sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

As pessoas com mais idade...





Ontem, foi divulgado pelos meios de comunicação social o caso de uma idosa que se encontrava morta há nove anos na sua residência. Todas as diligências necessárias para averiguar qual o seu paradeiro não foram efectuadas apesar dos vizinhos e familiares terem denunciado a situação.

Actualmente, há inúmeras pessoas de idade mais avançada a viverem completamente sós, votadas à solidão e ao abandono, quer pelos familiares, quer pela vida agitada que transforma as relações de vizinhança quase inexistentes. Um ser humano é sempre um ser humano independentemente da idade que tenha.



Diariamente, cruzo-me com pessoas de olhar triste como se a esperança de viver se tivesse desvanecido para sempre. O que nos custa trocar algumas palavras ou apenas um sorriso, um BOM-DIA???


Privamos os nossos filhos do contacto com os avós. Abandonamos os nossos familiares em lares ou na suas residências. Privamo-los do nosso carinho e da nossa companhia e, em simultâneo, estamos a perder o que têm para nos transmitir. Retiramos-lhes o prazer de disporem de algumas economias para as utilizarem de acordo com os seus desejos. Usam roupa que não escolhem. São tratados como crianças, que não são, o que os entristece.
Tudo isto é violência!

Não valorizamos a sabedoria que possuem! O mesmo não sucede noutras sociedades consideradas "atrasadas".


Os dois Lobos

"Um velho Índio Cherokee iniciava o seu neto nos propósitos da vida:
'Uma luta ocorre dentro de mim', dizia ele ao menino. 'É uma luta terrível entre dois lobos. Um é cheio de inveja, cólera, avareza, ciúmes, arrogância, ressentimentos, possessão, mentiras, superioridade, orgulho. O outro é bom. Ele é pacifico, feliz, sereno, humilde, generoso, verdadeiro e cheio de compaixão. Esta luta está também dentro de você, minha criança. Está também dentro de cada pessoa'.
O menino pensa um instante e interroga o avo: 'Qual dos dois lobos ganhara a luta?' O velho Índio responde-lhe simplesmente: 'Aquele que você alimentar'. "



Lenda Sioux da Águia e do Falcão


Conta uma velha lenda dos índios Sioux, que uma vez, Touro Bravo, o mais valente e honrado de todos os jovens guerreiros, e Nuvem Azul, a filha do cacique, uma das mais formosas mulheres da tribo, chegaram de mãos dadas, até a tenda do velho feiticeiro da tribo...

- Nós nos amamos... e vamos nos casar - disse o jovem. E nos amamos tanto que queremos um feitiço, um conselho, ou um talismã... alguma coisa que nos garanta que poderemos ficar sempre juntos... que nos assegure que estaremos um ao lado do outro até encontrarmos a morte. Há algo que possamos fazer?

E o velho emocionado ao vê-los tão jovens, tão apaixonados e tão ansiosos por uma palavra, disse:

- Tem uma coisa a ser feita, mas é uma tarefa muito difícil e sacrificada...
Tu, Nuvem Azul, deves escalar o monte ao norte dessa aldeia, e apenas com uma rede e tuas mãos, deves caçar o falcão mais vigoroso do monte... e trazê-lo aqui com vida, até o terceiro dia depois da lua cheia.

E tu, Touro Bravo - continuou o feiticeiro - deves escalar a montanha do trono, e lá em cima, encontrarás a mais brava de todas as águias, e somente com as tuas mãos e uma rede, deverás apanhá-la trazendo-a para mim, viva!

Os jovens abraçaram-se com ternura, e logo partiram para cumprir a missão recomendada... no dia estabelecido, à frente da tenda do feiticeiro, os dois esperavam com as aves dentro de um saco.

O velho pediu, que com cuidado as tirassem dos sacos... e viu eram verdadeiramente formosos exemplares...

- E agora o que faremos? - perguntou o jovem - as matamos e depois bebemos a honra de seu sangue? Ou as cozinhamos e depois comemos o valor da sua carne? - propôs a jovem.

- Não! - disse o feiticeiro, apanhem as aves, e amarrem-nas entre si pelas patas com essas fitas de couro... quando as tiverem amarradas, soltem-nas, para que voem livres...

O guerreiro e a jovem fizeram o que lhes foi ordenado, e soltaram os pássaros... a águia e o falcão, tentaram voar mas apenas conseguiram saltar pelo terreno. Minutos depois, irritadas pela incapacidade do vôo, as aves arremessavam-se entre si, bicando-se até se machucar.

E o velho disse:

- Jamais esqueçam o que estão vendo... este é o meu conselho. Vocês são como a águia e o falcão... se estiverem amarrados um ao outro, ainda que por amor, não só viverão arrastando-se, como também, cedo ou tarde, começarão a machucar-se um ao outro...

Se quiserem que o amor entre vocês perdure... voem juntos... mas jamais amarrados.





"A sobrevivência da cultura Guarani, ágrafa por natureza, depende da oralidade dos
membros da família, em especial dos idosos da comunidade. Os povos originários
construíram a história através da memória. Através da oralidade dos “mais velhos” que, por meio de relatos sobre o passado da etnia, revela e cria um vínculo entre os jovens e sua história. Fato significativamente importante para a expansão idiomática e a preservação cultural.
O relacionamento dos “mais velhos” com os mais jovens, propõe um círculo de
amizade e respeito mútuo. Buscam juntos, novos e antigos conhecimentos em estreita harmonia com a dinâmica da vida, sem perder a identidade Guarani. A partir dos 40 anos5 o membro da comunidade “Yynn Morati Wherá” é considerado “idoso”. Que não tem haver com a idade cronológica, como na sociedade nacional, mas pelo conhecimento acumulado da comunidade em que vive. Este pode aconselhar e orientar em caso de ser solicitado para esta tarefa. Entretanto há um membro que imprime o passado e o futuro das gerações Guarani: o Pajé ou Karai6.
Os “mais velhos” da comunidade contam com um valor especial por serem os fios
condutores da cultura, da língua, dos costumes, dos rituais. Destes últimos, os Pajés são líderes religiosos que oralmente transmitem os conhecimentos de seu povo para os mais jovens. Respeitados por sua sabedoria diante das inquietudes dos mais jovens, são consultados enquanto líderes sobre as mais variadas situações políticas e estruturais como a andança” de seu povo. Foi com um líder espiritual e através de suas visões que no século XIX, os Guaranis deixaram seu passado com os colonizadores para encontrar a “Terra sem Males”. Em sua expedição foram guiados por um líder." (Relatos de Iniciação Científica Idosos Indígenas e Comunicação: olhares e aproximações
DOS SANTOS, Scheila1
TORRES-MORALES, Ofelia Elisa2)


Violência contra idosos aumenta em Portugal

Os crimes de violência a vítimas com mais de 64 anos aumentaram de oito para 25 mil nos últimos cinco anos revela um estudo, que cita dados da Polícia de Segurança Pública. O aumento das denúncias pode constituir uma explicação para a elevada subida dos números da violência, sustentou fonte da PSP.

“Os idosos são vítimas silenciosas, já que não apresentam queixa por medo”, explicou fonte da Procuradoria-Geral da República. O gabinete de Pinto Monteiro recebe centenas de denúncias de casos de violência contra idosos. O procurador vai pedir às distritais de Lisboa, Porto, Évora e Coimbra para alertar autarquias, juntas e Segurança Social que denunciem os casos que cheguem ao seu conhecimento.
Pinto Monteiro disse é prioritário combater a violência nos idosos. “Não há nenhuma crítica que me faça desistir do meu caminho” e o facto de serem poucas as denúncias de violência nos idosos explica que a necessidade e urgência em “tomar medidas”.
A agressão a idosos reveste-se de variadas formas: negligência nos Cuidados de saúde e abandono, abusos físicos, maus tratos psicológicos, negligência por abandono, negligência por administração de doses erradas de medicamentos para acalmar o idoso, negligência nos cuidados de saúde, abuso sexual e tentativas de extorsão de dinheiro (em casos de filhos com pais pouco lúcidos). (Fonte: RTP / Agência Lusa)



Dez Réis de esperança

Se não fosse esta certeza
que nem sei de onde vem,
não comia, nem bebia,
nem falava com ninguém.
Acocorava-me a um canto,
no mais escuro que houvesse,
punha os joelhos à boca
e viesse o que viesse.

Não fossem os olhos grandes
do ingénuo adolescente,
a chuva das pernas brancas
a cair impertinente,
aquele incógnito rosto,
pintado em tons de aguarela,
que sonha no frio encosto
da vidraça da janela,
não fosse a imensa piedade
dos homens que não cresceram,
que ouviram, viram, ouviram,
viram, e não perceberam,
essas máscaras selectas,
antologia do espanto,
flores sem caule flutuando
no pranto do desencanto,
se não fosse a fome e a sede
dessa humanidade exangue,
roía as unhas e os dedos
até os fazer em sangue.

(António Gedeão)






1 comentário:

  1. Grandes exemplos os descritos nas pequenas histórias dos Índios Americanos..mas nem só nessa cultura temos esses exemplos de ADORAÇÃO e respeito pela Sábia presença dos "VELHOS" no seio das famílias.
    Também na FLORESTA AMAZÓNICA os ANCIÃOS eram respeitados e são, mesmo depois de MORTOS.
    Lembro que ainda hoje existem algumas tribos que enterram os seus mortos no largo onde se fazem celebrações e danças. Simplesmente porque querem estar sempre juntos...mesmo depois de MORTOS. Não se quebra o ELO. Nós perdemos toda a noção da verdadeira essência da vida.
    Parabéns pelos exemplos escolhidos.

    ResponderEliminar