sexta-feira, 19 de dezembro de 2025

As minhas irmãs, o meu irmão e... eu

 A VidA,,,



Luzita, a mais velha


Luzita, querida Luzita


lembro-me de ti, desde sempre... As memórias mais antigas, as que recordo, ficaram marcadas porque resultaram de algum acontecimento mais impactante do que a normalidade do decorrer dos dias.


A memória mais antiga é a de te ouvir a chorar, com uma das nossas irmãs, sentadas à volta duma  braseira na sala, a ouvir a radionovela... será real esta recordação? Tem de ser senão como se formou na minha cabeça?

Depois é a do teu namoro nas escadas da nossa casa no Chão da Bica... ficávamos à espreita e a sussurrar e a rir e a provocar na janela da sala, na nossa ingenuidade - para nós era um acontecimento porque nunca tínhamos vivido um namoro na família.

O dia do teu casamento, tu com dezoito anos e eu com sete. Recordo-me da emoção dos preparativos, da tua felicidade, de ti a arranjares-te para a cerimónia,,, da malha caída nas meias de vidro da tua madrinha o que a deixou tão aborrecida, do banquete ao ar livre em mesas corridas, da nossa alegria, das nossas correrias,,, Lembro-me da Mãe e do Pai... lembro de tudo até do menos bom... mas isso é só para nós... 

Lembro-me do nascimento da Belinha, a tua primeira filha e a minha primeira sobrinha... A nossa espera no quarto do meio, o som dos passos apressados no corredor e o primeiro choro... Recordo tão bem o primeiro choro. A Belinha veio ao mundo na nossa casa.

Posteriormente, recordo o nascimento do Joaozinho na tua casa do Caldeira, sempre tão limpinha a cheirar a lavado...

Gostava tanto de lá ir visitar-vos. Casa cheia de luz,,, casa de cheiros que não esqueço.

Mais tarde, recordo-me do Chico a ensinar-te a andar de bicicleta, na Praça da Vila...

Há coisas que recordo mas que me fazem alguma confusão,,, 

1ª. É verdade que misturavam açúcar em água para fazer uma espécie de laca para o cabelo ou é fruto da minha imaginação?

Contigo aprendi a pensar duas vezes antes de tomar uma decisão,,, a ser realista pois a cada decisão seguem-se as consequências...

Aprendi a importância da arrumação.

Nunca te bastou a vida sempre igual... aprendeste a fazer camisolas nas máquinas,,, camisolas sempre perfeitas,,, desenvolveste novas amizades... eras dinâmica, e continuas a ser,,,

Admiro-te pela não desistência sempre aberta a novos desafios,,,

Foste mais uma vez mãe. Nasceu o Nuno Miguel, penso que ja tinhas a tua casa na Vila.

Admiro-te porque és uma sobrevivente da dor,,, a tua dor que sempre foi a nossa dor,,, recriaste-te, tal  Fênix, depois de atravessares calvários... esse também é um ensinamento.

Foste a minha madrinha de casamento... esse dia tão esperado de branco perfeito no meu querer...

 Foste a madrinha dos escoteiros do meu João,,, estavas tão orgulhosa e linda na Igreja de Belmonte...

Recordo a tua alegria a ver a satisfação do Bernardo a comer camarão na tua casa,,, Os teus convites porque sabias o que os meus filhos adoravam  comer o teu camarão.

Obrigada por tudo Luzita!


Sãozinha, a segunda mais velha

Lembro-me de ti, Sãozinha, linda, de cabelo loiro lisinho, das tuas calças à boca-de-sino,,, dos teus vestidos diferentes, dos teus casacos e gabardines...

Lembro-me da tua ausência desde muito cedo na minha meninice,,, começaste a trabalhar muito nova, primeiro perto da Covilhã, Gouveia, depois em Castelo Branco...

Sempre preocupada com as mais novas, eu, a Terezinha e a Cila,,, sempre a tentares melhorar a nossa vidinha.

Os convites para uma semana na tua casa, nas férias do verão, para podermos usufruir da piscina pertinho da tua casa.

Fazias-nos lanches para lá passarmos o dia. O Hugo e o Rui Paulo pequeninos...

Oferecias-nos tshirts lindas, anéis e outras coisinhas na nossa adolescência...

Contigo aprendi a respeitar formas de estar diferentes, ainda que nunca to tenha dito. Foram frases tuas que fui retendo e que fui analisando com o tempo e me ajudaram a construir a minha personalidade.

As tuas idas à Vila, nos fins de semana,,, fazeres crochê  pela noite, por vezes à janela, quando dormir era impossível...

Sempre tão aplicada, estudaste sempre,,, sempre quiseste ir mais além,,, sempre nos motivaste para irmos mais além,,,

Construiste a tua vida,,, nunca baixaste os braços.

E nasceram os teus meninos, o Hugo Daniel e o Rui Paulo.

Trabalhadora, inteligente,,, amiga da Mãe... e trago-te no meu coração porque sei que foste privada de nós muito novinha,,,a avó Ana exigia a tua companhia na casa da Barroca. Penso como deveria ter sido difícil para ti...

Agradeço-te por tantas coisas que não vou referir aqui mas que não esqueço.

Obrigada Sáozinha!


Nélita, a terceira mais velha

O que melhor recordo era a tua coragem para enfrentar perigos, a tua ânsia de liberdade, as tuas revoltas perante certas coisas na nossa vida.

Lembro-me das calças de ganga que o pai te comprava no Fundão.

Lembro-me de ti a galopar na tua égua.

Lembro-me de ti a andar de mota, como nunca tinha visto outra rapariga a andar de mota.

Lembro-me de ti quando não cumprias os pedidos da mãe e do pai.

Sempre te vi com esse desejo de liberdade em muitos gestos, palavras, atitudes.

Corajosa e rebelde são palavras que te definem.

Lembro-me do dia do teu casamento, tão linda, com o chapéu branco. Nunca tinha visto uma noiva assim.

Lembro-me dos teus braços arranhados devido a uma queda  na mota, na semana anterior ao casamento.

Depois são tantos acontecimentos que não cabem aqui mas que ficam registados nas nossas memórias.

Os teus filhos, a Sandra e o Miguel, que amamos desde pequeninos.

A tua alegria, a palavra sempre a aflorar.

Não gostas de "prisões", nunca gostaste.


Terezinha, querida Terezinha

A minha companheira de cama e da escola primária

Sempre foste de poucas palavra mas rigorosa. Brincávamos e trabalhávamos juntas nos trabalhos que o pai determinava. Faziamos muitas traquinices juntas no Chão da Bica com os cães, os gatos, os patos e os pintainhos. A nossa infância foi divertida no Chão da Bica. O baloiço na figueira. Trepar a amoreira e pintarmos o corpo como nos apetecia e depois íamos para o tanque de água fresca lavar-nos. Comer cerejas, figos, maçãs, peras, ginjas... tudo subindo ás respetivas árvores. Eramos umas marias rapazes. Andavamos sempre a brincar e era absorvente porque me lemro de que quando tinhamos fome iamos numa correria a casa buscar pão.

(a continuar...)

terça-feira, 15 de abril de 2025

Sentir

 


Pinturas a acrílico sobre tela de Jéssica Rebordão 

💛💛💛

"A Arte existe porque a VidA não basta"

"É criar o que não existe antes"

https://www.facebook.com/share/r/15xtje5M7g/

🌻🌻🌻

A Arte...

Não o amorfismo, o repetitivo...

Não a cópia do Outro.

A Arte nunca será repetição ou cópia e tem de nos comover de alguma forma. A Arte apela aos nossos sentidos.

🌻🌻🌻

Óbvio que custa a entender para quem olha qualquer trabalho e apenas consegue ver se é feio ou bonito. Nunca sentiu o estremecimento que nos chega ao admirar uma tela específica, ou ouvir uma determinada Ópera... Ou, ou...

Digo eu.

Mas quem sou eu? 

🌻🌻🌻



segunda-feira, 14 de abril de 2025

Exposição de João Leitão

 Na Sala da Nora

Em Castelo Branco 

Sob o Céu,

Olhares

Do artista plástico 

João Leitão 




















   Impressionista,

Sobretudo.

Método, técnica, saber e sentir.

São lindas as telas que nos transportam a outras esferas sensoriais.

Paisagens bucólicas que trazem a nostalgia dos tempos mais simples e à  harmonia entre o Ser e a Natureza.

Gostei muito, João Leitão. 


A visitar até 27 de abril
De quarta a domingo
Das 14 às 19 horas


João Leitão com a minha irmã, Maria.





quinta-feira, 10 de abril de 2025

O que não é...


 Li numa pagina online, dum jornal local, que uma artista plástica  vai expor algumas obras, a convite, ao Dubai. Não especificando qual a entidade que dirigiu o convite à artista. Fica a sensação que foi a entidade promotora do evento a enviar tal convite. 

Mas, segundo consta, foi a Fábrica da Criatividade a selecionar o artista que será representativo e  apoiado.

No meu entender, a Fábrica da Criatividade deveria ser um prolongamento da Escola Superior de Artes e dos Cursos de Arte (ou  jovens e menos jovens com um talento específico) como forma de promover e de os apoiar  e, ainda, de dinamizar a Arte entre eles, durante um período de tempo específico. 

Não esta dependência de quem já se encontra lançado no mercado.

Os organismos ou associações  que funcionam graças a subsídios publicos deveriam  honrar a utilidade que está na génese da sua criação. Há uns anos li os estatutos e as regras e fiquei com uma ideia totalmente diferente do que se pratica na realidade.

Somos levados ao engano de muitas formas. Tudo é política e tudo serve para fazer política. 

O rei continua a seguir nu.

🌻🌻🌻

Se estou errada, alguém me corrija. Por favor.

Aos 62 anos de idade continuo AmAr aprender e com os sentidos bem despertos.

🌻🌻🌻

sexta-feira, 4 de abril de 2025

Vazio



Ontem vi a série tão falada, Adolescência.

Preferia não ter tomado a decisão de ver.

Ficou um vazio até hoje por preencher.

São tantos os desafios surreais nesta sociedade de consumo que encurrala os jovens num mundo paralelo, incompreensível.

Para além dos problemas  identificados, diariamente, os pais espelham nos filhos a utilização desnecessária e vazia do uso do telemóvel.  Os filhos lêem o que os pais publicam e os conteúdos e respostas que emitem. Nas redes sociais, tudo é tema para nada com sentido. Quer o tema em si quer as respostas sem substância perante o assunto, a interrogação ou o que seja. Parece que as redes sociais estão infetadas por seitas autênticas que nem pensam nem concretizam. Endeusam a pessoa que seguem e defendem-na  com vocabulário  agressivo quem apenas busca  respostas. 
Perdemos a lucidez?!
Os valores que nos caracterizavam como povo estarão a ser postos em causa?!
Sei que abril ainda é recente mas foi para este vazio de respeito e de amor ao próximo e concretização da democracia que abril sonhou?!
Nós (pais, família,educadores) lançamos e iniciamos os jovens nesta confusão e não os protegemos.
Na minha infância e numa aldeia como a minha, qualquer Mãe protegia todas as crianças porque ser Mãe era ser Maria.
Hoje tudo se perdeu.


quinta-feira, 3 de abril de 2025

Dia de campo

 Manhã passada a cuidar do "gado": 2 patos e 6 galinhas e a Bikas, a cadelinha emprestada. 

E que bem se estava no campo.

🌻🌻🌻

Cansada mas FeliZ!

🌻🌻🌻