quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Passeios para peões???!!!





A pensar nos meus deveres cívicos e em situações que no dia a dia afetam a minha consciência.  
Levo a vida a sério, em todos os contextos em que me insiro, apesar de ter um lado muito alegre e bem disposto com a vida e com quem me rodeia.
Após efetuar esta pequena divagação, vou concentrar-me no que me traz hoje aqui e que não é uma situação nova, já me debrucei sobre ela várias vezes no Facebook: o estacionamento de viaturas em cima dos passeios. 

Resido nesta zona já há catorze anos e todas as manhãs me deparo com o mesmo cenário, na minha saída matinal para comprar pão e beber um cafézinho e olhar a vida lá fora. Esta é uma zona em que residem idosos, jovens, adultos e crianças, como em todas as outras zonas do mundo. Todos temos o direito de nos deslocarmos pelo passeio e não devemos deixar de o fazer devido ao estacionamento indevido de viaturas em cima deste (lugar de circulação de peões). Há idosos que utilizam bengalas ou canadianas ou que necessitam do braço de um familiar para se deslocarem pois já não possuem todas as capacidades de equilíbrio; Há pessoas com mobilidade reduzida, que necessitam de se deslocar em cadeiras de rodas; Há pais que passeiam os seus bébés nos carrinhos adequados para esse fim; Há pais que levam os filhos à escola pela mão... 
Todas estas situações, e tantas outras, são demonstrativas que os passeios foram pensados para a segurança dos cidadãos que circulam a pé... e também para segurança dos próprios automobilisatas. 
É tudo uma questão de consciência e de reflexão, cumprir com os nossos deveres e usufruirmos dos nossos direitos. Mas é, também, uma questão legal e qualquer cidadão, que veja os seus direitos serem postos em causa, pode acionar os meios adequados para os repor.

 



GRUPOS ESPECIAIS DE PEÕES

Os peões não são um grupo homogéneo, existindo pessoas cujos atributos físicos e psicológicos alteram o modo como se deslocam, orientam e avaliam os riscos, tornando-os particularmente vulneráveis em termos de segurança.
Como grupos especiais destacam-se as crianças, os idosos e os peões com mobilidade reduzida. Os peões que constituem estes grupos não têm o mesmo comportamento e desempenho dos outros peões ditos normais, tendo limitaçõesacrescidas em termos de integração no ambiente rodoviário, o que leva a que seja necessário ter especial atenção à sua protecção e segurança.
As crianças desenvolvem-se gradualmente tanto psíquica como fisicamente e apenas a partir dos 11-12 anos adquirem condições semelhantes às dos adultos para dominar as diferentes situações de tráfego.
Em particular as crianças com menos de 9 anos não têm as capacidades sensoriais e cognitivas suficientemente desenvolvidas para lidar com a complexidade
do tráfego rodoviário. Têm uma reduzida capacidade de usar a informação do campo visual periférico e de interpretar as impressões auditivas, o que se traduz em dificuldades na determinação da direcção dos sons, necessitando de mais tempo para reagir do que um adulto e não sendo capazes de avaliar e determinar a velocidade e a distância de um veículo em aproximação.
De um modo geral as crianças não são capazes de distribuir a sua atenção, concentrando-se apenas numa coisa de cada vez. Distraem-se com facilidade e respondem a estímulos externos de uma forma impulsiva, o que torna o seu comportamento imprevisível.
A reduzida estatura faz com que facilmente fiquem escondidas atrás deobstáculos (p.e. mobiliário urbano ou veículos estacionados), dificultando deste modo a sua detecção por parte dos condutores.
Em relação aos idosos, o seu número tem aumentado consideravelmente, principalmente
devido ao aumento da esperança média de vida. O facto de a taxa de natalidade ter diminuído muito consideravelmente nas últimas décadas, faz com que este grupo de peões tenha cada vez mais importância.
Os idosos (geralmente considerados os indivíduos com idade superior aos 65 anos) caracterizam-se fundamentalmente pela perda de capacidades físicas, associadas ao normal processo de envelhecimento, que se traduzem em locomoção mais lenta, com piores reflexos e em maiores tempos de decisão e reacção. Com o avanço da idade também a visão e a audição ficam enfraquecidas o que, aliado à perda de memória e das capacidades de raciocínio, dificulta a compreensão do ambiente rodoviário.
Finalmente, o grupo dos peões de mobilidade reduzida onde estão incluídas não só as pessoas, que independentemente da idade, possuem deficiências físicas, mentais ou sensoriais, mas também todos os que, por qualquer razão, têm dificuldade em movimentar-se. Algumas destas pessoas necessitam mesmo de equipamentos, como por exemplo cadeiras de rodas, para efectuarem as suas deslocações. Em Portugal cerca de 6.1% da população possui deficiência, sendo que 1.6% são portadores de deficiência visual e 1.5% de deficiência física (INE, 2002).
A velocidade de marcha destas pessoas é inferior à velocidade das pessoas sem qualquer deficiência e os problemas sensoriais, como a falta de visão e de audição, limitam a capacidade de percepção da envolvente. Precisam ainda, em muitos casos, de mais espaço ou que este possua características especiais para que as suas deslocações sejam, não apenas possíveis, mas também minimamente seguras e confortáveis.
Torna-se, assim, necessário adaptar as infra-estruturas pedonais às necessdades específicas destas pessoas, de modo a melhorar a sua mobilidade.




Não só os condutores de idade avançada apresentam um risco importante de acidentes, também os peões porque os carros invadem todos os cantos e as intersecções. As passadeiras são os pontos de maior sinistralidade dos idosos.
A mortalidade por atropelamento é maior a partir dos 60 anos.
Por outro lado, em ocasiões os idosos desconhecem as normas e atravessam as ruas em qualquer sítio.
As imprudências, se bem que se cometem de maneira inconsciente, implicam um importante perigo já que as pessoas de idade avançada dificilmente assumem a situação, sendo muito normal que pensem que a sua "experiência" conseguirá remediar os defeitos da idade ou que por serem pessoas idosas têm prioridade, por exemplo, ao atravessar a rua numa zona indevida.
A diminuição do nível de atenção leva-os a respeitar pouco os sinais de trânsito e a uma percepção limitada do risco, das distâncias e da proximidade de um carro.
Por outro lado, da mesma forma que a pessoa de idade avançada se sente excluída ou marginalizada em muitos aspectos da sua vida, isto também acontece em relação ao ambiente da condução e à segurança como peão.
O trânsito não está pensado para as pessoas de idade avançada. Muitas vezes, a pessoa idosa encontra-se num ambiente adverso e hostil.
Quer atravessar a rua, mas a pessoa de idade avança carece de agilidade e rapidez para se esquivar dos carros, teme cair ou que a empurrem, e recorda com dificuldade as normas de circulação e o significado dos sinais.
Se os ossos lhe doerem, caminha com lentidão e cansa-se, encurta as distâncias atravessando por lugares inadequados esperando ser visto pelo condutor que possa vir.
Com frequência caminham pela estrada para evitar os carros estacionados e subir e descer os passeios, correndo o risco de serem atropeladas.

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