terça-feira, 8 de abril de 2014

Que me deem flores








O banco do jardim

























Quando eu morrer
Que me deem flores
Que me deem flores
Como se fossem amores
Perdidos mas encontrados
Na vida da morte
Tudo é permitido
Os amores
As flores
Os abraços

Que me deem flores os meus amores
Aqueles que me perderam
Sem nunca me terem
Os que me tiveram
Sem me terem
Os que me tiveram eternamente


Ai as lágrimas
Derramadas
Choradas
Encontradas
Perdidas
Amargas


Para quê as lágrimas
Se na hora
De as proferir
Elas nunca foram soltadas

Remorsos
Dor
Amargura
Saudade

Agora que importam

Agora é hora de ir
De partir
De repousar
O coração que amou
A ti
A ti
E a ti
E que nunca te encontrou
Numa nuvem suave
De harmonia
De partilha
De intimidade
De confiança

E assim
Me vou

(Celeste Rebordão)

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