terça-feira, 1 de março de 2011

Há pessoas...




Há pessoas...


Há pessoas para as quais apenas as aparências contam...

Fazem tudo para serem consideradas as melhores...

Só que neste frenesim de alcançarem esse estatuto esquecem-se da inteligência dos

que as rodeiam e no ridículo em que, a maior parte das vezes, incorrem.


Não é aquilo que se vê que conta... Conta sobretudo o que não se vê...

O anonimato não é menos importante...

Ser-se apenas mais um entre milhões...

Ser apenas mais uma gota de água deste imenso oceano onde vivemos...


Peca-se quer por excesso quer por defeito...







Quero ignorado, e calmo
Por ignorado, e próprio
Por calmo, encher meus dias
De não querer mais deles.
Aos que a riqueza toca
O ouro irrita a pele.
Aos que a fama bafeja
Embacia-se a vida.
Aos que a felicidade
É sol, virá a noite.
Mas ao que nada espera
Tudo que vem é grato.

Fernando Pessoa



E quando não há mais nada a fazer bebe-se um bom vinho, ouve-

se (sem h) uma boa música, pensa-se em quem gostamos e dizemos "a vida é

bela".


Que ironia...

Mas continuamos sobretudo a sermos nós mesmos!

Não embarcamos em facilitismos...Never!

Nunca te rendas à mediocridade, ao fingimento, ao parecer... Porque um dia

poderás


pensar que essas formas de estar são as normais...

2 comentários:

  1. "Come chocolates pequena..."
    (Come chocolates, pequena; Come chocolates!
    Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
    Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
    Come, pequena suja, come!
    Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
    Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
    Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)
    Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei
    A caligrafia rápida destes versos,
    Pórtico partido para o Impossível.
    Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,
    Nobre ao menos no gesto largo com que atiro
    A roupa suja que sou, sem rol, pra o decurso das coisas,
    E fico em casa sem camisa.

    Álvaro de Campos, Tabacaria (excerto)

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