Violência Doméstica... Violência FamiliaR
A violência doméstica incide primordialmente sobre mulheres, os números são reveladores...
Apesar de sabermos que é praticada sobre ambos os sexos e em qualquer faixa etária salientando-se mulheres, crianças e idosos.
Falar sobre violência familiar, sobre violência doméstica, é doloroso mas necessário pois a cada segundo está a acontecer em qualquer lar, em qualquer lugar...
São demasiados casos, são demasiados os números...
Há leis que protegem as vítimas, há programas, existem gabinetes de apoio à vítima,existem alertas...
Mas os números continuam a aumentar...
Chego à conclusão de que o problema só pode ser resolvido através de um programa escolar que aborde a questão, que eduque para o AmoR... Incutir nas crianças o valor do AmoR em todas as suas manifestações... O Respeito pelo Outro, a Tolerância, a Liberdade, o Perdão...
A violência doméstica incide primordialmente sobre mulheres, os números são reveladores...
A minha homenagem ETERNA às MULHERES...
Calçada de Carriche
Luísa sobe, sobe a calçada, sobe e não pode que vai cansada. Sobe, Luísa, Luísa, sobe, sobe que sobe sobe a calçada. Saiu de casa de madrugada; regressa a casa é já noite fechada. Na mão grosseira, de pele queimada, leva a lancheira desengonçada. Anda, Luísa, Luísa, sobe, sobe que sobe, sobe a calçada. Luísa é nova, desenxovalhada, tem perna gorda, bem torneada. Ferve-lhe o sangue de afogueada; saltam-lhe os peitos na caminhada. Anda, Luísa. Luísa, sobe, sobe que sobe, sobe a calçada. Passam magalas, rapaziada, palpam-lhe as coxas não dá por nada. Anda, Luísa, Luísa, sobe, sobe que sobe, sobe a calçada. Chegou a casa não disse nada. Pegou na filha, deu-lhe a mamada; bebeu a sopa numa golada; lavou a loiça, varreu a escada; deu jeito à casa desarranjada; coseu a roupa já remendada; despiu-se à pressa, desinteressada; caiu na cama de uma assentada; chegou o homem, viu-a deitada; serviu-se dela, não deu por nada. Anda, Luísa. Luísa, sobe, sobe que sobe, sobe a calçada. Na manhã débil, sem alvorada, salta da cama, desembestada; puxa da filha, dá-lhe a mamada; veste-se à pressa, desengonçada; anda, ciranda, desaustinada; range o soalho a cada passada, salta para a rua, corre açodada, galga o passeio, desce o passeio, desce a calçada, chega à oficina à hora marcada, puxa que puxa, larga que larga, puxa que puxa, larga que larga, puxa que puxa, larga que larga, puxa que puxa, larga que larga; toca a sineta na hora aprazada, corre à cantina, volta à toada, puxa que puxa, larga que larga, puxa que puxa, larga que larga, puxa que puxa, larga que larga. Regressa a casa é já noite fechada. Luísa arqueja pela calçada. Anda, Luísa, Luísa, sobe, sobe que sobe, sobe a calçada, sobe que sobe, sobe a calçada, sobe que sobe, sobe a calçada. Anda, Luísa, Luísa, sobe, sobe que sobe, sobe a calçada. |
(António Gedeão)
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