domingo, 30 de outubro de 2011

Conto Infantil - Dona Camila e o seu filhinho





Dona Camila e o seu filhinho


Dona Camila estava deitada e uma duna protegia-a das areias, do vento veloz e das baixas temperaturas. Há trezentos e noventa dias que aguardava a hora do nascimento do seu filhinho e pensava em como estava ansiosa para o ver, para o cheirar, para o proteger. Sabia que seria difícil porque se encontrava sozinha; o pai tinha ido numa caravana até ao norte da península.
Pela madrugada o filhinho nasceu. Enternecida, olhou o seu corpo frágil coberto de uma lã macia. Após duas horas o bebé começou a levantar-se sobre as patas ainda débeis. Voltou a deitar-se, logo de seguida, e procurou o leitinho da mãe.

O filhinho olhava para tudo o que o rodeava ansioso por aprender e, nos dias seguintes, a mãe ensinou-lhe as regras básicas para sobreviver no deserto.
Mas, o que a preocupava era incutir-lhe bons valores como a humildade, a obediência, a coragem, a ajuda ao próximo, a lealdade, a bondade e o valor do trabalho.
Ele ia crescendo e cada dia que passava estava mais forte. Passado um mês a mãe decidiu que já era altura de fazerem uma visita ao pai.


E lá foram eles rumando para Norte. No primeiro dia não se cruzaram com ninguém mas no segundo avistaram ao longe uma caravana formada por muitos outros camelos e pessoas. Apreensiva, a mãe disse ao filho para não se afastar e para se manter junto dela. Ele assim fez. A mãe ficou feliz por ver que o filhinho já tinha apreendido o princípio da obediência e a temer o desconhecido.
Quando chegaram ao acampamento já era de noite. Notava-se tristeza no rosto das pessoas e os animais estavam em silêncio. Dona Camila perguntou o que se passava e um camelo idoso respondeu-lhe numa voz arrastada que o filho mais novo do Sultão estava doente com temperaturas muito elevadas e que estavam todos muito preocupados. Dona Camila falou que conhecia umas ervas muito eficazes para baixar a febre e começou a procurá-las. Fizeram um chá com as ervas e deram a beber ao rapaz. A febre começou logo a baixar e o Sultão como recompensa pela generosidade e bondade da D. Camila, disse que os protegeria até chegarem à caravana do pai do bebé camelo.
Dona Camila ia transmitindo, sem se aperceber, bons valores ao filho através das suas ações. E ele ouvia e observava e, no silêncio da noite, refletia como as boas atitudes só dão bons resultados - agora a sua mãe já não teria de se preocupar com os perigos da viagem.


Passada uma semana chegaram ao acampamento da caravana do pai. Este, feliz, galopou até eles quando os avistou ao longe…o cheiro da família já lhe tinha chegado há algumas horas trazido pelo vento.
O sultão mandou-os chamar e disse-lhes que nunca esqueceria que o filho tinha sido salvo pela D. Camila e como agradecimento eles poderiam viver juntos para sempre no seu oásis.
E assim aconteceu. Dona Camila teve mais três filhos e todos viveram felizes sob a bondade e lealdade do Sultão.



FIM  
(Celeste Rebordão)

domingo, 23 de outubro de 2011

...dias que ficam...




...há dias que ficam "presos" no tempo como que à espera de qualquer acontecimento que os desperte... foi o caso deste dia tão especial, perdido em terras do Alentejo...


Vivíamos na vila de São Manços a apenas onze quilómetros de Évora. A vila não é grande mas ali passámos alguns meses inesquecíveis em pleno contacto com a natureza. Na vila corre um rio fino e o meu filho (nesta altura ainda só tinha um filho) adorava ir até aí ver os peixes e os bichinhos que se moviam por entre a transparência das águas e a frescura convidava para as suas margens... perto havia uma quinta onde se fazia criação de cavalos lusitanos. Tudo conjugado para sermos atraídos, quase diariamente, para aquele local... antes de chegarmos passávamos pela Igreja alva e pelos lavadouros da freguesia frequentados por algumas mulheres.


O início das noites era mágico. Junto à nossa casa havia uma cooperativa onde, ao final da tarde, os homens se juntavam e cantavam as lindas cantigas alentejanas... as suas vozes fortes e arrastadas chegavam-nos, como num conto, arrastadas pela aragem que, por vezes, corria... Foram meses em que conhecemos uma outra forma de estar na vida...sem pressa, as horas desfilavam ao ritmo do viver... este de acordo com o aumento e a diminuição da temperatura ao longo do dia...pessoas amistosas e fraternas no trato...

...nunca irei esquecer aqueles meses passados em terras do Alentejo...


Nesse ano o meu aniversário foi num Domingo... pertinho da nossa casa havia uma loja onde se vendia de tudo, mercearia, fruta, roupa, acessórios... e estava aberta durante os sete dias da semana. O meu filho tinha nessa altura cinco anos. A manhã deveria ir a meio naquele dia de Junho.


...o som dos seus passos apressados e a respiração ofegante a subir a escadaria chegavam até mim... o rosto corado de alegria...na mão um embrulhinho de papel colorido e decorado com florinhas...


Parece que o estou a ver neste momento... "Mãe, toma a tua prenda de aniversário"... os meus olhos ficaram cobertos de lágrimas de espanto e emoção e um sorriso abriu-se no meu rosto de felicidade... "Mas, filho como compraste a prenda?"..."Ó Mãe tirei o dinheiro todo do mealheiro mas ainda faltavam algumas moedas mas a senhora da loja disse que não tinha importância porque era a PRENDA para a mãe...", disse ele rapidamente "Ó mãe abre e vê se gostas!" Comovida e feliz abri o embrulhinho... ...lá dentro estava um travessão para apanhar o cabelo decorado com pedrinhas cor de rubi, cor de cereja, cor de romã... cor do AMOR do coraçãozinho dele...

Obrigada, filho, por me dares não apenas a prenda daquele aniversário mas um motivo para jamais me esquecer do teu AMOR e grandeza...

...ficará para sempre...

domingo, 9 de outubro de 2011

Exposição de Fotografia - Escola um Lugar dos Afectos







Exposição de Fotografia:

ESCOLA 1 LUGAR DOS AFECTOS

De 7 a 30 de Outubro na Sala da Nora da nossa CIDADE


7 de Outubro...




Neste dia, de amor vestido, cheio de sorrisos, companheirismo e

gratidão deixo estas imagens como recordação de um dia da VIDA…



A ARTE da Fotografia aliada aos melhores valores da vida

ALBERTO Ladeira
, o Fotógrafo

Álvaro ESPADANAL, o Professor

Os alunos

Os pais

A Câmara Municipal

Os visitantes



A gratidão e a alegria dos alunos pairavam no ar. Paz e comunhão,

sons maravilhosos do viver…





Sala plena de corações jovens vestidos de acordo com o momento…

... pormenores que transpiram o AMOR que os une…


A juventude dos alunos… A Cordialidade dos pais…

O Sorriso e o olhar reflexivo do PROFESSOR Álvaro, a

felicidade do ARTISTA da fotografia, Alberto Ladeira...


A ARTE aliada aos VALORES que fazem da vida um lugar de afectos…


Os afectos que dão dinâmica à vida…


A Escola é, também, 1 lugar dos afectos…





O AMOR ao ENSINO mas, fundamentalmente, o amor pelo OUTRO

PROFESSOR – ALUNOS - PROFESSOR



…será possível compreender como surge uma ideia???



...imperdível!

Escola um lugar dos afectos!!!




O MENINO GRANDE

Também eu, também eu,
joguei às escondidas, fiz baloiços,
tive bolas, berlindes, papagaios,
automóveis de corda, cavalinhos...

Depois cresci,
tornei-me do tamanho que hoje tenho.
Os brinquedos perdi-os, os meus bibes
deixaram de servir-me.
Mas nem tudo se foi:
ficou-me,
dos tempos de menino,
esta alegria ingénua
perante as coisas novas
e esta vontade de brincar.
Vida!
não me venhas roubar o meu tesoiro:
não te importes que eu ria,
que eu salte como dantes.
E se riscar os muros
ou quebrar algum vidro
ralha, ralha comigo, mas de manso...

(Eu tinha um bibe azul...
Tinha berlindes,
tinha bolas, cavalos, papagaios...

A minha Mãe ralhava assim como quem beija...
E quantas vezes eu, só pra ouvi-la
ralhar, parti os vidros da janela
e desenhei bonecos na parede...)

Vida!, ralha também,
ralha, se eu te fizer maldades, mas de manso,
como se fosse ainda a minha Mãe...

(Sebastião da Gama)





URGENTEMENTE -é urgente o amor. é urgente um barco no mar. é urgente destruir certas palavras. odio, solidão e crueldade, alguns lamentos muitas espadas. É urgente inventar alegria, multiplicar os beijos, as searas, é urgente descobrir rosas e rios e manhãs claras Cai o silêncio nos ombros e a luz impura, até doer. É urgente o amor, é urgente permanecer.
(
Eugénio de Andrade)







Carta do presidente Abraham Lincoln ao professor do seu filho


Caro professor,

Ele terá de aprender que nem todos os homens são justos, nem todos são verdadeiros, mas, por favor, diga-lhe que, para cada vilão, há um herói, que para cada egoísta, há também um líder dedicado; ensine-lhe, por favor, que para cada inimigo haverá também um amigo, ensine-lhe que mais vale uma moeda ganha que uma moeda encontrada, ensine-o a perder mas também a saber gozar da vitória, afaste-o da inveja e dê-lhe a conhecer a alegria profunda do sorriso silencioso, faça-o maravilhar-se com os livros, mas deixe-o também perder-se com os pássaros do céu, as flores do campo, os montes e os vales.

Nas brincadeiras com os amigos, explique-lhe que a derrota honrosa vale mais que a vitória vergonhosa, ensine-o a acreditar em si, mesmo se sozinho contra todos. Ensine-o a ser gentil com os gentis e duro com os duros, ensine-o a nunca entrar no comboio simplesmente porque os outros também entraram.

Ensine-o a ouvir a todos, mas, na hora da verdade, a decidir sozinho, ensine-o a rir quando estiver triste e explique-lhe que por vezes os homens também choram.

Ensine-o a ignorar as multidões que reclamam sangue e a lutar só contra todos, se ele achar que tem razão.

Trate-o bem, mas não o mime, pois só o teste do fogo faz o verdadeiro aço, deixe-o ter a coragem de ser impaciente e a paciência de ser corajoso.

Transmita-lhe uma fé sublime no Criador e fé também em si, pois só assim poderá ter fé nos homens.

Eu sei que estou pedindo muito, mas veja que pode fazer, caro professor.

Abraham Lincoln, 1830
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