sábado, 30 de outubro de 2010

A criança que habita em todos nós...





Há dias comprei um novo livro para oferecer a uma das minhas afilhadas. Era o livro que ela desejava e que já me pedia há alguns dias. Mas, ao ver o livro achei que, provávelmente, não estaria adequado à sua idade. No entanto, acabei por o adquirir. Como sempre, iniciei por lhe escrever uma dedicatória, continuo a não conseguir passar por uma folha em branco e não lhe colocar a minha marca. Creio que é de máxima importância na vida dos jovens assinalarmos os marcos importantes: era dia do seu aniversário. Depois da dedicatória, veio a ilustração. Impossível não iluminar as palavras com cores... Finalmente a entrega. A felicidade estampada no seu rosto de criança. A prenda maior, a mais intensa, foi para mim...aquela carinha radiante!
Ontem visitei-a e, lá estava o livro na pasta da escola, por entre os livros escolares...madrinha já vou aqui, e mostrou-me o que já tinha lido...imensas páginas cheinhas de, apenas, letras. Comecei a folhear o livro e esta frase chamou-me a atenção,
"A infância não vai desde o nascimento a uma determinada idade e, em determinada idade, a criança cresce e deixa-se de coisas infantis. A infância é o reino onde ninguém morre."(Edna St. Vincent Millay)

Frase que me ocupou os pensamentos durante os trinta quilómetros de regresso a casa.

A infância é o reino onde ninguém morre... Onde a vida é rainha absoluta sobre todas as coisas... onde só existe o agora, a imensidão da vida, das alegrias, dos presentes, da felicidade...

Quando a morte acontece nas nossas vidas, a infância passa e uma nuvem sombria e, ainda que muito oculta, fica para sempre na vida... Aconteceu-me isso quando perdi o meu avô paterno. Foi a minha primeira perda. Andei alguns dias, semanas, ou para sempre, com aquela falta sempre presente. Talvez, por isso, me recorde tão bem de todos os pormenores desse dia apesar da minha pouca idade... cinco ou seis anos.

Talvez a minha infância tivesse começado a parar ali...apesar de continuar a ter brincadeiras de criança... Mas a nuvem ficou, até hoje.

Quase todos os dias temos conhecimento de pessoas que se vão. Umas do nosso circulo familiar, outras conhecidas e outras que pertencem a círculos que, de uma forma ou de outra, nos dizem alguma coisa. É sempre uma perda e uma realidade assustadora com que temos de conviver...aprender a conviver...

Viver o dia-a-dia de uma forma única, verdadeira, de crescimento interior e verdadeiro na procura da nossa felicidade mas, também na felicidade do Outro deveria ser primordial no nosso horizonte de vida.


segunda-feira, 25 de outubro de 2010

As Misericórdias nas Sociedades Portuguesas do Período Moderno

Brueghel
Introdução


Até ao século XV a ajuda aos pobres e doentes era prestada com um cariz caritativo e particular pelas pessoas com mais posses e pela Igreja. Esta incutia nos fiéis a prática da caridade como forma de se obter o perdão dos pecados e a salvação da alma, defendendo a ideia de que todos nascemos pecadores. Influenciava, ainda, a prática das doações, a fim de obter meios para que a assistência fosse alargada a um maior número de necessitados. Nos meios pequenos todos se conheciam o que permitia que as famílias abastadas tivessem os “seus pobres” sabendo das suas carências. O Estado não participava na ajuda aos pobres porque se viviam tempos de grande conturbação devido às lutas constantes entre os senhores feudais e entre estes e os povos invasores, numa tentativa de definir o território português.
A assistência aos desvalidos era prestada nos Mosteiros, nas Albergarias, Gafarias e Hospitais que se situavam nos locais de maior passagem e estavam distribuídos por todo o território. Este apoio social era prestado durante um período curto de tempo e caracterizava-se por fornecer alimentos, roupas e tratamento de pequenas mazelas e fornecendo aos necessitados local para pernoitar.

Nos finais do século XV, num clima de maior estabilidade político-social e económico, graças à expansão marítima que trouxe riqueza e consequentemente um poder régio mais centralizado, assistiu-se à Reforma da Assistência Social com a criação das Confrarias, entre elas as Misericórdias. O Estado passou a ter um papel interventivo e legislativo na prestação da Assistência por parte das Misericórdias.


Da assistência individual e caritativa até ao nascimento das confrarias


Até ao séc. XIII a ajuda aos necessitados era desempenhada fundamentalmente pela Igreja e por particulares com mais posses. Viviam-se tempos de grande tormenta devido às guerras, à fome e às doenças, levando à pobreza extrema. Era fundamental, acreditar num futuro melhor, o que permitiu à Igreja, através do auxílio prestado, adquirir poder quer na vida quotidiana da sociedade quer na vida política. A Igreja incutia na sociedade a prática da caridade como forma de obter o perdão dos pecados e alcançar a vida eterna. Mas nem todos os necessitados eram considerados merecedores de ajuda sendo excluídos pela população (prostitutas, judeus, mouros e actores…).

A partir do século XIII, a assistência primária mostrou-se insuficiente e incapaz de dar resposta a todos os que dela necessitavam, devido ao aumento populacional do meio urbano. As lutas, entre os senhores feudais e os camponeses, provocadas por maus anos agrícolas, fez com que estes se dirigissem para os meios urbanos em busca de melhores condições de subsistência, transformando a pobreza urbana numa pobreza endémica. Neste contexto surgem as albergarias, nos pontos de maior passagem, que aliviavam os peregrinos e viandantes das mazelas provocadas pelas grandes caminhadas, assim como os hospitais, que recebiam pessoas por tempo limitado (dois e três dias), dando-lhes abrigo e alimento para o corpo e para a alma.

Neste período de fraca produção agrícola, de desvalorização monetária e em situações de doença e de velhice, houve muita gente honrada que também caiu em “desgraça”, foram designados por “pobres envergonhados”. As Mercearias surgem neste contexto por acção régia de D. Dinis e, sobretudo, de D. Afonso IV e de sua mulher, D. Beatriz. Estas eram hospitais ou albergarias que tinham como finalidade receber homens ou mulheres pobres de grupo social médio sendo esta característica a que as distinguia dos demais.

Devido ao surto da lepra criaram-se as Gafarias para acolher e guardar as pessoas atingidas pela doença. Localizavam-se fora dos centros para evitar a propagação da doença e eram dirigidas por pessoas portadoras deste mal. A lepra atingia pessoas de todas as classes sociais.

Como as instituições existentes não conseguiam fazer face ao aumento significativo do número de pessoas pobres, com todo o tipo de carências associadas, surgem as confrarias, entre elas as Misericórdias que usufruiriam de privilégios régios.

As confrarias podiam estar ligadas à devoção a santos ou então eram constituídas por membros com o mesmo ofício (alfaiates, sapateiros, artesãos…) e tinham como objectivo prestar auxílio a todos os que, tendo o mesmo ofício, necessitassem de ajuda. Posteriormente esta ajuda foi alargada a todos, independentemente da profissão. Estas comunidades não tinham qualquer tipo de apoio do Estado, eram instituições autónomas. Criaram alguns hospitais e albergarias espalhados por vários locais com o objectivo de alargar a sua acção caritativa. Ligadas aos princípios cristãos e às festas do seu patrono retinham elevado valor.
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O nascimento das misericórdias e a sua evolução no contexto português

Nos finais do séc. XV, com a progressiva consolidação do Estado e com as alterações que se efectuaram na sociedade portuguesa, assistiu-se a uma reforma na assistência. Até então o rei era muito influenciado pelos senhores feudais e o Estado encontrava-se muito fragmentado. Após a reconquista houve que organizar o território (só irá terminar no séc. XVIII). Assiste-se a uma progressiva complexificação da máquina do Estado e à centralização do poder no rei: o rei passa a controlar todos os aspectos da vida do reino. O acto assistencial passa a ser encarado como uma função do poder central do estado em prol da comunidade. Por outro lado a esmola mostrava-se incapaz de resolver todas as situações resultantes dos novos tempos.

A partir do reinado de D. Manuel, Portugal assistiu a um crescimento económico graças ao enriquecimento da Coroa, proporcionado pelos rendimentos da Expansão Portuguesa e pela expulsão dos judeus e mouros e da, consequente, apropriação dos seus bens. Este enriquecimento fortaleceu Portugal economicamente e politicamente perante o olhar europeu. Mas com a expansão assiste-se á saída de pessoas para as novas colónias, sobretudo homens jovens, que deixam a esposa, os filhos e os familiares idosos dependentes, sem meios de subsistência, conduzindo a um novo tipo de pobres, os pobres sedentários. As gafarias, os hospitais e as mercearias sobreviviam das esmolas e doações das pessoas com mais posses e não conseguiam dar resposta a tantos necessitados. A concentração urbana no litoral e ao redor de Lisboa aumentava desmesuradamente conduzindo a uma pobreza endémica. Assiste-se à alteração da conjuntura social e, também, à alteração da mentalidade das pessoas. Os pobres são avaliados por uma perspectiva diferente: as pessoas que não trabalham por serem preguiçosas passam a não ser ajudadas. As esmolas diminuem.

D. Leonor, viúva do rei D.João II e irmã de D. Manuel, juntamente com o Conde de Alpedrinha, criaram a primeira Misericórdia em Lisboa , em Agosto de 1498, na Sé Catedral, seguindo o modelo europeu.
As Misericórdias espalham-se por todo o território português, aquém e além-mar. No entanto, convém salientar, que as Misericórdias não estavam dependentes quer do poder régio quer da Igreja.

D. Leonor, mandou construir, às suas expensas, o Hospital das Caldas, que irá servir de modelo aos Hospitais Reais, criados posteriormente, com a função de tratar os doentes. As Misericórdias são confrarias na medida em que os elementos que as compõem partilham da mesma ideologia religiosa (cristãos leigos) e têm a mesma motivação, ajudar quem necessita. Têm de possuir uma conduta irrepreensível e serem equilibrados psicologicamente. Inicialmente para se ser irmão da misericórdia, a condição primordial era ser baptizado. Para além disso, os irmãos não têm qualquer objectivo lucrativo ao integrarem uma misericórdia já que pertencem às elites detentoras do poder local.

Com o passar do tempo as condições para se ser irmão da misericórdia vão sendo alteradas. Vai-se observando uma restrição aos indivíduos que pretendem integrar as confrarias, pelo compromisso de 1516 bastava apenas ser-se baptizado, o compromisso de 1577 os cristãos-novos foram afastados e o de 1618 formalizava novas condições de acessibilidade. As mulheres também podiam integrar as misericórdias mas nos finais do século XVI a sua participação foi-lhes vedada, de acordo com a mentalidade da época, em que eram consideradas apenas como mães e esposas, logo o seu lugar confinava-se ao lar. Havia, ainda, uma separação dos membros em duas categorias distintas, os que dirigiam e os que executavam as tarefas consideradas inferiores. Ou seja, havia um grupo subalterno de irmãos de menor condição que realizavam tarefas consideradas indignas, como fazer compras ou carregar objectos em público, enquanto o outro grupo era constituído por pessoas de prestígio, os nobres.
Nesta época a sociedade estava dividida em classes, cabendo ao clero e à nobreza todos os cargos de prestígio enquanto o povo era visto apenas como mão-de-obra. Porém o próprio povo aceitava esta condição como natural e as suas verdadeiras preocupações estavam dirigidas para a garantia da sua sobrevivência.

Cabia ao Provedor atribuir as funções aos Mordomos.

As Misericórdias baseavam a sua acção em catorze obras de misericórdia, sete corporais e sete espirituais, que são discriminadas no Compromisso, documento que dá origem à fundação de uma misericórdia. No Compromisso da Misericórdia de Lisboa constavam as seguintes obras de misericórdia:

Obras espirituais:
  • Ensinar os simples;
  • Dar bom conselho a quem o pede;
  • Castigar, com caridade, os que erram;
  • Consolar os tristes;
  • Perdoar a quem errou;
  • Sofrer as injúrias com paciência;
  • Rogar a Deus pelos vivos e pelos mortos.

Obras corporais:

  • Libertar os cativos e visitar os presos;
  • Curar os enfermos;
  • Cobrir os nus;
  • Dar de comer aos famintos;
  • Dar de beber a quem tem sede;
  • Dar pousada aos peregrinos e pobres;
  • Enterrar os finados.

Este compromisso serviu de base aos compromissos das misericórdias que iam surgindo por todo o reino.

A expansão das misericórdias, por todo o reino, deve-se ao rei D.Manuel I que se desdobrou em acções em prol destas, enviou funcionários com a incumbência de promover a sua fundação em todas as cidades do reino e, ainda, escreveu às Câmaras a solicitar a criação da confraria. A cultura da caridade era uma característica da Casa Real Portuguesa.

“Juízes, Vereadores, Procurador, fidalgos cavaleiros e homens bons Nós El-Rei vos enviamos muito saudar. Cremos que que sabereis como em esta cidade de Lisboa se ordenou uma confraria para se as obras de misericórdia haverem de cumprir, e especialmente a cerca dos presos pobres e desamparados que não têm quem lhes requerem seus feitos nem socorra as suas necessidades e assim em outras muitas obras piedosas segundo mais largamente em seu Regimento se contém […] e porem vos encomendamos que considerando quanto isto é serviço de Deus vos queirais juntar e ordenar como em essa cidade se fizesse a dita confraria…”

Até ao final do reinado de D. Manuel existe documentação que comprova a criação de 42 misericórdias, entre elas a de Castelo Branco que surgiu nos dois últimos anos de reinado de D. Manuel (1520 e 1521).

A implantação relâmpago de misericórdias no reinado de D. Manuel, bem como a atribuição a estas de um leque de competências alargado, transforma-as nas confrarias mais poderosas de Portugal ao longo da Idade Moderna, o que a curto prazo ao esgotamento das funções das outras confrarias.

Isentar, privilegiar e beneficiar eram o modus operandi régio.

Em 1496, D. Manuel expulsa os judeus de Portugal e os bens confiscados são usados no financiamento de misericórdias e de hospitais.


Com o decorrer do tempo as misericórdias foram acumulando privilégios: os peditórios passam a ser feitos apenas pelas misericórdias e os bens deixados em testamento à Igreja foram direccionados para as misericórdias, como resultado do pedido efectuado pelo Rei ao Papa, assim como os enterros que passaram a ser realizados apenas pelas misericórdias (visto serem apenas estas a possuírem mobiliário fúnebre).

Isto vai levar ao acumular de um património enorme e, por conseguinte, ao aumento do seu poder social, económico e político, particularmente a partir do século XVII.

As Misericórdias eram muito respeitada por todas as classes sociais, principalmente pelo povo, pois atribuíram dotes para as raparigas órfãs e pobres, ajudavam ainda os pobres envergonhados, faziam doações para os doentes pobres dos hospitais, davam dinheiro para ajudar a resgatar cativos de guerra religiosa ou até simples presos das cadeias.

Também o clero e a nobreza se socorreram das misericórdias em horas de aperto sendo-lhes concedidos empréstimos a troco de juros, o que veio a rentabilizar o dinheiro emprestado, sendo este posteriormente direccionado para a caridade, o que justificava a prática da usura, condenada pela Igreja. Foi uma forma de se conseguir ajudar um maior número de pessoas com os lucros desta prática. No entanto, mais tarde, irá ser um factor para a decadência das misericórdias, visto muitos dos empréstimos nunca serem recuperados o que fez com que o capital das misericórdias diminuísse e, consequentemente, a confiança que as pessoas depositavam nelas.

A partir do século XVI a administração dos hospitais passa a ser efectuada pelas Misericórdias, o que vai levar a um aumento das despesas, na medida em que a sua manutenção requer avultados gastos. Esta situação, aliada aos empréstimos efectuados e não recuperados, provocará a falência de algumas misericórdias e o enfraquecimento de outras.


As misericórdias entram em crise e a capacidade de cumprir a sua principal função, a assistência aos necessitados, torna-se limitada.


Com o absolutismo, e com a entrada do Marquês de Pombal na vida política e legislativa do reino, a situação das Misericórdias torna-se ainda mais precária porque este faz a separação entre o Estado e a Igreja. Os benefícios atribuídos pelo rei a estas irmandades deixaram de existir. Contudo, as misericórdias conseguiram sobreviver até aos nossos dias e actualmente continuam a ter um grande papel social e económico.

Conclusão:

Em suma, as Misericórdias cumpriram a sua principal função, pôr em prática o Compromisso, como irmandade unida pela fé e pelos mesmos objectivos. Todos os necessitados de ajuda corporal ou espiritual encontraram nas misericórdias a resposta à maioria dos seus problemas.
Apesar de ter passado por momentos instáveis, desde o seu aparecimento e até aos nossos dias, a assistência social tem sofrido transformações sempre numa tentativa de solucionar problemas sociais e económicos. Hoje, como forma de travar o aparecimento de problemas sociais, aposta-se sobretudo na prevenção.
É relevante focar que a caridade não deve ser realizada como um meio para alcançar outros fins, como acontecia nestas épocas. A ajuda ao próximo é, sem sombra de dúvidas, um dever de todos nós, independentemente da religião, da cor e do género.


terça-feira, 19 de outubro de 2010

Ser Madrinha ...








Para a minha Afilhada, Francisca, com votos de um dia lindo de Aniversário!

Ser madrinha foi uma grande felicidade...e continua a ser!!!

Nunca vou esquecer a emoção do dia em que a minha afilhada me pediu para ser a sua Madrinha de Baptismo...

Nunca, nunca, nunca...


Já tinha, e tenho, outra afilhada, também minha sobrinha. Que amo como a todos os meus familiares. Que amo da mesma forma como a esta minha afilhada mais recente!

No entanto, a situação era diferente pois não fui "apanhada" de surpresa.


A minha afilhada mais nova pediu-me com a sua voz, com os seus olhos brilhantes, com as suas faces rosadas "Tia, quero pedir-te uma coisa". E eu, que já estava a ficar aborrecida pela desarrumação que ficava atrás da sua passagem pela minha casa, sapatos de salto alto, vestidos de verão, disse-lhe "Diz lá, minha chata", e ela olhou-me nos olhos e disse aquela frase linda"...Tiiaa, quero que sejas a minha Madrinha de Baptismo". Os olhos encheram-se-me de lágrimas de felicidade, de emoção, de orgulho, da minha pequenez perante tal responsabilidade.

Amei os preparativos para o Baptismo. A escolha do vestido, das luvas, dos sapatos , das meias, do bouquet... A felicidade estampada no seu rosto lindo...

Amei o Dia do Baptismo. Cada momento, cada sensação...
Após a cerimónia demos um abraço apertado e perguntei-lhe se estava feliz e ela respondeu, com toda a sua força de criança, que sim.

E abraçámo-nos de novo e eu disse-lhe ao ouvido "Agora é como se fosses minha filha, para sempre!"


Continuo a recordar aqueles momentos com a mesma intensidade, como se fosse o desenrolar de imagens na minha memória...
A Vida espera-te, acolhe-te. Vive intensamente cada momento!
Sê FELIZ!


ADORO-TE FILHA!




Que os teus olhos se tornem
mais brilhantes do que sempre,
de alegria e de contentamento,
e o teu sorriso, tão lindo e cativante,
ecoe em gargalhadas de felicidade...
~~~~
Que a tua voz vibrante, meio rouca
embargada de emoção
a cada abraço recebido
demonstre a satisfação
de ter tanto carinho...
~~~~
Que o teu coração sempre se enterneça
pois sabe o valor da amizade...
Que no teu corpo vibre a saúde,
a energia, a vida...

E que a tua alma fique iluminada
com as bênçãos do amor
que TU mereces.

Feliz Aniversário!

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Fim de tarde albicastrense com bailado...





Ballet Estatal Russo em Castelo Branco

Foi com um belo espectáculo que terminou a tarde de ontem e iniciámos a noite.

Uma vez mais, o Cine-teatro está de parabéns pelo excelente espectáculo a que pudemos assistir.

Desta vez o Ballet chegou-nos da Rússia através dos bailarinos que constituem o Ballet Estatal Russo.


A Bela Adormecida foi a obra que apresentaram. Corpos plenos de vida e graciosidade onde, até, a Fada Má foi aplaudida.

Com música de Tchaikovsky e Coreografia de Marius Petipa, o argumento do ballet centra-se na história da princesa Aurora e como fio condutor o conflito entre o Bem e o Mal.

O terceiro acto foi uma alusão aos diferentes bailes da corte onde, surpreendentemente, surgem personagens dos contos de Perrault como "O Gato das Botas" e "O Capuchinho Vermelho".


A presença de várias crianças, na companhia dos seus familiares, não deixou de me chamar a atenção. Estão de parabéns, também, os pais, por introduzirem na educação dos mais pequenos o gosto por esta expressão artística.




Para a minha afilhada linda, Francisca.

A Bela Adormecida

Era uma vez um rei e uma rainha que não tinham filhos.Quando nasceu uma filha ficaram radiantes. Os reis fizeram uma grande festa para comemorar o nascimento da menina.Convidaram todas as pessoas do reino e principalmente as dozes fadas que concediam dons às crianças. Durante a festa as doze fadas deram à menina o poder da beleza, bondade e da riqueza Quando a décima primeira fada concedeu a sua dádiva ouviu-se um grande estrondo. Tinha chegado a décima terceira fada que não tinha sido convidada para a festa. Muito zangada por não ter sido convidada para participar na festa, a fada má, deu uma prenda à princesa. Quando esta fizesse quinze anos iria picar-se numa roca e morreria. Só que no meio daquele reboliço a décima segunda fada ainda não tinha dito qual seria a sua prenda. Sabia que não podia retirar a maldição da outra fada mas, podia torná-la mais suave. Disse então que a princesa iria picar-se na roca, mas não morreria. Em vez disso iria dormir um sono de cem anos. E assim foi, a princesa cresceu e tornou-se numa jovem bonita e bondosa. Mas na manhã do seu décimo quinto aniversário, a princesa levantou-se cedo e foi passear pelo reinado, quando viu uma luz brilhante. Cheia de curiosidade, subiu umas escadas e abriu uma porta. Do outro lado da porta estava uma senhora muito velha sentada a fiar. A menina teve ainda mais vontade de ver de perto o que era aquilo e perguntou se podia experimentar. Mas mal pôs o dedo na roca picou-se e adormeceu. Nesse preciso momento todo o reinado adormeceu. Passados cem anos,um princípe passava ali perto do castelo e reparou que os muros estavam cobertos de folhas. Cheio de coragem, o príncipe arriscou passar pela sebe que tapava o castelo e nesse preciso momento as folhas encheram-se de flores e o caminho abriu-se. Este ficou muito admirado ao ver toda gente a dormir dentro do castelo, até que reparou numa menina que estava adormecida. Olhou para ela e ficou logo apaixonado pela sua beleza.Inclinou-se e beijou-a. Ao fim de tantos anos a princesa abriu os olhos e a primeira coisa que viu foi a beleza do príncipe. Lentamente, todas as pessoas do reino abriram os olhos. Pouco tempo depois, o príncipe e a princesa casaram e o rei deu outra grande festa,só que desta vez teve muito cuidado com as pessoas que convidou.


segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Serviço Social - génese, emergência e institucionalização



Breve olhar sobre o contexto em que surge o serviço social

O Serviço Social tem, na sua origem, a marca profunda do capitalismo.


Até finais do Séc. XIX, a prática da assistência era, somente, uma expressão pessoal de caridade ou um eventual produto de uma motivação religiosa mas, com a criação da Sociedade de Organização da Caridade, pretendeu-se manter a distância destas práticas feudais e pré-capitalistas e apresentar uma nova abordagem da “questão social”. A sua principal intenção era marcar de forma inconfundível a acção dos filantropos ou reformadores sociais.

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Na França, a Revolução de 24 de Fevereiro de 1848, que originou a Proclamação da República Francesa, e a manifestação em massa da classe trabalhadora nas ruas, no dia 23 de Junho de1848, fazem emergir as condições para o aparecimento do serviço social, sob o impacto da Revolução Industrial.


A conjuntura histórica mundial, marcada por crises internas e por conflitos políticos, originavam tensões sociais. O proletariado andava contrariado com a classe Burguesa devido aos baixos salários e às precárias condições em que trabalhavam. A Burguesia necessitava da mão conciliadora de profissionais com conhecimentos em relações humanas e sociais.
Devido a esta conjuntura, em que havia a necessidade de uma estratégia de controlo social, desde o inicio do Séc. XX, a prática da assistência caminhava em direcção à profissionalização. Tal facto deveu-se aos esforços da Sociedade de Organização da Caridade e ao empenho pessoal de
Mary Richmond.

A 1ª Grande Guerra aproximava-se assim como a Revolução Russa.
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A importância das escolas de Serviço Social

Mary Richmond, da Sociedade de Organização da Caridade de Baltimore, propôs a criação de escolas para o ensino de Filantropia Aplicada na Conferência Nacional de Caridade e Correcção, em Toronto, em 1897. Mary acreditava que só através do diagnóstico social se poderia efectuar o tratamento à situação em causa. Mas para se chegar ao diagnóstico social teriam de ser feitos inquéritos, daí a necessidade de se administrar formação especializada adequada aos agentes sociais voluntários. A ela se devem a organização e a regência dos primeiros cursos de Filantropia Aplicada.

A primeira Escola de Filantropia Aplicada surge em 1899, em Nova Iorque.
Foi de extrema importância para a sistematização, profissionalização e institucionalização do Serviço Social.



Aparecimento das Escolas na Europa



Na Holanda, mais propriamente em Amesterdão, é criada a primeira escola de Filantropia Aplicada, ainda no ano de 1899.

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Na Alemanha, em Berlim, a primeira escola é fundada em 1908.

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Na Inglaterra, é criada a primeira escola de Serviço Social também no ano de 1908, incorporada na Universidade de Birmingham.
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Na França, em Paris, criam-se mais duas escolas: uma em 1911, de orientação católica e outra em 1913, de orientação protestante.



Em Portugal, só em 1937, em Coimbra, é criada a segunda escola de Serviço Social, a Escola Normal de Serviço Social, hoje Instituto Superior de Serviço Social de Coimbra. Mas a institucionalização do Serviço Social Português ocorre, apenas, durante o período da Segunda Grande Guerra. Até esta altura o serviço social era visto apenas como mediador de conflitos, no quadro do desenvolvimento capitalista. A partir da 2ª Grande Guerra, criaram-se mais escolas, integraram-se os Assistentes Sociais nos serviços públicos e o Estado Novo adoptou uma nova postura na política social.

No final da 2ª Guerra Mundial encontravam-se a funcionar cerca de duzentas escolas espalhadas pela Europa, Estados Unidos e pela América Latina onde foram criadas a partir de 1925.

Factores que ditaram o aparecimento tardio do Serviço Social em Portugal


A partir da implantação do Liberalismo, o Estado manteve o controlo da Igreja numa tentativa da laicização da sociedade portuguesa. O Estado pretendia superar e substitur a religião em todas as dimensões: cultural, institucional e sociabilitária. O laicismo era defendido pelos grupos de livre-pensadores, pela maçonaria, pelos movimentos republicano, socialista e anarquista que lutam pela separação das Igrejas do Estado. Em 1911, após a Implantação da 1ª Republica, é decretada a separação do Estado das Igrejas.
Mas, no período da Ditadura Militar (1926-1933), é reconhecido, de novo, à Igreja, a liberdade de ensino religioso. Mais tarde, o Estado-Novo alia-se à Igreja , opondo-se ao processo de laicização e, consequentemente, virando costas a uma sociedade moderna, construída nos principios da racionalidade, do individualismo e da democracia que a República tinha tentado construir.
A génese, a emergência e a institucionalização do Serviço Social Português vai ser determinado pelas relações Estado-Igreja e da confluência destes dois processos de sentidos opostos: a Questão Social e a Questão Religiosa. É sob os valores da Igreja, da sua doutrina social, da Acção Católica Portuguesa e do Corporativismo que surge a institucionalização do Serviço Social Português, a criação de escolas, a formação nelas ministrada e a abertura do mercado de trabalho às Assistentes Sociais. Não nos podemos esquecer, em todo este processo, da situação das mulheres portuguesas, qual o seu protagonismo e os Movimentos de Mulheres Católicas e de Feministas.
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Até às últimas décadas, em Portugal, a formação em Serviço Social, não se preocupava em formar Assistentes Sociais investigadores, mas Assistentes Sociais interventores.
Nos Estados Unidos, Canadá e Brasil, entre outros, esta situação já foi alterada há algumas décadas mas, em Portugal, isso só aconteceu a partir dos meados dos anos 80 quando a licenciatura foi reconhecida e a investigação surgiu como uma componente integrante da formação.
A criação das Escolas de Serviço Social ocorreu ainda durante o regime salazarista, mas tudo o que se conhecia até ao 25 de Abril de 74, sobre a sua criação e qual a formação nelas conferida, era feito apenas por pessoas externas à profissão, como médicos e juristas, geralmente só homens, que acompanharam ou participaram na institucionalização do Serviço Social Português.
O primeiro curso de Mestrado em Serviço Social surge em 1987 e aqui dá-se uma estreita relação entre investigação académica e serviço social já que a história da profissão se constitui objecto de investigação.

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Muitos foram os avanços do Serviço Social desde a sua implantação até aos nossos dias. Influenciados pela conjuntura político-social em cada época distinta da história do nosso país e marcada ainda pela sua evolução nas outras partes do mundo. Para além de todos os benefícios, o Serviço Social veio contribuir, também, para a emancipação da condição social das mulheres portuguesas.


Conclusão:

Após reflexão, sobre todo o processo evolutivo do Serviço Social em Portugal e pelo mundo, desde a sua emergência, institucionalização e profissionalização, conclui-se que o espírito de ajuda ao próximo mantém-se como o cerne de todo este processo. O indivíduo, como centro do universo, seja qual o meio em que se encontre, é originador de toda esta caminhada. Estudar o meio em que se encontra é uma forma de entender quais as causas que motivam os problemas com que se debate. O homem é um animal social, logo as suas acções estendem-se a todos com os quais se relaciona e influenciam a comunidade a que pertence numa constante interacção com outras comunidades. O bem-estar dum povo refecte-se em todos os contextos: político, económico e social. O facto do Assistente Social ter consciência de que não poderia ter apenas um papel interventor mas, também, pesquisador, é reflexo de que se poderia melhorar as acções do AS quando munidos de material com real conexão com a realidade. O Serviço Social actual, não tem equiparação com as acções de caridade e de filantropia que lhe deram origem, já que detém um conjunto articulado de valores, teorias e práticas. A justiça social e os direitos humanos são os principais valores do SS. Para além disso, o exercício social tem metodologias, modelos e métodos que lhe são próprios; é institucinal e políticamente enquadrado. A finalidade do SS é actuar sobre os problemas sociais, a fim de manter uma situação, melhorá-la ou transformá-la.
Foi um longo processo mas, todos nós agentes de mudança, devemos orgulhar-nos da nossa profissão já que ela é fundamental no equilibrio dum país. Deve ser exercida de forma consciente e conhecedora porque é fonte de mudança e de bem-estar.
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Poema do Homem Só

Sós,
irremediavelmente sós,
como um astro perdido que arrefece.
Todos passam por nós
e ninguém nos conhece.

Os que passam e os que ficam.
Todos se desconhecem.
Os astros nada explicam:
Arrefecem

Nesta envolvente solidão compacta,
quer se grite ou não se grite,
nenhum dar-se de outro se refracta,
nehum ser nós se transmite.

Quem sente o meu sentimento
sou eu só, e mais ninguém.
Quem sofre o meu sofrimento
sou eu só, e mais ninguém.
Quem estremece este meu estremecimento
sou eu só, e mais ninguém.

Dão-se os lábios, dão-se os braços
dão-se os olhos, dão-se os dedos,
bocetas de mil segredos
dão-se em pasmados compassos;
dão-se as noites, e dão-se os dias,
dão-se aflitivas esmolas,
abrem-se e dão-se as corolas
breves das carnes macias;
dão-se os nervos, dá-se a vida,
dá-se o sangue gota a gota,
como uma braçada rota
dá-se tudo e nada fica.

Mas este íntimo secreto
que no silêncio concreto,
este oferecer-se de dentro
num esgotamento completo,
este ser-se sem disfarçe,
virgem de mal e de bem,
este dar-se, este entregar-se,
descobrir-se, e desflorar-se,
é nosso de mais ninguém.
(António Gedeão)



domingo, 3 de outubro de 2010

Dia lindo...

Dia de chuva...






A nostalgia povoa a nossa mente de recordações... Dos que estão presentes e dos que já partiram... O vento e a chuva fazem parte da vida...limpam a atmosfera e renovam a vida. Também eu anseio pela renovação constante do meu viver. Cada dia que passa me sinto mais completa. A experiência e o conhecer melhor os outros tornam-me mais audaz. Menos medrosa. Como podem existir pessoas que passam uma vida inteira na mentira? A tentar controlar o outro para que este não fuja da sua dimensão egoísta? Escondem-se da vida por comodismo de bens materiais...de atrofiamento dos que as rodeiam... A liberdade de viver está dentro de nós e não nos é dada pelo exterior... somos nós que fazemos as nossas escolhas...passa-se a vida a culpar os outros pela nossa falta de coragem de se ser feliz... A ambicionar o que se não tem ...quando o mais feliz é aquele que se possui apenas a si próprio... O nosso único compromisso é connosco próprios... a nossa meta encontrar a felicidade...toda a pessoa feliz espalha a felicidade à sua volta...detesto mentes atrofiadas que se limitam a viver através de condutas que lhes foram passadas e fazem disso o seu objectivo de vida sem manifestar qualquer poder de observação, de argumentação...
Amo a vida...
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Noite de chuva
Chuva... Que gotas grossas!... Vem ouvir:
Uma... duas... mais outra que desceu...
É Viviana, é Melusina a rir,
São rosas brancas dum rosal do céu...
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Os lilases deixaram-se dormir...
Nem um frêmito... a terra emudeceu...
Amor! Vem ver estrelas a cair:
Uma... duas... mais outra que desceu...
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Fala baixo, juntinho ao meu ouvido,
Que essa fala de amor seja um gemido,
Um murmúrio, um soluço, um ai desfeito...
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Ah, deixa à noite o seu encanto triste!
E a mim... o teu amor que mal existe,
Chuva a cair na noite do meu peito!
(Florbela Espanca)