domingo, 12 de dezembro de 2010

"Os teus erros como filho, são o meu fracasso como pai."





O filme "O Gladiador", foi o primeiro filme que vi ainda no cinema do Centro Comercial São Tiago, após a minha vinda para Castelo Branco, há já onze anos.
Esta frase "Os teus erros como filho, são o meu fracasso como pai", tem estado sempre presente na minha memória e relembro-a imensas vezes em várias situações da vida.

Ao correspondermos de forma positiva a todos os pedidos dos nossos filhos, não lhes estamos a incutir o sentido do esforço que é necessário fazer-se, ao longo da vida, para se atingirem Objectivos e, simultaneamente, estamos a retirar-lhes o prazer de Sonhar, de Lutar, de Competir, pelas coisas.

Para além disso, dedicar-lhes diariamente, nos primeiros anos de vida, momentos ricos em qualidade e transmitir-lhes bons valores é fundamental para o desenvolvimento harmonioso da personalidade.








quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

O Natal na minha meninice






Quando era criança, a época natalícia não era caracterizada por esta euforia actual. O tempo passava devagar e as noites, longas e frias, eram passadas à volta da lareira. A história do nascimento de Jesus, que os mais velhos contavam e nós ouvíamos, perdidos em imagens, preenchiam o nosso imaginário: o nascimento peculiar de Jesus, a doçura de Maria e a figura protectora de José. Tudo era mágico envolvido num mistério simples como simples era o nosso ser de CRIANÇAS.
Passei os meus melhores anos de meninice numa quinta enorme, aos meus olhos de criança, com imensas árvores e na companhia das minhas irmãs e dos meus pais. Os animais faziam parte do nosso quotidiano, talvez venha daí o meu amor pela natureza e pela simplicidade que encerra. As crias, que constantemente vinham ao mundo, eram o centro da nossa atenção e do nosso carinho.
Mas, continuando com as minhas recordações, o Natal era mágico mas simples. Simples a Ceia de Natal, com a família reunida à volta da mesa coroada de risos de criança. Simples a ida à Missa do Galo. E simples, e sem interrogações, era o beijar do Pezinho do Menino Jesus, o momento crucial e mais emocionante de toda a Cerimónia.
Antes de regressarmos a Casa, admirávamos a Fogueira do Natal e aquecíamos o corpo porque a alma estava em êxtase. Não compreendíamos, na sua profundidade, tudo o que se passava dada a nossa curta idade, sabíamos apenas que eram momentos de Respeito e de Paz.
Em casa não havia Árvore de Natal. Não fazia ainda parte dos costumes da minha família. Só anos mais tarde foi adquirido esse hábito com a vinda da televisão e de todos os modernismos que se lhe seguiram. Também não havia Pai Natal. Quem, durante a noite, nos trazia os presentes era o Menino Jesus. Como era lindo o Menino Jesus que habitava no nosso imaginário! Loiro, de olhos azuis e de pele rosada, vestido de vaporosas vestes mas sem frio algum! Antes de nos deitarmos íamos "pôr o Sapatinho". Momento lindo! Cada uma de nós colocava um sapatinho à volta da lareira porque o Menino Jesus iria descer pela chaminé e colocar as prendas, tão esperadas, dentro dos sapatinhos. Escusado será dizer que nessa noite mal dormíamos devido à expectativa. Os nossos risos animavam a noite até que o cansaço nos vencia e adormecíamos com a mesma doçura do Menino Jesus estampada no rosto. Mal amanhecia, o corredor era animado pelo som dos nossos pézinhos descalços sobre o soalho limpo de madeira, em correria, até à bendita lareira... Surpresa das surpresas...nas cinzas apagadas as marcas da visita do nosso AMIGO JESUS!!! Abençoada Mãe Tomázia entre todas as Mães! Abençoado amor incondicional de Mãe! Abençoadas todas as Mães do Mundo! Pela madrugada, tinha desenhado na cinza fria da lareira os pezinhos de Jesus, alimentando o nosso imaginário e o nosso amor! Pegadas marcadas na nossa memória até hoje... Querida Mãe! Dos presentes não guardo recordação mas aqueles Pézinhos marcados na cinza continuam vivos até hoje.

Um Natal Feliz para todos nós!



quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Exposição Colectiva na Sala da Nora





Hoje, fui visitar a nova exposição que se encontra na sala da Nora, no Cine -Teatro da nossa cidade.

A Artzine apresenta esta exposição intitulada "Pintura" com obras recentes de vários autores: Carlos Farinha, Eduardo Nunes, Ilídio Salteiro, Gilberto Gaspar, Luís Herberto, Mário Vitória, David Rosado e Pedro Pascoinho.

Pintura essencialmente a óleo sobre tela mas também, numa composição interessante, óleo sobre tecido.

Obras maravilhosas que podemos visitar até ao dia 23 de Dezembro.


sábado, 4 de dezembro de 2010

Vitor Marques , "O Amor é uma Árvore de Folha Caduca"

"O Amor é uma Árvore de Folha Caduca"





“Eu não conseguiria personificar melhor o amor que através desta árvore, que se despe a cada Outono, para se revestir de vaidade a cada Primavera que chega. O meu amor também era assim. A cada despedida tua o meu coração ficava despido. A cada teu regresso ele se envaidecia e preenchia de tonalidades fortes de deslumbramento. Mesmo sabendo que esse ciclo repetido e incontornável continuará a debater-se sobre mim, omnipresente sombra do meu destino.” (O Amor é uma Árvore de Folha Caduca)




Ler o livro do Vitor, " O Amor é uma Árvore de Folha Caduca", foi um prazer. Contos feitos de palavras leves descrevem sentimentos e situações marcantes da vida que poderiam acontecer na vida de qualquer um.


As palavras ficam, para sempre, retidas nas folhas de papel de um Livro, daí eu os guardar com devoção para os poder ler e reler sempre que tenha necessidade.
A cada vez que os leio, as sensações e as imagens são diferentes. A imaginação constrói e reconstrói de acordo com o nosso desenvolvimento e com o nosso estado emocional.
Adoro ler... com liberdade para criar o meu próprio "filme" .
Obrigada, Vitor, pelas sensações que as tuas palavras despertaram e pelas imagens que originaram.



"Não consigo continuar com este sentimento de alternância anunciada. Estou desacreditado em ti e em mim. Em nós, e naquilo que representamos e preenchemos na nossa vida. Sabes bem que não vivo sem ti. Daí saberes que me roubas mais um pouco de luz cada vez que partes sem avisar. O mal que me fazes pela tua ausência ameaça ser maior que o bem que me ofereces quando estás. Chamo-lhe uma ponte insustentável, que quebra mais um pouco a cada passagem. Algum dia ruirá e desmoronar-se-á sobre o rio com tal gravidade que os despojos dessa mesma ponte aí permanecerão cravados na corrente turva e palpitante. Esse dia poderá ser hoje. "(O Amor é uma Árvore de Folha Caduca)





AMAR

Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: aqui... além...
Mais este e aquele, o outro e a toda gente...
Amar! Amar! E não amar ninguém!

Recordar? Esquecer? Indiferente!...
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disse que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!

Há uma primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar.

E se um dia hei de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que eu saiba me perder... pra me encontrar...
(Florbela Espanca)