" Ó senhora, senhora, eu sei que ela gosta de mim. Sei que ela gosta porque me tratou a ferida da mão. Se ela não gostasse não me tratava a ferida. Então não é?"
Esta foi a frase que baila comigo desde manhã. Eu respondi com um sorriso "Pois é. Tens razão". E ele seguiu o seu percurso, no sentido oposto ao meu, feliz.
Como é fácil o mundo das pessoas simples. Como é autêntico o seu olhar. Como nos transmite tanta tranquilidade e, ao mesmo tempo, esperança.
"Aventurados os simples porque é deles o Reino dos Céus", foi o que me veio à ideia quando ele seguiu apressado o seu caminho.
Encontro este jovem muitas vezes pela manhã, quando dou a primeira "volta" do dia com o meu cão, o Apolo. Educado e refugiado numa timidez que se deve, talvez, ao facto de sentir que poucas pessoas param para o escutar. É uma pessoa "simples" como diriam há anos. Talvez... Mas como é pura a sua simplicidade!
Inicialmente, passava por mim apressado e murmurava um bom dia quase imperceptível mas, com o passar do tempo, foi ganhando confiança e passou a falar da mota, da bicicleta, da sua égua, a "Esperada" (lindo nome)... "Ó Senhora", é assim que inicia a conversa e como me soa bem este "Ó senhora". O sentir-me útil...
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