Hoje, numa ida à pastelaria, encontrei-me com uma senhora septuagenária, mãe de uma amiga.
A conversa desenrolou-se naturalmente até que fomos parar ao lugar da infância... lugar que nos acompanha, naturalmente, ao longo da vida. Será pela saudade dos tempos vividos sem preocupações, num bem-estar constante onde as dores e o sofrimento pertencem apenas aos adultos?
E, naturalmente também, fomos parar aos animais que nos acompanharam nesse período feliz.
Contou-me, então, um acontecimento que a fez rir e chorar, com as lembranças daqueles momentos...
O pai desta senhora era caçador e, por esse motivo, havia cães na quinta onde moravam.
Deu-se o nascimento de quatro cachorrinhos e o pai disse que não podiam ter mais cães na quinta e lá encontrou forma de se desenvencilhar deles, ficando a mãe cadela triste e desanimada.
E as crianças da quinta também...
E as crianças da quinta também...
Dias mais tarde nasceram mais cachorrinhos duma outra cadela, também quatro. Desta vez, o pai da mãe da minha amiga, não conseguiu ter a mesma atitude e deixou os cachorrinhos abrirem os olhinhos para a vida.
E aconteceu o episódio mágico que trouxe magia à nossa conversa:
E aconteceu o episódio mágico que trouxe magia à nossa conversa:
A cadela a quem tinham sido retirados os filhos foi, pé ante pé, buscar dois destes cacorrinhos para junto dela... felicidade total para ambas as cadelas e surpresa e felicidade para todas as pessoas que ali viviam...
Surpresa pela atitude equilibrada dos animais que nos presenteiam com gestos tão simples mas plenos de Justiça Animal....
Os quatro irmãos cachorrinhos foram criados por duas mães devotas... a verdadeira mãe pareceu entender a necessidade que a mãe, orfã de filhos, tinha de viver a maternidade e não se revoltou com o roubo dos seus filhos...
Eles (...os animais) SÃO o MUNDO PARALELO.observam-nos os gestos, agradecem-nos em todos os momentos<os OLHARES.
ResponderEliminarBeijam-nos sofregamente como,,, fossemos FLORES.
Só nos pedem uns minutos de atenção e a sopa ao fim do DIA.
Entregam-nos em mão o destino e aliviam-nos a ALMA como crianças irrequietas. Percorrem todos os nossos caminhos num silêncio "SÓ" do estou aqui.
Se você fala com os animais eles falarão com você e vocês conhecerão um ao outro. Se não falar com eles você não os conhecerá, e o que você não conhece você temerá. E aquilo que tememos, destruímos.
Chefe dan George (Índio norte americano)
"Entregam-nos em mão o destino e aliviam-nos a ALMA como crianças irrequietas", atrever-me-ei a acrescentar que nos transformam em crianças quando partilhamos a sua companhia. Muito obrigada, Álvaro!!!
ResponderEliminarAqui fica também a opinião do sábio Milan Kundera:
"A verdadeira bondade do homem só pode manifestar-se em toda a sua pureza e em toda a sua liberdade com aqueles que não representam força nenhuma. O verdadeiro teste moral da humanidade (o teste mais radical, aquele que por se situar a um nível tão profundo nos escapa ao olhar) são as suas relações com quem se encontra à sua mercê: isto é, com os animais. E foi aí que se deu o maior fracasso do homem, o desaire fundamental que está na origem de todos os outros."
Milan Kundera, in "A Insustentável Leveza do Ser"