Há dias, numa conversa sobre os incêndios que têm assolado o nosso país, falámos dos factores e comportamentos que poderão estar nas suas origens e nas suas consequências imediatas e futuras, e em termos de desabafo comentei que eu sofro é pelos pobres numa alusão, claro, a quem ficou sem os seus parcos haveres. "Quais pobres? Não vejo pobres nenhuns apenas pessoas sentadas nas esplanadas ou a passearem." Retorquiram-me.
Estas palavras marcaram-me profundamente e vieram-me ao pensamento ao longo de vários dias.
A resposta veio mais tarde. E com ela os rostos que olhei nos meus locais de estágio (Cáritas e EAPN/ Rede anti-pobreza) e nos que olho nos percursos que diariamente palmilho.
Rostos que raramente vejo nos centros comerciais ou nas grandes superfícies. Em esplanadas ou em festas. Rostos que só ALI conheci e amei e respeitei. Rostos que me trazem lágrimas perdidas nas suas histórias de vida. Nas suas necessidades tão básicas. Pobres, é certo, mas tão PESSOAS. Pessoas como eu. Eu como ELAS.
E a resposta para que se não vejam os pobres é só essa: Rostos que raramente se veêm nos centros comerciais ou nas grandes superfícies. Em esplanadas ou em festas. Rostos que se refrescam ao cair da noite nas soleiras das suas portas. Rostos que vivem quase escondidos à percepção da maioria desta sociedade muitas vezes "moribunda" em valores, demasiado ocupada pelo seu umbigo.
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