quinta-feira, 22 de agosto de 2019

Mural de Rosário Bello na Rua D'Ega




Foi numa tarde bem quente que me desloquei à Zona Histórica da Cidade com o intuito de admirar o trabalho da Rosário Bello. Caminhei nas calçadas da zona velha, admirei os solares, as portadas quinhentistas, o silêncio e as sombras por ruas estreitas e cheias de sons de outros tempos. 






Após passar o Arco do Bispo,
 uma senhora ainda jovem e sentada na portada de uma casa velha e mal cuidada tentou, com um sorriso, vender-me um pijama. Minha senhora eu não trago dinheiro, apenas vim tirar umas fotos... A vida,,, lá prossegui a caminhada em direção ao meu objetivo.
Mais à frente, cruzei-me com outra senhora que, afadigada, subia uma das ruas. Eu já conhecia aquele rosto, no meu olhar atento, quando circulo pela cidade. Os nossos olhares cruzaram-se e os nossos rostos sorriram como se se  conhecessem... e nunca, anteriormente, trocáramos qualquer palavra. A vida a surpreender-nos sempre...
Disse-lhe "Boa-tarde, como está?", e ela retribuiu da mesma forma. Rosto franco e simpático, a idade já alguma. Ficámos paradas uma em frente da outra... que bonito. Pessoa de baixa estatura o rosto sulcado de rugas... a beleza interior...
Após falarmos sobre o tempo, o calor que estava, perguntei-lhe se sabiA de quem era o Solar que estava mesmo atrás de nós e ela respondeu que era dela, "meu e da minha irmã gémea"... fiquei espantada e o mistério desfeito sobre o rosto me ser familiar... já me tinha cruzado com elas, uma igual à outra, em vários locais da cidade...

A VidA um Poema,,,

Despedimo-nos com um até logo como se o até logo tivesse a certeza de um encontro dentro em breve. 

Lá cheguei ao mural ladeado de jardins após passar a Igreja de Sto António. Ele aguardava-me como eu gosto, no silêncio dos passarinhos...
Pude admirá-lo sem OLHARES... 











,,, mais uma vez, NÃO nos encontramos, Rosário... 
Ali fica uma marca do seu sonho...

sexta-feira, 16 de agosto de 2019

FestAs de VerãO...




As FestAs  de Verão, na minha terra natal, continuam a trazer-me e a fazerem-se de memórias... memórias da menina e da adolescente...depois o presente, o presente da mulher-mãe.

Quando criança a Vila renascia com as outras meninas e meninos que vinham das cidades passarem as férias do verão a casa dos avós e, também, com os filhos de quem procurava o sustento além fronteiras.

 Faziam-se novas amizades e criavam-se grupos diferentes. Enriqueciamos o nosso viver bebendo as novidades que esses amigos traziam do seu quotidiano. 
Aprendiamos jogos novos e até a dicção das palavras era influenciada por quem vinha da capital, essencialmente. O francês começou a fazer parte da nossa mente (o que no futuro se traduziu numa aprendizagem facilitada).

 Após o jantar a Praça renasciA com gargalhadas e correrias e conversas.
 Nos bancos da Praça, os adultos, familiares e amigos reencontravam-se e partilhavam as vidas presentes e passadas... 

Estávamos sempre ansiosos para que chegassem as férias  do verão...






Ansiosos pelos reencontros. Ansiosos por ver os rostos amigos e as transformações ocorridas num ano.

Lembro-me tão bem da Teresinha, neta do Sr. Jaime Lino. Com ela brincávamos aos médicos, ao Festival da Canção... Lembro-me tão bem da Delinha, neta da tia Maria de Jesus Viúva... 
Lembro-me tão bem da chegada dos meus primos de França...
 A tia Palmira com os seus sacos de caramelos de fruta, tão deliciosos...

As férias de verão culminavam com as Festas de Verão (em setembro) e, tal como agora, feitas de tantos reencontros.
São estes reencontros que me levam à Festa.
 Hoje como ontem. 
É maravilhoso o reencontro com quem fez parte de nós nalgum momento da vidA. 
Adoro sentar-me num lugar recatado e "olhar" os reencontros dos outros... a emoção e a alegriA nos olhares brilhantes, nos toques, nas gargalhadas,,, é simplesmente maravilhoso, ontem e hoje



São estas coisas que alicerçam e alimentam e dão valor às Festas de Verão.
 Avós babados com os netos, filhos com os pais idosos, amigos conversando, crianças correndo...

A VidA,,, um poema!!! 

segunda-feira, 12 de agosto de 2019

A "Má HorA"...

Hoje, logo pela manhã, numa conversa com uma pessoa amiga, esta contou-me do motivo da sua tristeza devido há  morte dum familiar, num acidente de automóvel, na madrugada de domingo. Pessoa ainda jovem e com filhos pequenos.
Não sei o porquê mas veio-me à memória um dito da minha infância em que se amedrontavam as crianças com a  "Má HorA". Naquele tempo em que eu era ainda uma menininha, e por aquilo que eu ouvia, fazia a imagem duma senhora alta e vestida de branco e que pela uma da manhã assustava as pessoas que andassem fora das suas casas. 
A imaginação das crianças é mesmo assim... formam imagens de acordo com a idade...
 Hoje, essa imagem passou-me pelos olhos..
 Mas rapidamente a interpretação foi outra, afinal os mais velhos apenas queriam dizer que a noite foi feita para descansar... e que a falta de descanso, para quem anda na noite, pode ser um perigo...

A VIDA... 

sábado, 3 de agosto de 2019

A VidA...


Há alguns dias atrás, numa conversa com uma conhecida, esta  falava-me do fracasso contínuo da sua relação com o marido. Falava apressada, como com o receio de se esquecer de algum pormenor. Falava com dor e raiva por não partilharem  a mesma forma de estar mas, em simultâneo,  falava dos sonhos que ainda tinha... 
Foi difícil incluir a minha voz na conversa mas a uma determinada altura disse-lhe que acima de tudo numa relação tem de haver respeito pela PESSOA que partilha a VIDA conosco,,, pela sua forma de ser,,, se esse espaço for respeitado, certamente as relações serão fortalecidas a nível humano, nas partilhas, na convivência a dois,,,

(Quantidade não é sinónimo de Qualidade)

,,,certamente a relação será mais pura e o amor (se existir) triunfará...
Para quê passar-se uma vida a tentar mudar quem está ao nosso lado? Será desgastante...

Palavras vãs porque o discurso continuou o mesmo, ele isto, ele aquilo e eu assim e eu assado... talvez não me tenha ouvido quanto mais escutado...
...finalmente, disse-me "eu ainda tenho sonhos" e eu retorqui "ainda bem". E despedi-me com um sorriso e com as palavras "quando quiser telefone-me".

Estas últimas palavras "eu ainda tenho sonhos" têm bailado  na minha cabeça, inúmeras vezes, e dou comigo a pensar que eu tenho desejos... desejo que os meus filhos sejam felizes e caminhem com tranquilidade na VIDA, desejo que a minha VIDA siga sem sobressaltos, com tempo para ME fazer feliz e trazer paz e felicidade a quem me rodeia...
Desejos, apenas desejos, porque a VIDA,,, Ah! Essa será como tiver de ser...


sexta-feira, 2 de agosto de 2019

A VidA...



Logo pela manhã, este cão lindo, com aspeto de estar bem alimentado, encontrava-se deitado no relvado em frente ao meu prédio. Despertou-me a atenção mas, e apesar de não ver ninguém por perto, pensei que talvez os donos se encontrassem nas proximidades. Regressei da pastelaria, onde habitualmente compro o pão, e o cão continuava exactamente na mesma posição, como que a descansar no fresco da relva e à sombra das árvores frondosas. Comecei a ficar preocupada... subi a casa voltei a descer e o animal ali continuava...


Tinha de agir... porque ele tinha de ser protegido. Podiam atropela-lo, podia ter fome ou sede, podia estar doente...

E assim fiz. Sempre perto do cãozinho telefonei para o Centro de Recolha de Animais/Canil Municipal (graças às inovações  que nos permitem pesquisar os contactos pela internet nestes equipamentos tão pequenos). Após explicar a situação infornaram-me que,primeiramente, deveria contactar a P.S.P. e apresentar a situação. Posteriormente, a P.S.P. contactaria o Centro de Recolha dos Animais. Assim fiz e rapidamente o carro  da P.S.P. chegou e, após eu ter facultado os meus dados, continuei no meu dia com a convicção de ter contribuído para o bem-estar daquele cãozinho...
NÃO custou nada... e ainda que custasse!!!