Sou como todas as pessoas sensíveis ao que as rodeia... Adoro as pessoas, adoro a natureza, adoro os animais... Gosto de música... Mas o que mais prezo é a minha família e os meus amigos e a natureza e os animais... Eheheh.
Antes que me esqueça, adoro qualquer forma de demonstração de Arte: pintura, arquitectura, escultura, poesia...
O meu bem-haja (como dizíamos na minha infância quando alguém nos dava motivo para agradecer, fosse por actos ou por palavras recebidos) ao José Teodoro Prata, pelas palavras Belas, Grandes e Profundas sobre a minha querida Mãe Tomázia da Conceição...
Pelos meus Pais, por todos os Pais e por todos os Filhos...
Eu
vivi na casa onde apanharam o Pistotira, antes do meu irmão Zé Maria lá morar.
Na cozinha, havia um buraco na parede, ao lado do lume, que dava para a cozinha
da tua tia Carlota. Quando precisávamos de alguma coisa, lume ou que uns
tratassem dos filhos dos outros, era por lá que os dávamos. O buraco era
pequeno, só lá cabia um bebé. A tua prima Celeste passou por lá muitas vezes,
para a minha mulher tomar conta dela. Assim
me contou o senhor Luís da Tomázia, há anos, quando o entrevistei a propósito
da prisão do Pistotira. É curiosa esta expressão Luís da Tomázia, que ouvi desde criança, tratando-se este Luís de
um homem com uma personalidade forte, num tempo em que as mulheres ainda
riscavam pouco.
Tenho
refletido muito sobre esta expressão, por isso a demora. Ele é o Luís Rodrigues, também Luís Prata e ainda o Luís da Tomázia. Mas o que tinha ela
para tamanho reconhecimento social? Acho que era um coração enorme, onde todos
cabíamos.
A
senhora Tomázia fazia parte do meu mundo de criança, prima da minha mãe por
afinidade. Nunca fomos muito próximos, talvez por eu ser arredio, mas sentia-se
um clima de carinho sempre que nos saudávamos.
Era
ao alambique do Chão da Bica que nós da Tapada, a minha mãe a minha tia Stela, íamos
fazer a aguardente. Massa carregada em bacias, à cabeça, e depois longas horas
noturnas de pouco trabalho e muita espera. A presença da senhora Tomázia era
constante, nos intervalos dos seus afazeres domésticos. Às vezes aparecia-nos já
noite dentro para uma conversa ou um conselho sobre a intensidade do fogo
debaixo da caldeira e a temperatura da água no tanque.
As
minhas irmãs eram muito amigas das filhas mais velhas dela, e praticamente da mesma idade.
Num ano do final da minha infância, eu, a Eulália, o meu primo João e não sei
se o Tó, fomos ajudar nos trabalhos outonais: vindima, apanha do feijão
pequeno… Era um misto de trabalho e brincadeira, a de comer e ainda nos pagavam
qualquer coisa. A senhora Tomázia recebia-nos na cozinha, a cada meio-dia.
Lembro-me como se fosse hoje de um bacalhau com batatas e muito azeite. Ainda
tenho o sabor na boca. Depois, à sobremesa, já na rua, a melancia que coubesse
na barriga.
Nós
com os olhos no infinito do universo, na esperança de uma ajuda dos santos e eles
no meio de nós…
Esta
organização surgiu por iniciativa de Alexandra Borges, jornalista da
TVI, realizou em 2007 uma grande reportagem que denunciava a situação de
escravatura infantil do Séc. XXI e que chocou Portugal e o mundo.
“Na
Republica do Gana, há crianças de 3 e 4 anos que são vendidas pelos
próprios pais, por menos de 30 euros, a traficantes que as revendem a
pescadores para serem escravizadas na pesca do Lago Volta, o maior lago
artificial do mundo. Estas crianças trabalham 14h/dia, 7 dias por
semana, faça chuva ou faça sol, estejam ou não doentes, em troca de um
prato de mandioca.
O grupo "FILHOS DO CORAÇÃO" surgiu, por
iniciativa da própria Alexandra Borges, para fazer uma megacampanha que
visa DENUNCIAR o que está a acontecer no Gana e ALERTAR as mais altas
instâncias nacionais e internacionais, com o objetivo de OBRIGAR o
governo do Gana a tomar uma atitude firme para proteger estas crianças.
O TRÁFICO E A ESCRAVATURA INFANTIL não são uma brincadeira de crianças, são um negócio de gente crescida!
Agora
que sabe o que se está a passar, vai ter que nos ajudar a DAR VOZ a
estas crianças, não deixando que um SILÊNCIO COBARDE E CÚMPLICE lhes
roube a infância a que todas as crianças têm direito!”
A ONG Filhos do Coração conta com o seu apoio e iniciativa positiva
para erradicar a escravatura infantil no Gana. Grupo Facebook https://www.facebook.com/groups/Filhosdocoracao/
Alexandra Borges conta como vive em família o projeto ‘Filhos do Coração’
A
jornalista da TVI garante que o marido, Luís Almeida, e os filhos,
Vicente e Tomás, são o seu maior apoio no que diz respeito ao projeto
Filhos do Coração. Nesta tarde a família posou com o cão, Guga.
Em
2007, o que poderia ter sido apenas uma reportagem de denúncia de
violação dos Direitos Humanos no Gana tornou-se, afinal, a missão da
vida de Alexandra Borges. Ao conhecer as crianças
escravizadas no Lago Volta – aquelas que hoje são os seus filhos do
coração – o mundo da jornalista mudou e hoje está empenhada em resgatar
sorrisos a estes meninos que perderam a infância. A apoiá-la
incondicionalmente tem o marido, o economista Luís Almeida, e os filhos, Tomás e Vicente, de oito anos.
Foi
durante uma tarde passada em família que a jornalista partilhou com a
CARAS os sonhos que tem para os seus filhos do coração.
– Como é que descobriu as crianças escravas do Gana? Alexandra Borges
– Através de um artigo no jornal The New York Times e fiquei
impressionada, porque nem sequer imaginava que existisse escravatura
infantil. Gosto muito deste género de jornalismo de intervenção e andei a
pedir à Manuela Moura Guedes, que na altura estava na
TVI, que me deixasse partir para o Gana para também eu fazer uma
reportagem. E fui. Quando cheguei lá, fiquei impressionada. Era muito
pior do que alguma vez poderei contar. O que vi no Gana mudou a minha
vida, de tal maneira que durante a viagem de regresso a Portugal já
estava a pensar como é que poderia ajudar aquelas crianças.
–
Desde 2007, a Alexandra já angariou mais de 150 mil euros para esta
causa, garantindo o futuro, nos próximos dez anos, a 13 crianças
resgatadas. Acredito que agora, que criou a ONG Filhos do Coração, ainda
tenha mais projetos... – Sim. Agora, no dia 1 de junho, vou apresentar o livro Resgate, que escrevi juntamente com a minha sobrinha Rita Palma Borges.
É um livro de reportagem. Na altura, a minha sobrinha tinha 19 anos e
estava muito em baixo. Então, levei-a para o Gana com a missão de
fotografar tudo e escrever um livro. Eu odeio escrever, mas por aqueles
meninos faço tudo e ajudei a minha sobrinha nessa tarefa. Também criei
um grupo no Facebook, que já tem 47 mil pessoas e encontrei uma
encenadora fantástica que vai criar uma peça que estará em cena no
Teatro Tivoli BBVA para o ano. E ainda vamos pôr umas faixas a divulgar
esta causa no Cristo-Rei.
– A Alexandra quer sensibilizar os portugueses para esta causa ou pretende ir mais além? –
Quero ir mais além e se possível fazer uma campanha internacional
contra a escravatura infantil. É a indiferença que está a matar aquelas
crianças. E aquele silêncio ensurdecedor que ouvi no Lago Volta, quando
estamos perante milhares de crianças e não ouvimos um sorriso ou uma
voz, é assustador. E então decidi quebrar aquele silêncio. Vamos ser a
voz daquelas crianças. Elas não conseguem chegar a ninguém, falam
dialetos, não têm documentos, se elas desaparecerem ninguém as vai
procurar! Por isso, desafiei Kofi Annan, porque ele é do Gana e chama-se
Kofi por ter nascido numa família aristocrata a uma sexta-feira. Os
meus meninos chamam-se Kofies por terem sido vendidos a uma
sexta-feira... Mas um dia também podem ser outros Kofi Annan.
– O que mais a marca nestes meninos escravos? –
Aqueles miúdos são fantásticos, mudam vidas. Depois de serem resgatados
e de irem para o orfanato, percebemos que têm uma capacidade de
aprender e uma sede de saber incomparável às dos nossos miúdos. Nunca
acham uma chatice fazer os trabalhos de casa. Ficaria feliz se lhes
pudesse pagar as melhores universidades do mundo. Está na mão deles
mudar o futuro do seu país. Neste momento, apesar de haver uma lei no
Gana contra o tráfico e a escravatura infantil, não há nem um pescador
que escraviza crianças ou um traficante na cadeia.
– Para si não chega ser apenas jornalista e reportar o que vê no terreno? –
Aprendi na faculdade essa coisa do jornalismo objetivo, mas não
concordo nada! Gosto do jornalismo que faz a diferença. Não sou nenhum
papagaio e não vou ao Gana onde há crianças escravas e depois venho para
casa e durmo da mesma maneira. Eu não sou essa pessoa! Quando as coisas
batem forte, tenho de ter um eco. Ninguém pode ficar indiferente àquela
realidade. Não há nenhum jornalista no mundo que visse o que vi e não
tentasse fazer qualquer coisa. Sou mãe, cidadã, jornalista e sou humana!
– O que é que o contacto com estas crianças mudou no seu mundo, Alexandra? –
Mudou tudo! Nem sei como explicar. A primeira mudança é interior,
porque quando pensamos que vamos dar qualquer coisa àquelas crianças,
quem recebe somos nós. Vim de lá virada do avesso. Hoje digo que não
tenho problemas, tenho contrariedades. Problemas é uma pessoa comer um
prato de mandioca e, se tiver doente, atirarem-na aos crocodilos. E com
3, 4 anos, as crianças não têm a mínima capacidade de se defender! Não é
fácil resgatar estes miúdos, mas muito mais difícil é resgatar depois a
criança que há dentro deles.
– Acredito que para conseguir estar tão envolvida nesta causa tenha de ter o total apoio do seu marido... –
Claro que sim! O meu marido apoia-me muito, mas mais na sombra. É a
pessoa que me dá os conselhos, que me ajudou com a ONG. Fui eu que
paguei o livro, é uma edição de autor, porque as editoras queriam roubar
estes miúdos! Tudo o que ganhar com o livro vai diretamente para esta
causa. E o Luís chegou-se ao pé de mim e disse que tinha dinheiro se eu
precisasse. Está sempre ali. Ajuda-me a localizar as pessoas, a
estabelecer relações... É um grande apoio para mim.
– E como é que envolve os seus filhos nesta realidade tão dura? – Para o ano, já desafiei o grupo que está a preparar a peça de teatro a ir fazer em agosto um workshop
no Gana. E o Tomás e o Vicente vão também. Os meus filhos sabem que
aqueles meninos fazem parte da nossa família. Sermos cada vez melhores e
pormos o que temos de bom ao serviço dos outros são atitudes que se
ensina. E é o que tento passar aos meus filhos. O Vicente e o Tomás
sempre ajudaram no Banco Alimentar, dão brinquedos... Isto faz parte da
nossa vida. Eles sabem que a mãe está muito ocupada, explico-lhes que
estou a fazer uma coisa que faz sentido e envolvo-os. Eles sabem o que
faço lá, vimos a reportagem juntos, mostro-lhes o livro...
Vamos resgatar sorrisos?
Associação Filhos do Coração angaria fundos para ajudar crianças do Gana.
No próximo dia 28 de maio, a Alfândega do Porto recebe a Gala Resgate Sorrisos, uma angariação de fundos que visa apoiar crianças escravas no Gana. Ao todo, já foram resgatadas 93 crianças, e os fundos têm como objetivo continuar a garantir a sua educação.
Organizada pela Associação Filhos do Coração, uma organização para o desenvolvimento criada em 2009 pela jornalista Alexandra Borges após uma reportagem sobre as crianças escravas do lago Volta, no Gana, a gala terá uma atuação ao vivo do artista plástico Diogo Navarro, uma exposição de obras de arte, um jantar, um leilão de arte solidário e um concerto de Mariza.
No jantar, os participantes encontrarão em cada mesa o nome e a história de uma criança resgatada. Uma das formas de contribuir será através da compra de mesas, a título individual ou empresarial, mas também mediante doações e a participação no leilão, onde serão licitadas obras de arte cocriadas pelas próprias crianças com Diogo Navarro e outros artistas plásticos portugueses.
always the years between us. always the years. always the love. always the hours.
Sinopse
O
filme, As Horas, baseia-se no livro de Michael Cunningham, que, por sua
vez, se inspirou no romance “Mrs. Dalloway” de Virginia Woolf. O enredo
trata da história de três mulheres que carregam em suas vidas muitos
sentimentos em comum, como a insatisfação e o fracasso.
São
retratos de vidas em épocas diferentes, que se entrelaçam através de um
livro, “Mrs. Dalloway”. É um filme de alma feminina, onde, nos
artifícios da trama, outras mulheres se reconhecem no drama existencial
de cada uma das personagens, humanizando assim o lado da ficção. Uma
mulher que gostaria de ser uma personagem de um romance, uma que o
escreve (a própria Virgínia Woolf), outra que o vive.
Acompanhamos,
dessa forma, um dia na vida dessas três mulheres. São três histórias em
espaços temporais distintos, mas intercaladas na narrativa. Virginia
Woolf é a escritora do livro, que afastada da vida agitada de Londres
por seu marido, a conselho médico, percebe-se a cada dia, mais infeliz e
amargurada. A mesma, é retratada na altura em que escreve o livro em
questão, onde seus conflitos internos são repassados para a obra,
inclusive o suicídio. A segunda mulher é Laura, dona de casa, esposa e
mãe. Laura encontra-se desesperada dentro de um casamento onde os
sentimentos são artificiais, pois embora viva num ambiente de
tranqüilidade e aparente felicidade, se sente vazia e cogita a morte
para escapar da realidade da sua vida medíocre; ela está a ler o livro
de Virgínia Woolf, o qual reforça sua idéia de evasão e suicídio. A
terceira é Clarissa, uma bem sucedida editora, mulhercosmopolita
do século XXI, vive um relacionamento lésbico de longa data e se
identifica paradoxalmente com Mrs. Dalloway. Tudo o que Clarissa deseja
no momento é que sua festa em comemoraçaõ a atribuição de um importante
prémio à obra poética de Richard, seu melhor amigo e ex-amante dê certo.
Richard encontra-se debilitado pela AIDS e vive fechado em um
apartamento frio e sujo. No meio dos preparativos, Clarissa pressente o
vazio daquela arrumação fútil e o peso das horas.
Uma das cenas
iniciais do filme mostra as três mulheres se levantando ao amanhecer,
concomitantemente, quando Virgínia escreve, Laura lê e Clarissa fala a
mesma frase: “acho que eu mesma vou comprar as flores”, e uma outra cena
onde vemos o suicídio de Virgínia, retratado de forma simbólica, mas
muito forte. Com isso, percebemos que “cria-se logo no início da
narrativa de Wollf, um paralelismo entre Celebração e desencanto, festa e
morte” (AZEREDO, 2004, p. 30).
O desespero das três mulheres vai
crescendo com o passar das horas, horas sempre iguais, horas sem
nenhuma esperança de mudança, sem nenhuma ansiedade, só a ansiedade
provocada pelo nada.Solidão, infelicidade,
doença, identidade e realização sexual (nas três tramas as personagens
beijam outra mulher na boca), e principalmente a morte.
As lutas
e sofrimentos vivenciados pelas três mulheres são universais. As
horas... os momentos... as decisões que tomamos. Talvez nos encontremos
nas situações extremas de cada uma das personagens; cada uma delas
lutando para dar um sentido à suas existências e ser simplesmente feliz.
Três mulheres presas no tempo e no espaço, nos seus próprios espaços,
nas suas vidas. Ao ser levantado o tema da morte, das escolhas, da
sexualidade, das decisões, vemos que as personagens descobrem que nem
sempre a vida é aquela que esperamos, nem sempre as horas são
diferentes. O que são essas horas até perceberem que as perderam para
sempre?
A emoção limite, que nos leva a tomar decisões e fazer escolhas que modificam a nossa vida para sempre.
Este é um dos filmes que não me canso de rever. A primeira vez foi numa aula de psicologia, quando fiz a minha licenciatura. Incrível como de cada vez que o revejo o olhar e as emoções são diferentes.
Aprendo sempre a conhecer-me e a conhecer o Outro. Debatemo-nos com tantas emoções e com tantas interrogações... o difícil é dar-lhes uma resposta frontal e seguir em frente mas há sempre um caminho ou vários...
... um desses caminhos, poderá ser o abstrairmo-nos de nós, do que nos preocupa, do que nos magoa, do que não conseguimos resolver, e embrenharmo-nos no que nos rodeia... a Natureza tem sempre algo de belo para nos presentear...
...a distância permite-nos "ver" as coisas mais claramente...