segunda-feira, 7 de maio de 2012

O Dia da MÃE...


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Ontem foi o Dia da Mãe!!!
Dia lindo no Coração...
Dizem muitos que é um dia como os outros...
Então porque este sorriso no rosto o dia todo?!
Porque havemos de pensar e comentar só os males que assolam o mundo?
Porque não viver um dia o momento que dá a VIDA à vida?
Ser Mãe é o mais belo de todos!
Mãe e Pai...
Pai e Mãe...
Simbiose perfeita que resulta em vida nova...
Pois... sei que nem tudo é perfeito.
Sei que há filhos que não nascem dum ato de amor...
Sei que há casais que optam por se separar...
Sei que há filhos que não estimam os pais...
Sei que há pais que não orientam os filhos...
Mas, ser mãe é sempre uma ligação única e eterna...
Aqui fica o meu amor pela minha mãe...
Num tempo em que, também, a vida não era fácil...
Em que as lágrimas corriam, também muitas vezes, em silêncio pelo rosto...
Num tempo em que, também, nem tudo era perfeito...
E ELA sempre teve um corpo só de coração...
Um corpo pleno de amor que transbordava em lágrimas e sorrisos...
Hoje sou mãe...
Aqui fica o meu amor pelos meus filhos...
Nem tudo são rosas... mas em tempo algum tudo foram rosas...
Obrigada à vida por tudo o que nos dá!
(Celeste Rebordão)




Poema à Mãe

No mais fundo de ti,

eu sei que traí, mãe

Tudo porque já não sou

o retrato adormecido
no fundo dos teus olhos.

Tudo porque tu ignoras

que há leitos onde o frio não se demora
e noites rumorosas de águas matinais.

Por isso, às vezes, as palavras que te digo

são duras, mãe,
e o nosso amor é infeliz.

Tudo porque perdi as rosas brancas

que apertava junto ao coração
no retrato da moldura.

Se soubesses como ainda amo as rosas,

talvez não enchesses as horas de pesadelos.

Mas tu esqueceste muita coisa;

esqueceste que as minhas pernas cresceram,
que todo o meu corpo cresceu,
e até o meu coração
ficou enorme, mãe!

Olha — queres ouvir-me? —

às vezes ainda sou o menino
que adormeceu nos teus olhos;

ainda aperto contra o coração

rosas tão brancas
como as que tens na moldura;

ainda oiço a tua voz:

Era uma vez uma princesa
no meio de um laranjal...

Mas — tu sabes — a noite é enorme,

e todo o meu corpo cresceu.
Eu saí da moldura,
dei às aves os meus olhos a beber,

Não me esqueci de nada, mãe.

Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo-te as rosas.

Boa noite. Eu vou com as aves.


(Eugénio de Andrade, in "Os Amantes Sem Dinheiro")





Também eu, também eu,
joguei às escondidas, fiz baloiços,
tive bolas, berlindes, papagaios,
automóveis de corda, cavalinhos...

Depois cresci,
tornei-me do tamanho que hoje tenho.
Os brinquedos perdi-os, os meus bibes
deixaram de servir-me.
Mas nem tudo se foi:
ficou-me,
dos tempos de menino,
esta alegria ingénua
perante as coisas novas
e esta vontade de brincar.
Vida!
não me venhas roubar o meu tesoiro:
não te importes que eu ria,
que eu salte como dantes.
E se riscar os muros
ou quebrar algum vidro
ralha, ralha comigo, mas de manso...

(Eu tinha um bibe azul...
Tinha berlindes,
tinha bolas, cavalos, papagaios...

A minha Mãe ralhava assim como quem beija...
E quantas vezes eu, só pra ouvi-la
ralhar, parti os vidros da janela
e desenhei bonecos na parede...)

Vida!, ralha também,
ralha, se eu te fizer maldades, mas de manso,
como se fosse ainda a minha Mãe...

(Sebastião da Gama)