanta que poderemos ficar sempre juntos... Que nos assegure que estaremos um ao lado do outro até encontrarmos a morte. Há algo que possamos fazer ? E o velho emocionado ao vê-los tão jovens, tão apaixonados e tão ansiosos por uma palavra, disse : - Tem uma coisa a ser feita, mas é uma tarefa muito difícil e sacrificada... Tu, Nuvem Azul, deves escalar o monte ao norte dessa aldeia, e apenas com uma rede e tuas mãos, deves caçar o falcão mais vigoroso do monte e trazê-lo aqui com vida, até o terceiro dia depois da lua cheia. - E tu, Touro Bravo, continuou o feiticeiro, deves escalar a montanha do trono, e lá em cima, encontrarás a mais brava de todas as águias, e somente com as tuas mãos e uma rede, deverás apanhá-la trazendo-a para mim, viva ! Os jovens abraçaram-se com ternura, e logo partiram para cumprir a missão recomendada... No dia estabelecido, à frente da tenda do feiticeiro, os dois esperavam com as aves dentro de um saco. O velho pediu que com cuidado as tirassem dos sacos e viu que eram verdadeiramente formosos exemplares... - E agora o que faremos? Perguntou o jovem! As matamos e depois bebemos a honra de seu sangue ? - Ou cozinhamos e depois comemos o valor da sua carne? Propôs a jovem. - Não ! Disse o feiticeiro... -Apanhem as aves e amarrem-nas entre si pelas patas com essas fitas de couro... Quando tiverem amarradas, soltem-nas, para que voem livres. O guerreiro e a jovem fizeram o que lhes foi ordenado, e soltaram os pássaros... A águia e o falcão, tentaram voar mas apenas conseguiram saltar pelo terreno. Minutos depois, irritadas pela incapacidade do voo, as aves arremessavam-se entre si, bicando-se até se machucar. E o velho disse: - Jamais esqueçam o que estão vendo! Este é o meu conselho. Vocês são como a águia e o falcão. Se estiverem amarrados um ao outro, ainda que por amor, não só viverão arrastando-se, como também, cedo ou tarde, começarão a machucar-se um ao outro... Se quiserem que o amor entre vocês perdure... "Voem Juntos...mas jamais amarrados" 

O Círculo da Vida 
  
Eu matei o cervo 
Eu esmaguei o gafanhoto 
E das plantas ele se alimentou 
Eu via o coração das árvores envelhecendo e continuamente 
Eu tenho capturado peixes da água 
E pássaros do céu 
Na minha vida eu precisaria morrer 
Assim a minha vida pode ser 
Quando eu morrer eu devo dar vida 
A quem me tinha nutrido 
A Terra recebe o meu corpo
 E dá isso para as lagartas 
Para os pássaros e os lobos 
Cada um no seu próprio tempo 
De forma que o Circulo da Vida Nunca está quebrado.

2 comentários:

  1. Jorge Luis Borges




    THE UNENDING GIFT

    Tradução de Carlos Nejar e Alfredo Jacques

    Um pintor nos prometeu um quadro.
    Agora, em New England, sei que morreu. Senti,
    como outras vezes, a tristeza de
    compreender que somos como um sonho.
    Pensei no homem e no quadro perdidos.
    (Só os deuses podem prometer, porque são
    [ imortais.)
    Pensei num lugar prefixado que a tela não
    [ ocupará.
    Pensei depois: se estivesse aí, seria com o tempo
    uma coisa a mais, uma das vaidades ou
    hábitos da casa; agora é ilimitada,
    incessante, capaz de qualquer forma e
    qualquer cor e a ninguém vinculada.
    Existe de algum modo. Viverá e crescerá como
    uma música e estará comigo até o fim.
    Obrigado, Jorge Larco.
    (Também os homens podem prometer, porque na
    [ promessa há algo imortal.)

    ResponderEliminar
  2. Para um BOM CORAÇÃO-Celeste Feliz. Uma boa pessoa.
    http://www.youtube.com/watch?v=_4nZ4du7qOQ

    ResponderEliminar