quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

Tempos sem tempo,,,

https://youtu.be/UB0D4P5Yq4s

 Nestes dias tão pequenos o pensamento voa e volta ao tempo em que tudo começou, o ser adulta com responsabilidades, já lá vão 38 anos.

A vida familiar e a atividade  profissional do meu marido levou-nos a Lisboa.

Ali vivemos, perto do Alto de S. João e da Praça do Chile e da Avenida Almirante Reis.

Aquele bairro calmo em contraste com o bulício da Almirante Reis. Os cheiros as cores a multiculturalidade... As pessoas sempre numa correria e as saídas do metro com os mais desprotegidos por ali,,, ninguém os encarava de frente talvez por não terem tempo ou talvez para não absorverem a falta gritante de tudo que se lia na postura e no aspeto físico...

Eu via porque tinha tempo... e lia alguma daquela angústia. Um ciclo vicioso aparentemente sem solução à qual não podia ficar indiferente. 

As imagens e os aromas ficaram tal como a beleza da cidade carregada de tantas vidas díspares, de tanta arquitetónica, de tanta simbologia.

A beleza dos edifícios, as exposições de artes plásticas enlevavam-me (não foi por acaso a minha escolha no secundário, Introdução às Artes Plásticas, Design e Arquitetura)....mais tarde Serviço Social o que não estranho porque o que mais amo é a Natureza, as Pessoas, o Belo e os Animais.


Foram dois anos muito enriquecedores.

Alentejo, Alandroal e São Mansos.

Alandroal tão perto de Vila Viçosa e S. Mansos tão perto de Évora...

Belo o Alentejo, belo o Cante Alentejano.

Os meus olhos tudo colhiam e, atualmente, as saudades  das pessoas com quem me cruzei e das que se cruzaram comigo, são muitas. 

A calmaria e a estrada um espelho nos dias de verão.

Geralmente, a nossa casa era mesmo no edifício do Posto da GNR (devido à função do meu marido) o que se tornava uma vantagem porque se tinha de me ausentar os meus filhos ficavam sempre em segurança. 

Em S. Mansos o edifício rodeava um pátio interior com um poço e à tardinha ouvia-se o Cante Alentejano que vinha duma cooperativa logo ali. 

As imagens e os sons e a generosidade marcaram e ficam retidas para sempre.

As ruas desertas no calor avassalador do verão.

Belmonte, Vila de Belmonte, também nunca esquecerei as suas pessoas, as suas ruas empedradas, a sua história.

Talvez, Belmonte, seja o local que mais amei. Tanta riqueza na sua diversidade cultural, nas tradições.

Ouvir o Rabino nas suas orações...na surdina do anoitecer. 

A sua Igreja, a sua Sinagoga, os Museus, o Castelo.

Lindo tudo... tão lindo tudo.

Tantas saudades do que já passou.

A VidA um poema.



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