"Durante a minha vida, dediquei-me a essa luta do povo africano.
Lutei contra a dominação branca, lutei contra a dominação negra.
Acalentei o ideal de uma sociedade livre e democrática na qual as
pessoas vivam juntas em harmonia e com oportunidades iguais. É um ideal
para o qual espero viver e realizar. Mas, se for preciso, é um ideal
pelo qual estou disposto a morrer".
Nelson Mandela nasceu a 18 de Julho de 1918
Nelson
Mandela proveniente da etnia Xhosa, nasceu num pequeno vilarejo de
Qunu, distrito de Umtata, na região de Transkei. Aos sete
anos de idade Nelson torna-se o primeiro membro da sua família
a frequentar uma escola, onde lhe foi dado o nome inglês Nelson. Pouco tempo depois da sua entrada para a escola, o seu pai
morre e Nelson Mandela foi para uma escola próxima do palácio do
Regente. Seguindo sempre as tradições Xhosa, Nelson foi inserido na
sociedade aos 16 anos de idade, indo para o Instituto
Clarkebury, onde estudou a Cultura Ocidental.
No
ano de 1934, Mandela muda-se para Fort Beaufort, cidade com escolas
que recebiam a maior parte da realeza Thembu, e foi ali que ganhou
interesse pelo boxe e pelas corridas. Começou o curso para se formar em Direito na Universidade de Fort
Hare e aí conheceu o seu compatriota Oliver Tambo com o qual iniciou uma
longa amizade.
No
final do primeiro ano, Nelson envolve-se no movimento de
estudantes, num boicote contra as políticas universitárias,
acabando por ser expulso da universidade. Após a expulsão Nelson foi para Johanesburgo, terminando a sua
graduação na Universidade da África do Sul (UNISA), por correspondência.
Nelson, enquanto jovem estudante de Direito, envolveu-se na
oposição ao regime de Apartheid, que negava à raça
negra, que era a população maioritária, a mestiços e Indianos, os
seus direitos políticos, sociais e económicos. Juntou-se ainda ao
Congresso Nacional Africano em 1942, e dois anos depois junta-se com
Walter Sisulu e Oliver Tambo, entre outros amigos que vieram a formar a Liga Jovem do CNA.
Foi o principal representante do movimento que lutava contra a regra política imposta pelo governo na África do Sul que separava a raça branca da raça negra, mais conhecido como o Apartheid. Foi um ativista e foi ainda um guerreiro nativo perante a sua nação, defendendo os seus ideais e os do seu país.
Apesar de ser um nacionalista que apenas lutava pela liberdade, não só do povo Sul-Africano mas também de quem lá habitava, era por muitos considerado um terrorista de alto nível, principalmente para o governo da altura.
Durante longos anos, Mandela nunca baixou a cabeça perante o que tinha estabelecido para o país.
Nelson
Mandela casou 3 vezes. A sua primeira esposa foi Evelyn Ntoko
Mase. Divorciaram-se em 1957 após 13 anos de casados.
Evelyn Ntoko Mase (1922 - 2004), foi uma enfermeira sul-africana, da etnia Xhosa, primeira esposa do líder anti-apartheid Nelson Mandela.
Evelyn era prima do líder Walter Sisulu, e foi por este apresentada a Mandela. Ficaram casados de 1944 a 1957, tempo no qual tiveram quatro filhos: Madiba Thembekile (1945-1969), Makaziwe (1947, morta aos nove meses de idade), Makgatho (1950-2005) e Makaziwe (1954- ).
Pouco tempo depois casou-se com Winnie Madikizel. Este casamento durou 38
anos, divorciando-se em 1996, devido às divergências políticas
entre o casal se terem tornado publicas.
Nascida Nomzamo Winifred Zanyiwe Madikizela, ficou mundialmente conhecida como esposa de Nelson Mandela durante o período da prisão do líder sul-africano. Com a libertação deste, escândalos de seu envolvimento em crimes e de infidelidade causaram a separação do casal e uma consequente perda de prestígio.
Winnie
Madikizela foi a esposa que acompanhou todo o processo de prisão de
Nelson Mandela, estando ela casada antes, durante e após a sua
prisão, sendo que dos 38 anos de casados, 27 foram passados à
distância praticamente sem se verem.
Com 80 anos e no seu aniversário,
Nelson Mandela casou-se com Graça Machel, viúva de Samora Machel,
antigo presidente Moçambicano.
Graça Simbine Machel (Incadine, Distrito de Manjacaze, Província de Gaza, 17 de Outubro de 1945) é uma política e ativista dos direitos humanos moçambicana.
Foi a primeira-dama de Moçambique, desde 1976, quando se casou com Samora Machel, o primeiro presidente de Moçambique, morto em 1986. Em 1998, casou-se com Nelson Mandela, o primeiro presidente negro da África do Sul.
Nelson Mandela Durante a Prisão
Mandela
foi preso em Agosto de 1962 e recebeu como sentença 5 anos de
prisão, sendo esta detenção efetuada devida a Mandela viajar ilegalmente
até ao exterior e incentivar o povo a aderir a greves.
Em
1967, Nelson Mandela volta a ser sentenciado e desta vez a prisão perpétua. É importante referir
que Mandela escapara a uma pena de enforcamento por
planear ações armadas,
sabotagem e conspirações para ajudar outros países a invadir a
África do Sul, apesar de estes fatos terem sido negados por Nelson Mandela.
Nesta
altura, 20 milhões indivíduos de raça negra eram totalmente
dominados por apenas 4 milhões de indivíduos de raça branca
durante o brutal e criminoso regime de Apartheid.
Os indivíduos de raça negra não possuíam direito de votar, direito a possuirem propriedades, a efetuarem transações e não tinham direito à educação. Sendo praticamente impossível um jovem descendente de raça
negra poder ter acesso à faculdade.
Determinado
a manter o poder, o governo elimina a existência de muitos partidos
políticos liderados por negros, enviando-os para a prisão
com penas de prisão perpétua. Estas penas eram cumpridas na famosa
e conhecida Ilha de Robben.
Esta
ilha era uma prisão, de alta segurança e isolada do povo para que
ninguém soubesse o que se passava nestas instalações. Mesmo na prisão nunca eram misturados indivíduos de raça
negra com indivíduos de raça branca. Cada raça era posta em
prisões diferentes.
Guardas
prisionais ou polícias que seguiam este tipo de profissão, caso
fossem escolhidos para ir trabalhar para a Ilha de Robben, eram-lhes
dadas casa e salário para poderem habitar e viver na própria ilha. A mulher não exercia qualquer tipo de
função, praticamente eram todas donas de casa.
Mandela
não mantinha qualquer contato com o povo enquanto esteve preso na
Ilha de Robben. Nesta prisão era expressamente proibido aos
reclusos falarem de política, do país ou da sua situação, ou de
assuntos que fossem ligados ao comunismo e ao governo, com as suas
visitas. Estas visitas eram acompanhadas pelos guardas
prisionais, caso estas regras fossem quebradas, a visita teria fim
imediato.
Mandela
era visto como o maior criminoso existente no país. Estando ligado
ao ANC (Congresso Nacional Africano), que lutava para estabelecer a
paz e liberdade no país, independentemente de quem lá habitasse, e
que era a favor do nacionalismo e do bem para com a pátria. Esta
regra seria então praticada para todas as raças.
Nelson
Mandela tinha muitas dificuldades em saber como estava o povo e o que
se passava no seu país, tendo em conta o controlo das visitas e das
cartas, que por suas vez também eram inspecionadas antes de
serem entregues aos reclusos seguindo as mesmas regras que eram aplicadas
nas visitas. Estas cartas eram enviadas, uma de 6 em 6 meses, com o
máximo de 500 palavras por carta e as visitas tinham o mesmo método,
uma visita de 6 em 6 meses, podendo falar num prazo máximo de 30
minutos, caso não fossem infringidas as regras impostas para as
visitas.
Na
África do Sul eram, antigamente e nos dias de hoje, faladas duas
línguas. O Xhosa e o Inglês. Tendo em conta esta situação, dentro
da prisão, eram necessários guardas que soubessem falar as línguas
dos Sul-Africanos. Contudo, era quase impossível encontrar um guarda
prisional de raça branca que soubesse ambos os dialetos. Quando
encontraram um, destacaram-no como guarda prisional privado de Nelson
Mandela. Este estava encarregue de transmitir ao Governo tudo o que
Mandela falava que não fosse em inglês. Importante referir que isto
custou-lhe a vida de um filho, que estima-se ter sido assassinado
pelo Governo derivado às informações reveladas por este guarda.
O
filho de Nelson morreu num acidente de viação ao cair de uma ponte.
Contudo, nunca ninguém descobriu se foi realmente acidente ou se esta ação foi
planeada pelo Governo, tendo em conta que o
governo estava em guerra com o próprio Nelson Mandela, fazendo de
tudo para que este ordenasse ao povo para parar de lutar.
Enquanto
prisioneiro, Nelson Mandela pediu, através da sua mulher, que o seu
pessoal aliado aumentasse a luta armada para que o país se tornasse
ingovernável. Enquanto o país era governado pelos descendentes
brancos, os de raça negra mal podiam andar na rua sendo abordados em qualquer lugar, na rua, na loja, em casa, etc. Eram-lhes pedidos os passaportes e caso os não
tivessem consigo seriam torturados à vista de todos, o
que acabava por instalar o caos na cidade.
Os
guardas não faziam escolha entre os adultos e crianças que eram torturados
independentemente da sua idade. Havendo mesmo cenários de bebés
envolvidos nestas torturas.
Quando em 1976 lhe ofereceram a libertação em troca de silêncio,
recusou. Foi escrevendo as memórias e começou a plantar um jardim. Era a
sua ilha fértil, vital. Às vezes uma planta morria, por mais que a
tentasse ressuscitar, mas Mandela também aprendeu que isso fazia parte
de seguir em frente.
Na prisão da Ilha Robben, Nelson Mandela ocupou a cela com o número 46664, que tem as dimensões reduzidas de 2,5 por 2,1 metros, e uma pequena janela de 30 cm
Os ideais de Nelson Mandela
Nelson Mandela apresentava-se como opositor ao regime aplicado pelo estado, Apartheid, que era como uma linha imaginária entre a raça negra e a raça branca. Estes não podiam ser misturados nem partilhar ideias sobre política, socialismo, economia e até direitos. Fez-se assim aliado do Congresso Nacional Africano, conhecido na altura como o ANC. Tendo fundado uma instituição chamada NCA/ANC com o seu amigo Walter Sisulu e Oliver Tambo, entre outros, esta era uma organização mais jovem e dinâmica para lutar contra este regime e declarar paz e liberdade para todos os povos.
Anos
depois, após a sua eleição para o Partido Nacional Africânder, no
qual exercia a função de promotor da política da segregação
racial, Mandela adere ao Congresso do Povo, sendo percursor do ANC,
divulga assim a Carta da Liberdade, documento que continha
informações secretas para com o povo. Esta exigia liberdade para
todos os que habitassem a África do Sul, fossem de raça negra ou
branca, exigia que as riquezas do país fossem distribuídas pelo
povo, que a escolaridade a nível de faculdade fosse obrigatória
para os mais novos, mantendo a mentalidade que só assim os jovens
seriam alguém na vida, exigindo paz entre os povos entre outras
exigências.
Mandela
e os seus compatriotas decidiram recorrer à luta armada após o
sangrento e violento massacre imposto pela parte dos brancos, sendo
conhecido como o Massacre de Sharpeville, ocorrido em 21 de Março de
1960, quando a polícia sul-africana atirou contra os manifestantes
negros, estando estes desarmados. Foram mortas 69 pessoas e 180 foram
feridas gravemente.
Após
um ano, a seguir ao massacre, Nelson torna-se comandante do braço
armado do ANC, o conhecido Umkhonto we Sizwe, que significa “Lança
da Nação”, fundado por esse e por outros membros.
Mandela
coordenou assim uma campanha de sabotagem contra alvos militares do
governo, fazendo ainda planos para uma possível guerra caso a
sabotagem falhasse em acabar com o regime de Apartheid. Viajou ainda
com para o exterior na tentativa de angariar fundos para o MK,
criando assim condições para treinos e actuação paramilitar do
grupo por si criado.
"Ninguém nasce odiando outra pessoa
por causa da cor de sua pele, da sua origem ou da sua religião. Para
odiar, é preciso aprender. E, se podem aprender a odiar, as pessoas
também podem aprender a amar."
Mandela Após a Prisão
Nelson Mandela foi libertado, após várias transferências entre as diversa prisões que existiam na África do Sul. Todas as prisões por que passou eram consideradas de alta segurança. No dia da sua libertação, Mandela foi escoltado até à saída da sua última prisão. Esta era mais confortável e com as condições iguais as de uma casa de habitação, apenas sem família e mulheres. Saiu de cabeça erguida e em paz, como se não estivesse preso por praticamente 3 décadas da sua vida.
Sorrindo
e caminhando em direção ao povo que o aguardava no exterior da
prisão, foi assim que Nelson Mandela saiu. Aplaudido e bem recebido
por todos os membros presentes nesse dia. Certamente um dia marcante
para o povo e a nível mundial.
É importante referir que Mandela rejeitou várias vezes a sua
libertação em regime de liberdade condicional porque em troca queriam que ordenasse ao povo e aos seus aliados
para terminarem com a luta contra os seus direitos e os direitos do
país. A última vez que rejeitou esta proposta foi em Fevereiro de
1985. Mandela continuou preso até Fevereiro de 1990, quando a
campanha do ANC e a pressão internacional conseguiram que este fosse
libertado em 11 de Fevereiro, por ordem do novo Presidente Frederik
Willem de Klerk. Sendo o ANC retirado da lista de ilegalidades.
Frederik Willem de Klerk (Joanesburgo, 18 de Março de 1936) foi presidente da África do Sul, de Setembro de 1989 a Maio de 1994. Foi o último branco a ser presidente. De Klerk foi também o líder do Partido Nacional, de Fevereiro de 1989 a Setembro de 1997.
De Klerk é conhecido por fazer terminar o regime de apartheid, a política de segregação racial da África do Sul, permitindo à maioria negra direitos civis iguais aos brancos, asiáticos ou membros de outra qualquer etnia, transformando o seu país numa democracia.
Uma das suas medidas mais notáveis foi a libertação de Nelson Mandela, ativista do Congresso Nacional Africano que viria a ser seu sucessor na presidência.
Liberdade - 1990–2013
Nelson
recebe o Prémio Internacional Al-Gaddafi de Direitos Humanos em
1989. Em 1993, juntamente com Klerk, recebe o Prémio Nobel da Paz,
pelos esforços desenvolvidos no sentido de encerrar a guerra entre
os povos e a discriminação racial na África do Sul, naquelas que
foram as primeiras eleições multirraciais do país. Mandela
cercou-se, para governar, de personalidades do ANC, mas também de
representantes de linhas políticas.
“O valor deste prêmio que dividimos será e deve ser medido pela alegre paz que triunfamos, porque a humanidade comum que une negros e brancos em uma só raça humana teria dito a cada um de nós que devemos viver como as crianças do paraíso.”
Nelson Mandela
Em
1994 Nelson Mandela tornou-se o primeiro Presidente de raça negra da
África do Sul, quatro anos após a sua libertação. Governou o
seu país até 1999, sendo o maior responsável pelo fim do regime de
racismo existente na África do Sul e ainda pela reconciliação dos
grupos internos.
Chegando
ao fim do seu mandato de presidente, Nelson Mandela afastou-se da
política dedicando-se a causas de variadas organizações sociais em
prol dos direitos humanos. Recebeu diversas
homenagens e congratulações internacionais pelo reconhecimento da
sua vida e da luta pelos direitos sociais.
Desde
o ano de 2010, começou a ser celebrado a 18 de Julho de cada ano, o Dia Internacional de Nelson Mandela. A data foi definida pela
Assembleia Geral da ONU e corresponde ao dia do seu nascimento.
No
decorrer da sua prisão,
a frase que o povo clamava “Libertem Nelson Mandela” tornou-se de tal forma associado à oposição do Apartheid que acabou por
se tonar o lema das campanhas antiapartheid em vários países do
mundo.
Nelson
Mandela quando foi libertado tinha 72
anos de idade. Mandela passou quase 3 décadas da sua vida na prisão.
Mandela
fez alguns pronunciamentos, em 2003, atacando a política
extrema do presidente norte-americano George Bush. Ao mesmo tempo,
Nelson anuncia o seu apoio à campanha de arrecadação de fundos
contra a AIDS, na qual deu o nome de “46664”, número de
presidiário enquanto o seu mandato na prisão.
Em
Junho de 2004, aos 85 anos de idade, Nelson Mandela anunciou a sua
retirada da vida pública. Fez apenas uma excepção, no
entanto, pelo seu compromisso em lutar contra a AIDS.
O
ex-presidente Sul-Africano comemorou o seu 90º aniversário
em Londres em
2008, onde estiveram presentes diversas celebridades e
artistas que estiveram presentes na altura da guerra pelos direitos
na África do Sul, ou que acompanharam o sucedido.
Em 2011, O ex-presidente é hospitalizado em Johanesburgo com problemas respiratórios e passa a viver sob observação médica.
Em 2012, Mandela é internado em fevereiro com dores abdominais, mas recebe alta no dia seguinte. Em dezembro, é hospitalizado novamente por apresentar um quadro de infeção pulmonar.
Há já 19 dias,
Nelson Mandela, atualmente com 94 anos, continua internado...
Nelson Mandela, atualmente com 94 anos, continua internado...