domingo, 26 de junho de 2016

Lições de VidA»»»


Ontem, bem pela manhã, fui passear o meu cão como é habitual. Como todos os dias, encontramos pessoas que passeiam com os seus cães ou que se passeiam a si mesmas, numa comunhão com a natureza já desperta. A calma e a fresca convidam ao relaxamento nos bancos de madeira que descansam e nos aguardam à sombra de palmeiras que se agitam e emergem duma relva ainda verde. Tudo é paz nestes momentos e o planeta e a vida parecem em equilíbrio e, por momentos, quase nos esquecemos de todas as más notícias que nos assolam a cada dia quer sobre o comportamento do Homem (desumano, corrupto e irresponsável) quer sobre os perigos a que sujeitamos o nosso planeta.


Ontem, bem pela manhã sentei-me num desses bancos de madeira onde já estava um senhor com alguma idade com a sua cadelinha, esta já também com alguma idade. Sentei-me porque, ao aproximar-me, perguntei a este senhor se o seu companheiro era um cão ou uma cadelinha, visto que entre cães o relacionamento por vezes torna-se um pouco violento. E, foi este início de conversa que deu lugar a outra,,, mais enriquecedora, muito mais enriquecedora.

Sentei-me e o senhor (octogenário) disse-me que a sua cadelinha já tinha treze anos e que ainda no dia anterior tinham feito uma caminhada de seis quilómetros até à zona de lazer. Sentei-me e o senhor continuou a falar e eu a ouvir e  "de olho" no meu cão que brincava com a cadelinha... Respondi-lhe que tinham feito uma grande caminhada e ele continuou com as suas palavras firmes mas calmas, num tom ameno...Contou que tinha necessidade de praticar desporto. Contou que todos os dias utilizava os equipamentos (para a manutenção física) disponíveis num relvado um pouco mais abaixo do local onde nos encontrávamos...  Contou que tinha vindo para a nossa cidade nos anos oitenta e que tinha corrido meias-maratonas na juventude. 

Foi então que contou dois episódios ricos e que dizem tudo sobre o que é viver em reflexão e em sabedoria. O que é aprender... o que é ser pessoa... Sem o mediatismo e a fama de redes sociais...

Contou que sempre teve cães e gatos mas que um dia, na sua aldeia natal, lhe envenenaram todos os animais. Fiquei escandalizada e perguntei-lhe qual tinha sido a sua atitude perante tal acto de maldade... Mas ele continuou calmamente "quem não gosta de animais também não gosta de pessoas" e eu, levianamente, retorqui "pois, o melhor é o desprezo por pessoas assim" e ele sábiamente disse "não. Temos de fazer ver às pessoas qual é o caminho do bem. Não devemos desprezar, devemos continuar ". Depois contou que costumava correr todas as manhãs e fazia sempre o mesmo percurso e que um dia, já há largos anos, numa dessas manhãs cruzou-se com amigos sentados numa sombra duma esplanada e que ao vê-lo sorriram com ironia e disseram "és mesmo maluco para andares nessas correrias" e ele sorrindo e sem parar disse-lhes "aqui ao meu lado há lugar para mais", e continuou sempre até hoje a fazer o que o físico e a mente lhe pedem.
 
Obrigada!!!




A VIDA...

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