Foi numa tarde bem quente que me desloquei à Zona Histórica da Cidade com o intuito de admirar o trabalho da Rosário Bello. Caminhei nas calçadas da zona velha, admirei os solares, as portadas quinhentistas, o silêncio e as sombras por ruas estreitas e cheias de sons de outros tempos.
Após passar o Arco do Bispo,
uma senhora ainda jovem e sentada na portada de uma casa velha e mal cuidada tentou, com um sorriso, vender-me um pijama. Minha senhora eu não trago dinheiro, apenas vim tirar umas fotos... A vida,,, lá prossegui a caminhada em direção ao meu objetivo.
Mais à frente, cruzei-me com outra senhora que, afadigada, subia uma das ruas. Eu já conhecia aquele rosto, no meu olhar atento, quando circulo pela cidade. Os nossos olhares cruzaram-se e os nossos rostos sorriram como se se conhecessem... e nunca, anteriormente, trocáramos qualquer palavra. A vida a surpreender-nos sempre...
Disse-lhe "Boa-tarde, como está?", e ela retribuiu da mesma forma. Rosto franco e simpático, a idade já alguma. Ficámos paradas uma em frente da outra... que bonito. Pessoa de baixa estatura o rosto sulcado de rugas... a beleza interior...
Após falarmos sobre o tempo, o calor que estava, perguntei-lhe se sabiA de quem era o Solar que estava mesmo atrás de nós e ela respondeu que era dela, "meu e da minha irmã gémea"... fiquei espantada e o mistério desfeito sobre o rosto me ser familiar... já me tinha cruzado com elas, uma igual à outra, em vários locais da cidade...
A VidA um Poema,,,
Despedimo-nos com um até logo como se o até logo tivesse a certeza de um encontro dentro em breve.
Lá cheguei ao mural ladeado de jardins após passar a Igreja de Sto António. Ele aguardava-me como eu gosto, no silêncio dos passarinhos...
Pude admirá-lo sem OLHARES...
,,, mais uma vez, NÃO nos encontramos, Rosário...
Ali fica uma marca do seu sonho...